Fala galera, sou o Bruno Mendonça e aqui estou eu novamente para a segunda parte (leia e/ou relembre a primeira parte) dessa história com lágrimas e sorrisos (mais um do que o outro) e como nos comentários o pessoal disse que ficou meio curto vou falar a história até os dias atuais e pedir a paciência para o terceiro, já que nem eu sei ainda o que está por vir.
Alguns ficaram pedindo mais informações da Saveiro e se perguntando se ela andava bem e posso confirmar, sim, para um carro de 17 anos cumpria muito bem o papel de ser divertida. Ela tinha um 0-100 de 9 segundos e uma final acima dos 200, já que eu nunca fui além disso, mas ainda tinha fôlego pra empurrar e ao contrário do que falam de colocar um saco de cimento na caçamba para melhorar as curvas nunca precisei fazer isso, a suspensão original com as rodas 17 com pneus 215/45 fazia dela um carro confiável, seguro e, além de tudo, instigante a cada pisada para ouvir o ronco grave do 2.0 com o escape sem o catalisador.
E aproveitando o começo também para explicar uma coisa que muitos sabem mas alguns tem preconceito com a Fiat: o carro não é bomba, eu não comprei o carro zero km e estou com ele desde o plástico, eu apenas peguei um exemplar maltratado pelo último dono e isso aconteceria em qualquer carro. Me aconselhar a vender o carro nessa altura do campeonato é meio inútil mas agradeço o comentário de qualquer forma.
Antes de dar continuidade pensei em colocar uma lista com a potência média de cada setup com o acerto do Overspeed. Lembrando que o original vem com 152cv e 21,1kgfm de torque no motor.
Estágio 01: Remap Gasolina comum – rende 180cv e 30kgfm;
Estágio 02: Remap Gasolina Podium e Downpipe – rende 193cv e 33kgfm;
A partir daqui são todos setups com Etanol comum:
Estágio 02: Remap, Downpipe e bicos 42lbs – rende 210cv e 39kgfm;
Estágio 03: Remap, DP, Bicos 60lbs e Turbina Garret 1446 – rende 250cv e 43kgfm;
Estágio 03: Remap, DP, Bicos 60lbs e Turbina K14, Copa Linea ou MP 444-1 – rende de 270 a 320cv e 44kgfm, de acordo com a coragem do dono;
Estágio 03: Remap, DP, Bicos 65lbs, Turbina K16, pistões forjados – rende de 320cv e 46kgfm.
Basicamente falando, o motor T-Jet aguenta cerca de 300 cv com miolo original, tem alguns casos de vazar água mas um jogo de prisioneiros resolve.
Voltando ao motivo de eu estar escrevendo a vocês, quando fiz o test do T-Jet ele enchia a turbina em quase todas as puxadas, mas como carro de loja só anda no cheiro passamos no posto e coloquei R$ 20 de gasolina aditivada (quero que guardem esse trecho do começo do parágrafo, pois vou falar dele daqui a pouco) e voltei feliz da vida pra casa, tinha vendido a Saveiro e já fui no outro dia dar entrada e fazer a parte mais chata burocrática de ter um carro: os documentos.
A loja tinha mandado o carro para uma higienização completa (essa loja fazia isso em qualquer carro que eles comprarem, independente do ano) e fiquei dois dias sem dormir esperando o carro ficar pronto e acabei pegando o carro no lava rápido de tão ansioso que eu estava e logo vi o primeiro “defeito”: um pneu estava com a banda rasgada e não segurava pressão. Eu sempre tinha que calibrar. Como eu tinha acabado de comprar o carro ia deixar para depois.
Eu passando uma vez a cada hora na frente do lava rápido esperando ficar pronto
Na parte de baixo do pneu da pra ver o descascado
Como o carro parou de encher a turbina, voltei à loja e eles indicaram eu ir a uma oficina de preparação para descobrir o problema. Se fosse coberto pela garantia eles pagariam. Então fui a uma das oficinas que me deram um dos orçamentos do primeiro post e descobri outra coisa: eles endeusam o AP e falaram que os T-Jets não são carros para se preparar e que era melhor eu devolver o carro pra loja pois era bomba.
Isso mesmo. Nem orçaram e já condenaram o carro apenas de olhar o capô aberto e (acredito eu), como não viram algo conhecido, disseram que não presta. Como eu conhecia o tipo de serviço deles, filtrei o que realmente importava e voltei à loja dizendo que eles não mexiam nesse tipo de carro. Foi quando me indicaram o tal preparador de turbo que citei no post anterior.
Deixei o carro na loja e esperei dois dias para eles me devolverem. Gastaram certa de R$ 900 com algumas mangueiras na pressurização trocadas e então o carro enchia a turbina e… só. Exatamente isso, ele enchia tanto que, depois que coloquei o filtro esportivo dava pra ouvir o rotor da caixa fria dando o máximo dele e o carro não passava de 3.000 rpm. Nesse dia fiquei tentado em devolver o carro mas decidi ir em frente. Depois de uns 15 minutos voltei à loja explicando o que acontecia. Me falaram para eu levar diretamente à oficina e explicar o problema. Então esperei aparecer uma brecha para levar o carro e continuei rodando sem poder acelerar.
Como eu já tinha decidido ficar com o carro, coloquei lâmpadas de xenônio de 6.4k e coloquei pingos de LED na lanterna. Também comprei os adesivos das laterais e infelizmente veio errado duas vezes. Fiquei de comprar de novo e estou até hoje com o errado.
Eu colocando com a ajuda do meu Pai
Também fiz o escape com quatro ponteiras que eu tanto queria mas não achava nenhuma foto pra usar de referência, apenas os carros montados. Então resolvi fazer por conta própria e fui em um funileiro bom que eu conheci na época da Saveiro para cortar o meu para-choque. Fiz em uma loja de escapes aqui no centro de São Bernardo. Como o carro estava no alto aproveitei para por o front lip — que ficou um bom tempo lá mas começou a soltar de tanto pegar na rampa da garagem. Até hoje não recoloquei, mas tenho um plano para não cair mais. O resultado do escape, visualmente, me agradou bastante, mas com o abafador intermediário grande original e o catalisador, o ronco não ficava alto e encorpado como eu gostaria.
Marcação para deixar o visual o mais limpo possível
A imagem do escape montado para quem quiser fazer essa loucura
Melhor foto que eu tinha com o front lip instalado
Certo dia, voltando do serviço num domingo de manhã (por sorte) faltando alguns minutos para chegar em casa o carro simplesmente decidiu rodar na curva. O asfalto estava um pouco molhado mas eu não estava acelerando, afinal, eu tinha um material frágil e não tinha como andar forte sem quebrar. O carro saiu, tentei jogar de volta e acelerar mas a turbina não acordou no domingo e o carro puxou a traseira para a parede. Sem acelerar parei muito perto de bater a lateral. Parei de rodar na contramão da avenida que, por ser domingo, estava vazia. Chegando em casa fui procurar pneus, mesmo que usados, para trocar esses suicidas e encontrei um jogo de Yokohama Advan A10 por R$ 350,00, porém riscados. Qualquer um seria melhor do que os “slicks descascados” que eu estava usando. Comprei eles e busquei no mesmo dia os pneus e um de rodas aro 17 pro Golf que o meu primo tinha na época.
Acho que se fossemos parados pela polícia perderíamos algum tempo explicando a história
Os dois carros montados
Voltando de um dia de futebol com o carro cheio, o para-choque acabou pegando na calçada e arrebentando um lado. O melhor jeito que eu encontrei de arrumar foi furando a lata e parafusando uma chapa, deixando o plástico do para-choque no meio da chapa e da lata do carro. Até agora não soltou mais.
Só que… ao consertar o para-choque, descobri que meu carro tinha três trincas no eixo traseiro, e por isso um lado do para-choque ficava mais perto do que o outro. Como meu carro estava incluído no recall, deixei dois dias na Fiat e ele voltou com um eixo novo em folha do Linea. Se você não sebe, os eixos dos Punto T-Jet são oriundos do Linea, que tem freio a disco na traseira de série em todas as versões e o Punto só oferecia o disco na T-Jet. Depois disso não tive mais problemas com esse lado do para-choque.
Amarrado a caminho do funileiro
Eixo já quebrado
Voltando ao assunto turbina, eu voltando de São Paulo pela Anchieta e o carro acendeu a luz da injeção com a famosa frase “Mandar controlar o motor “. Decidi ir direto ao mecânico que trocou as mangueiras pela loja e o sensor acusou duas peças com avaria: blow by e a eletroválvula da turbina. Ele me disse para comprar as peças e marcar um dia para fazer a troca.
Fui na Fiat comprar as peças e em um primeiro momento deu R$ 1.210 as duas. Depois de muito chorar e abrir o Mercado Livre na frente do vendedor mostrando as mesmas peças (a blowby nova e a eletroválvula usada) consegui abaixar para exatos R$ 900. Paguei e esperei uma semana para chegar e achei rápido a entrega e como já estava esperando aproveitei para comprar o downpipe para resolver o problema do ronco e os bicos Green Giants de 42lbs para já aproveitar e marcar o remap para o álcool.
A eletroválvula
Downpipe, tanque de partida a frio, intake e outras bagunças do meu antigo quarto
Quando tudo estava em mãos marquei para fazer as trocas mas depois de três semanas ouvindo desculpas, cansei de esperar e levei para montar em uma outra oficina. Eles montaram no mesmo dia e senti uma boa melhorada no ronco. Ficou agradável de escutar dentro do carro e fora ficou bem encorpado. Acabei não montando os bicos na hora pois não sabia se o carro ia mudar. Ainda bem que fiz isso pois continuou a mesma coisa.
Já que não iria usar o defletor original coloquei uma manta térmica no Downpipe. Se você tem alguma dúvida sobre essa manta tem alguns tópicos aqui no Flatout explicando a função dela e como ela age
Rodei mais uma semana e no dia 26/08/2017 me aconteceu da primeira quebra do carro, aquela última foto do primeiro post foi na hora que o relógio do guincho encontrou com o meu, o deles deu 15 minutos e o meu uma hora e meia de espera.
Parece que eu estava adivinhando, essa foi a última foto que tirei dele andando
Como era um sábado, a oficina onde eu tinha trocado as peças ainda estava aberta e então deixei lá. Marquei de voltar na segunda e fui pro compromisso com o Palio da minha mãe que me salvou várias vezes depois dessa. Na segunda eu tinha uma visita de trabalho e então cheguei na oficina por volta do meio dia. Eles falaram que testaram compressão, ponto e estava tudo certo e só poderia ser TBI. E então chamaram um parceiro da oficina para fazer os testes eletrônicos e depois de algum tempo com o carro ligado, o scanner acusou sensor de detonação.
No mesmo dia fui na mesma concessionária e paguei R$ 200 pela peça e descobri que as outras peças que demoraram uma semana realmente chegaram rápido, quando fez 10 dias o dono da oficina já estava me cobrando para tirar o carro, já que ele não ligava e estava atrapalhando a oficina. Corri e comprei a peça em um desmanche por R$ 80 (que não resolveu meu problema) e acabei levando o carro em uma outra oficina para descobrir o que estava acontecendo. No outro dia me ligaram falando que o cabeçote tinha perdido compressão e que teria que mandar para retífica. Uma semana depois o sensor de detonação que eu comprei na Fiat chegou e como eu não precisava mais e eles não devolviam o dinheiro eu acabei colocando mais R$ 60 e peguei uns parafusos antifurto.
Código do erro no sensor de detonação
Como era um problema mecânico fui à loja, porém já tinha estourado o prazo da garantia mas o carro tinha quebrado antes. Só não fui antes pois pensei ser um problema eletroeletrônico e que já que a garantia só cobria motor e câmbio tentei resolver até onde eu conseguiria. Expliquei a situação e eles confiaram em mim e marcaram de eu levar no mesmo mecânico que tinha trocado as mangueiras no começo e nunca tinha vaga pra trocar aquelas peças de antes.
Três semanas depois meu carro ainda estava em casa, sujo, sem bateria, realmente abandonado, fui na loja e o gerente disse que pensava que o carro estava pronto e se assustou por ainda não ter me atendido e me deu mais uma semana. Se ele não pegasse, levaria em outro. Uma semana depois acabaram levando em um outro mecânico deles e ficou mais duas semanas parado, passei meu aniversário sem o carro e peguei ele no dia 08/11/2017.
Sim: fiquei quase 80 dias sem o carro por causa do mecânico do antigo dono. Os T-Jet têm um problema que eu, particularmente eu, considero crônico (dei ênfase no “eu” pois já briguei em um grupo de Whatsapp de T-Jets sobre esse tema e então cada um tem uma opinião formada sobre o assunto). Esse tal problema faz com que uma chaveta da polia do virabrequim quebre por falta de aperto, mas a falha no aperto é correspondente à Fiat por falar um torque de aperto menor do que realmente precisa e acaba quebrando a chaveta. Deve ter acontecido exatamente isso com o outro dono e quando o mecânico dele foi montar apertou muito bem a de baixo mas esqueceu a polia do comando de válvulas que funciona como “polia louca” e agindo diretamente em cima do empenamento das válvulas.
Finalmente com o carro rodando mas ainda o problema de não encher a turbina ainda me assombrava. Com o carro parado quase três meses juntei algumas peças para eu colocar como uma multimídia 2 DIN. Quem tem o Punto e Linea de 2008 a 2012 tem que comprar uma moldura para colocar ou ter sangue frio para cortar a moldura original para colocar ele. Dessa vez preferi comprar uma moldura pronta para instalar o rádio, coloquei tapetes personalizados, todos os emblemas da Fiat em black piano e rodei alguns dias.
Particularmente eu acho que casou muito bem com o painel
Um dia eu estava voltando de um shopping em Santo André por volta das 23:30 e o tanque estava muito na reserva. Geralmente eu não ando assim mas como eu estava a só esperando arrumar o problema da turbina para fazer o remap acabei mantendo o carro à base da autonomia. Entrei no primeiro posto e ele tinha fechado. Como não conhecia bem o caminho estava no GPS, acabei achando um posto sem bandeira e pedi pra colocar 5 litros de aditivada mas o posto não tinha. Olhei para o marcador do tanque, calculei a distância no GPS e logo vi que eu não chegaria. Então acabei colocando 5 litros de gasolina comum, contrariado pois desde o Test Drive do carro eu só havia colocado gasolina aditivada (por isso pedi para vocês lembrarem lá do começo que quando testei o carro enchia turbina em quase todas as puxadas e depois nunca mais encheu).
Fui pra casa e depois de uns 10km o carro começou a encher, sem avisar. Percebi na subida de casa que eu colocava segunda no começo e pisava até o fim e como de costume. Fiz a mesma coisa, mas dessa vez o carro destracionou, jogando os 152 cv no chão de uma forma que eu não esperava. Abri um sorriso grande e da porta de casa demorei uns 15 minutos para guardar o carro. Só guardei porque estava na reserva.
Bom, galera hoje paro por aqui, quando eu falei no primeiro post que iria contar a história completa do carro até hoje eu não contava que ia bater 5.000 palavras. Mas o terceiro texto realmente vai deixar vocês alinhados com o carro hoje, e com o futuro do carro comigo. Obrigado e até a próxima!
Por Bruno Rocha, Project Cars #459