Olá, galera! Depois da minha apresentação é hora de falar do Kaveirinha. Antes disso, peço desculpas àqueles que acham que falei pouco sobre o projeto, mas foi proposital porque queria voltar todo o foco para o carro nesse segundo post.
O objetivo como dito anteriormente é ter um kart de rua, o que coloca o projeto sobre os seguintes pilares: rigidez torcional ajustada para um melhor trabalho do conjunto de suspensão; potência moderada para um bom controle (afinal quem vai estar atrás do volante não tem os paranauê das pistas); e boa distribuição de massa para ajudar no equilíbrio geral do veículo. Tudo mantendo a legalidade ou possibilidade de legalização das modificações.
Lançadas as fundações, comecei o trabalho de pesquisa e aquisição de peças.
SUSPENSÃO
As primeiras a chegar foram as molas Eibach. Elas são da linha Pro Kit, um pouco mais macias que a linha Sport (e ainda assim têm bastante carga). Elas serão combinadas a um kit de amortecedores Koni modelo STR.T.
Somente com a instalação das molas já houve uma melhora sensível na tomada das curvas, rolagem da carroceria e estabilidade direcional nas frenagens e acelerações. Mas ainda assim era pouco, então veio a barra estabilizadora das versões com motorização 1.6 (XR, Action e MP3), eu queria mais! Comprei todas as buchas de suspensão em poliuretano.
Para o pontapé inicial essas são as alterações do sistema de suspensão, mas ainda há um longo caminho de análise modificações e parametrização, por isso mais adiante pretendo falar apenas sobre a suspensão.
FREIOS
Se você pode andar mais rápido, você tem que parar mais rápido também! O conjunto de freios originais do Ford Ka 1.0, com temíveis discos sólidos (239,5 mm de diâmetro) na dianteira e tambores (194 x 43 mm de pista) na traseira não seria suficiente.
Por isso comprei um kit de freios dianteiros com discos ventilados e frisados (283 mm de diâmetro) para a dianteira e um conjunto de freios traseiros do Ford Focus a disco (252,5 mm de diâmetro). Além de pastilhas de freio com coeficiente de atrito 0,55 estáveis até os 600°C. Temos mais a conversar sobre freios, mas isso também fica para outro post.
CHASSI
A principal técnica a ser utilizada para o aumento da rigidez torcional da carroceria será a solda de costura, para a melhor união entre as peças estruturais. As soldas deverão ser aplicadas com atenção especial às estruturas de maior esforço, portanto maior torção. Além da solda de costura, usasei barras estruturais de ligação entre torres e longarinas. Estou estudando ainda outras técnicas de aumento de rigidez mais modernas que estão sendo aplicadas pelos grandes fabricantes.
MOTOR
Pensando nas possibilidades de modificação que mais levariam a por em prática o que aprendi, descartei o swap. Mas por que cargas d’água descartar essa modificação relativamente simples? Exatamente por isso, por ser simples, por não envolver a intervenção direta no motor e seu projeto. Optei então por uma mudança de deslocamento, criando um motor superquadrado com peças de prateleira e outras de pedido específico.
Partindo da combinação das duas versões do motor Zetec Rocam encontradas no Brasil, o 1,0 litro ( 68,68 x 67,40 mm) e o 1,6 litro (82,07 x 75,48 mm) chegamos ao deslocamento de 1.426 cm³ (82,07 x 67,40 mm). Esse deslocamento acabou virando parte do codinome do motor ZR1426, e sobre todos os detalhes dele eu também pretendo falar num post próprio.
O meu pensamento estava em parar o carro, arrancar o motor e começar a brincadeira, já que ele não era o transporte principal da família. Mas já havia outro projeto ocupando espaço na garagem (pai, obrigado pela sua paciência com o Opala!), então a tarefa não seria tão simples. Além disso, tinha ainda que juntar todos os dados necessários para fazer o pedido das peças special order, comprar as peças de prateleira, analisar os limites dessa configuração e, claro, a influência dessa mudança no restante do conjunto. Enfim, realmente amadurecer o ZR1426.
Durante o amadurecimento do ZR1426 eu mantive a busca por peças que poderiam ser utilizadas no Kaveirinha. O primero combo para o motor foi, uma Bobina Accel 140028, cabos MSD Spiral Core 31159, velas NGK Iridium LTR7IX-11 e um filtro HKS Super Power Flow Reloaded (parece até nome de produto das Organizações Tabajara).
E conversando com os amigos me apareceu uma dica sobre um coletor de escape bem específico, como o camarada Rafael “Run4Fun” Souza bem definiu, um coletor com pedigree de pista. Um coletor de escape de um Courier da Formula DTM, que tinha frequência de sintonia muito aproxima a faixa útil que eu pretendia utilizar, o diâmetro dos dutos dentro dos valores que eu buscava e um bom parelhamento. Não pensei mais, ele era meu. Ao chegar as minhas mãos imediatamente tratei de remover a camada de isolamento antiga e apliquei lama cerâmica, que após a cocção recebeu mais uma camada de isolamento com fita cerâmica.
Ao mesmo tempo em que comprei o coletor, durante um passeio pelo Ebay encontrei um silenciador 1×2 e me apaixonei, lindas ponteiras retangulares blue burnt. E lá se vão mais alguns felizes denários. Mas não só nesse silenciador se foram meus denários, também se foram sorrindo num comando de válvulas da Steve Wyndham Racing (http://stevewyndhamracing.com/) modelo SWR I, esse fabricante de peças de performance produz kits para os motores Zetec Rocam na África do Sul. Sobre especificações desse comando de válvulas, instalação e outros detalhes depois, sei que isso já está enchendo, mas paciência por favor.
Como belas surpresas pelo caminho e na maioria das vezes mudam um pouco a nossa direção, lá vou eu entrando em mais uma. Um amigo que também preparava um Rocam me pediu pra ver se achava um “Kit SC” pra ele, era o conjunto de compressor do Fiesta e Ecosport Supercharger, que utiliza um compressor tipo roots da Eaton o M24. Encontrei um kit desses, completo nas mãos de um distante conhecido (mais uma vez obrigado, Lauro Santos e Alexandre Kossowski pela força de vocês). Informei ao interessado e fiquei aguardado para ser o intermediador da negociação. Nesse meio tempo um outro amigo distante plantou a semente. “Por que esperar tanto tempo pelo 1426?! Pega esse kit, coloca no Kaveirinha enquanto você vai amadurecendo o outro motor!” E isso começou a formigar na minha cachola.
“Uma modificação simples, bastante feita no meio dos Rocam 1.0, todos os componentes são plug&play, um dia de trabalho e ao menos uma centena de cavalos estariam disponíveis, tudo feito na própria garagem! Divide em duas fases, 1.0 SC e ZR1426!” Esse caldeirão de pensamentos me consumiu por noites seguidas.
Até que…
Mas isso fica para a próxima, pessoal!
Por Rodrigo Passos, Project Cars #46