Bem galera do FO, esse é o segundo e último post da saga da restauração da minha Saveiro LS 1983, depois de muitos altos e baixos, como qualquer restauração. No post passado falei, da funilaria e pintura, que foram um baita desafio e hoje falarei do também difícil e complicado processo, tanto do interior como exterior e mecânica. As padronagens da versão LS eram de tecidos com teto rajado, o painel tem uns frisos plásticos originais, mas que jamais foram vendidos separados, nem são fáceis de achar.
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Como no meu estavam quebrados e incompletos pensei em comprar outro tabelier, mas acabei optando pelo friso cromado que é de fácil aplicação e combina com o original que vai nas portas. Aliás nos forros, como era padrão da época, existem dois modelos de forros de porta. Na minha veio com essa padronagem, que infelizmente tive que trocar pois os dois forros estavam podres. Foi relativamente fácil de achar, mandei encapar de couro, junto com os bancos de tecido, teto rajado e para-sol na mesma padronagem do teto.
Faltavam agora o rádio e quadro de instrumentos, que havia sido jogado de lado. Logo percebi que era do modelo AP, pois tinha marcador de temperatura da água do motor. O botão dos faróis auxiliares foi outro achado da internet.
O painel vem com a ventilação mas optei por não colocar, visto que possuía apenas ventilação e, na prática, isso resulta em poeira dentro do carro. O ar quente era um opcional que a minha Saveiro não possuía, assim como conta-giros e rádio. Mesmo assim optei pelo Bosch San Francisco II, que era AM/FM estéreo. Com as telinhas originais casam bem. Também retirei a antena do para-lama dianteiro, e optei por uma interna. Ainda falando do som, descobri essa semana um rapaz que adapta saída auxiliar a qualquer rádio antigo, que na prática é bem bacana, pois e só colocar o celular e já tá valendo. Providenciarei essa semana.
Com o som resolvido fui pro painel de instrumentos que, como já havia citado, não era o original. Então visitei meu amigo Paulinho, que já havia providenciado tudo, inclusive com indicador das marchas, que é pra lembrar única e exclusivamente a posição das marchas.
Depois disso parti pro relógio e conta-giros, que acabou me forçando mudar a ignição do carro. Com o painel resolvido, era hora de colocar o volante. Segundo consta, a versão LS usava o volante idêntico ao da versão L porém acolchoado (que, na boa, é feio pra caramba), mas optei pelo usado no Copa, GT e Passat TS e na versão LS do Gol mas, curiosamente, não da Saveiro visto sua proposta pra trabalho.
Retrovisores foram outra controvérsia, mas acabei resolvendo, e descobrindo os certos para o ano, idênticos aos do Passat. Os frisos que vão na soleira foram fáceis de achar, mas não os que vão nas janelas laterais, visto que são uma mistura de alumínio e plásticos cromados. Estes acabei não achando inteiros e acabei deixando pra lá, já que não são possíveis comparar usados pois ressecam e quebram. Agora era a hora de ir para a mecânica, começando pela suspensão e freios — todos novos e de fácil acesso, assim como a direção e terminais. O único porém foram as válvulas equalizadoras traseiras, adaptadas dos mais novos, já que não são mais fabricadas.
A tubulação também foi fácil, únicos desafios foram os “profissionais”. Mesmo tendo experiência ele insistiam em adaptar algo mais moderno ou trocar motor pelo AP e por aí vai.
O alternador foi uma novela mexicana daquelas bem dramáticas, visto que o alternador do BX é único e raro. Tomei um balão de R$450 de um mau profissional que havia cobrado pra arrumar e no fim só trocou regulador de tensão e três diodos. Com um mês deu problema e depois de novo, até que me indicaram um profissional que trocou o rotor, arrumou a placa e trocou pela terceira vez o regulador de tensão. Com o alternador em dia arrumei o automático do motor de partida e também a buzina, que não prestava mais. Instalei os faróis de milha Cibié, mas não nas extremidades e sim no meio, pois acho visualmente mais limpo.
Revisei a elétrica porque sempre tem algo, e aí o platinado, bobina e condensador me mataram de raiva.
Troquei os três por similares da Bosch, mas não deu certo. A faísca estava baixa, tentei com vários eletricistas mas no fim o que resolveu o problema foi colocar a ignição eletrônica que, no fim, trouxe vários benefícios como consumo menor, vibrações menos intensas e respostas melhores. Gostei demais.
A bateria já era nova, instalei os esguichos do para-brisa e a partida frio. Outra coisa que me deu uma baita dor de cabeça foram os filtros de ar que quebravam o suporte interno que vai na boca do carburador, feitos de antimônio.
Depois de alguns suportes, coloquei os filtros da Brasilia/Puma, mais leves e de visual bacana. O motor, como foi retificado 14 anos atrás, não precisou ser refeito. Bastou regular os Solex H32 e tirar um vazamento no radiador de óleo e nas capas de tuchos. Embreagem e trambulador são novos. A ré é pra trás como no Fusca, depois que você se acostuma é bem gostoso de guiar. As rodas são todas originais aro 13, com desenho parecido com o da Variant II que são aro 14.
Tanque não houve problema só a borracha que troquei de vedação. Chave de seta é nova. Enfim, é um carro 1983 zero km, já participei de alguns encontros , mesmo antes de terminar, como o Encontro de Antigomobilistas do Centro Oeste e o III Encontro de Carros Antigos do Paranoá, encontro mensal no Parque da Cidade, onde encontrei alguns leitores do FlatOut. Foi bacana. Agora é curtir um pouco antes do meu próximo projeto, o Landau 1978.
Valeu, galera agradeço a oportunidade e vamos para o próximo PC! Abraço!
Por Jeydson Couto, Project Cars #477
Uma mensagem do FlatOut!
Jeydson, sensacional sua Saveiro. É cada vez mais raro ver uma dessas assim inteirinha e bem-cuidada e seu esforço para deixá-la desse jeito é admirável. Parabéns pelo projeto! Agora é hora de curtir!