E aí, pessoal! Estamos de volta com a saga de Shamu. No primeiro post vimos o motor V8 funcionando e dentro do cofre do Maverick. Agora, depois de colocar o motor V8 no lugar, e por o câmbio com a manopla da Hurst importada que pedi do ebay, tava na hora de dar uma voltinha no carro, e começar a curtir o carro, certo?
Errado!
Tinha algo estranho no carro, quando andava, o giro do motor não subia rápido, a primeira coisa que me veio na cabeça foi xingar um amigo meu, o Alex do Ateliê do Fusca. No dia que fui comprar o comando eu estava lá na casa/oficina dele, aí apareceu a oportunidade de comprar o comando num preço muito bom. Empolgado, comprei o comando Comp Cams 292º / 302º, com graduação alta. Passei um bom tempo puto com o Alex. O carro engasgava direto, soqueava, marcha lenta não sei o que é faz tempo. Para sair de sinal tinha que limpar o giro do motor, um saco.
Mas conseguia conviver com aquilo e fui curtindo o carro, mal eu sabia que o coitado do Alex nem tinha culpa no cartório. Vou dar um pulo no tempo pois nesse tempo de 2010 com o Maverick com o novo motor até final de 2011 basicamente eu só curti o carro, e fiz alguns ajustes necessários. Nada grandioso.
Mandei fazer a elétrica. Demorou uns três meses. Pedi para o eletricista esconder os fios o máximo possível, pois queria um cofre limpo, sem fios à mostra. A antiga elétrica era tão boa que, ao passar num buraco, o carro desligava!
Pois bem, problema resolvido, elétrica nova, comecei a curtir o carro. Ao andar no carro, que com aquelas rodas 20 polegadas tuning de 10 polegadas na traseira, comecei a ver que aquilo tava destoando do carro, e também não erra o intuito do projeto. Foi uma situação provisória. Corri atrás de quatro pneus Cooper Cobra ou BF Goodrich para amenizar essa situação.
Aqui em Manaus, na época, cada um custou R$450. Comprei logo pois sei o valor que esses pneus têm, porém não tinha as rodas para usar. Foi quando achei quatro rodas originais do Maverick e mandei alargar para dar aquele ar de muscle car no carro, com pneus borrachudos. E o visual casou certo, ficou como eu queria. Só faltava arrumar as malditas calotas de inox, que acabei conseguindo mais tarde com um amigo nos classificados do Facebook. Maverick de rodas novas, visual “stock car”. Mas a suspensão… essa tinha sofrido muito com as rodas 20 e os buracos de Manaus, como eu mais tarde iria descobrir.
Neste meio tempo, muitas coisas aconteceram: o Maverick ficava na casa da minha avó, e ela faleceu em meados de 2012. Com isso fiquei sem lugar para guardar o carro, e o ele ficou rolando de um lugar para o outro até que meu tio me cedeu um espaço no depósito dele. Mesmo assim fiquei desgostoso do carro e já tava pensando em vender. Nisso o carro ficou um ano largado.
Foi quando as coisas começaram a mudar da água para o vinho. Neste meio tempo o Maverick ainda sofrou um pequeno acidente, o capô abriu em movimento, empenou e trincou a tinta toda. Ao parar o carro, ainda bati a saia dianteira original no meio fio. Um dia para esquecer. Este foi também um dos grandes motivos que me fizeram perder o gosto pelo carro. Ainda descobri que uma das peças da suspensão havia quebrado. Só prejuízo. Mas… há certos males que vem para o bem.
Entre dezembro 2012 até quase o final de outubro de 2013 o Maverick ficou realmente encostado, com essas avarias. Acabei conhecendo uns caras meio malucos, que se mostraram amigos na hora que eu precisava e me incentivaram a por o Shamu de volta à ativa para rodar de vez. Mas sabe como é… tu sempre fica com o pé atrás, achando que aquela empolgação é momentânea.
Pois bem, briga comprada, os caras que me incentivavam falaram que iam me ajudar, então vamos à luta. Vale um agradecimento a eles: Paolo Cruz (este vocês vão escutar mais vezes aqui, vale a pena conferir o trabalho dele @perfectauto), André Doido (preparador, e quem deu o acerto final), Betão, Eduardo (vulgo Cuiu) e também ao Gustavo Bento lá da Retífica Esfera, por ter cedido um espaço para mexer no carro e também onde ficam outros carros antigos, aquilo é uma fábrica de sonhos.
Segue a foto de quando o Maverick foi para lá:
Com o carro encostado, vamos arrumar logo a suspensão, corri atrás de um kit, e importei um kit de suspensão dianteiro da Moog. Era plug and play o negócio. Um dia e meio de trabalho e o carro tava pronto, era só alinhar e pronto! Deu orgulho de ver o alinhamento, aqueles itens todos ficando verdinho, sem muito ajustes.
Aí comecei a me empolgar de novo. Nesse meio tempo comecei a namorar hoje a minha atual esposa, e eu brincava que só casava quando o Maverick estivesse andando novamente. Paguei pela língua, hoje enquanto vocês leem este post já devo estar casado, afinal foi dia 14 de abril de 2018. Devem imaginar que o Maverick hoje esteja rodando. Voltemos ao PC. Foco, soldado!
Próximo passo: o câmbio dos infernos.
Aquele Powerglide tinha algo de errado, conforme eu havia mencionado. Conversa vai, conversa vem, e o André solta essa: “Parceiro, Maverick, Opala e Dodge tem que ser câmbio manual, para fazer maldade. Vamos arrancar esse powerglide e pôr um câmbio de quatro marchas no assoalho. Tu não ta fazendo um pro-mod, guarda isso. Falou, tá falado, eu vim até aqui e não deu certo, então vamos escutar os experientes.”
Vamos lá mudar o projeto de novo, à procura de uma Clark 260F, pedal de embreagem novo, volante do motor veio de SP aliviado (aqui em Manaus é impossível achar um), e esperei minha vez na oficina, vamos levar em conta uns 23 dias de Correios aqui para a nossa cidade.
Até aí legal: tira câmbio automático, transmissão, tudo é rápido. Três dias e tá tudo no chão. Já a montagem… essa sim. Meu amigo… acho que uma criança nasce antes de colocar o câmbio no lugar. E eu nem culpo o André; foi mais por causa das zicas que acontecem, os malditos Correios, que demoram para tudo e cobram caríssimo no Sedex. Volante novo, comprei o kit de embreagem, porém não tinha o sistema de acionamento da embreagem original do V8. E agora José ?
Vamos adaptar um hidráulico. É melhor, não vai quebrar cabo, essas coisas básicas que já sabemos. Acho que isso foi até uma das demoras do carro não ter ficado pronto a tempo. Ai meus amigos, inicio de 2014, ano de copa, alguma coisa tinha que sair, ou era o hexa ou o Maverick!
Explicando o sistema de embreagem hidráulico, fica a dica, Maverikeiros: atuador de embreagem da S10 até 2011. Ele fica fixado no eixo piloto da caixa, eliminando, garfo e colar. O cilindro é só furar a parede no local onde sairia o cabo original. Só tem um problema, se você não frequenta academia e se não faz treinos de pernas, comece a fazer isso, pois para tirar o ar dessa maldita tubulação vai umas 5.000 repetições de cada membro da oficina. No final das séries a panturrilha da perna esquerda tá grossa, parece até que ficou dirigindo carro de embreagem de cerâmica no trânsito das 18:00.
No final o resultado vale a pena. A embreagem é mais leve que a embreagem de Palio. Câmbio no lugar, embreagem funcionando, é hora de levar o carro pra casa.
Aí sim comecei a ver que o problema do carro não era só câmbio. Ué… mas o câmbio não atrapalhava a subida do giro do motor? Pois é. Também achava, e fui andando assim, convivendo com o hábito de limpar a aceleração para o giro subir e sair do semáforo.
Como diria Joseph Climber, a vida é uma caixinha de surpresas. Lembram do Paolo? O doidão que me incentivou a colocar o Maverick pra andar no ano passado. Pois é, ele abriu uma empresa de consultoria automotiva e reforma de clássicos e disse que iríamos arrumar essa avaria. Quando? “Espera aí que vou ver o espaço na oficina.”
E nisso passaram meses. Até que este dia chegou: Maverick para a oficina, eu já meio puto e desgostoso com o carro falei pro Paolo: “Cara eu tenho X reais para rasgar nesse carro, afinal o carro só me dá desgosto. Quero eliminar esses cromados do para choque, arrumar esse capô e lixar o carro todo, trocar as faixas, polir e tudo mais.”
“Ok, a gente faz!”
E a saia? Dá para recuperar ? Infelizmente não, tive que ir atrás de outra. Foi quando veio a ideia de ir atrás daquele spoiler dianteiro que antes eu achava horrível, e colocar no meu carro para ser um Maverick inspirado nos da da Divisão 3.
Conversa vai, conversa vem, procura em Mercado Livre, fórum, grupo de whatsapp… bingo! Achei o spoiler por uma pechincha. Onde? Aqui em Manaus mesmo. Um conhecido tinha vendido o carro, comprou o spoiler e nunca usou. Levei para a oficina e fomos instalar. Show de bola, visual novo, carro sem cromados, visual meio malvadão, coloquei a naja do Shelby na grade, que comprei nova e ainda não tinha instalado, e pronto! O visual do carro estava animal!
Agora é tirar o carro da oficina, andar no carro e ser feliz.
Só que não!
Lembram do problema do giro do motor, carro sem força, coisa estranha? Pois é, quem leu o primeiro post, viu que eu falei dos cabeçotes que iam me dar trabalho mais para frente. Esta hora chegou. André, arruma vaga aí!
Mas isso é o que veremos no próximo post.
Obrigado por todos que estão acompanhando este PC e aguardem o final desta saga.
Por Avelino Bulbol, Project Cars #482