E aí, gurizada! Quanto tempo! Sei que faz tempo que não dou as caras por aqui, mas muitas coisas aconteceram nos últimos tempos com o MothaFocus, e que vou contar em breve, agora que a coisa voltou a caminhar.
Como todo tarado por carros, a mão de fazer m$rda sempre coça, e comigo não foi diferente. A história desse Escortinho começou lá pela metade de 2015, quando meu bom amigo de longa data Reginaldo Santos, passateiro das antigas conhecido como “Tio Rê” ou “Latino”, cara pra lá de gente boa, me mandou mensagem perguntando o que eu achava desse carro, já que ele sempre foi mais envolvido com VW, e eu tinha o meu “sangue azul” fordeiro bastante forte.
Ele encontrou esse carro em Campinas, onde mora, parado na rua, e acabou olhando com mais carinho pro judiado XR3 que ali estava. Conversou com o dono, que disse que venderia e fez o preço, e o Tio Rê então trocou idéia comigo pra ver o que eu achava. Contei que gostava desse modelo, que estava aumentando a procura, que era um carrinho muito legal e ainda de pouco interesse no mercado. Papo vai papo vem, ele meio receoso em comprar, comentei que se comprasse e um dia fosse vender, eu teria interesse. E assim foi.
De longe fui acompanhando a saga do salvamento de um belo carro, que era usado para trabalho numa serralheria, onde a gente pode imaginar qual seria o fim. Tio Rê começou a desmontar pouco a pouco e arrumar, restaurar ou trocar diversas coisas, incluindo interior, teto solar, volante, suspensão, rodas, e até mesmo o motor por completo, tudo sendo feito em casa em suas horas livres do trabalho, num trabalho detalhadamente documentado em fotos. E eu, olhando tudo de longe.
Até mesmo a troca e pintura da nova tampa traseira foi feita em casa pelo Tio Rê, raríssima de se encontrar em bom estado já que é um dos pontos frágeis do carro, onde infiltra água e apodrece. Um detalhe que foi interessante de ser descoberto, é que esse carro saiu originalmente com ar condicionado, mas em algum momento foi retirado, e devidamente encontrado e reinstalado tb pelo nosso grande “Latino cover”!
Até que chega janeiro de 2017. Focus parado por quase dois anos sem mexer (explico em breve no próximo post dele), Passat ainda em Curitiba, novo Focus sem começar pelo atraso no MothaFocus, desânimo grande de tudo, trabalhando feito louco, pouco tempo livre, etc, etc… E em um dia qualquer, chega a mensagem do Tio Rê. “Gus, preciso vender o carro, e pode ser seu”… Cagaaaaaaaaaada a vista!! Conversamos bastante, não estava preparado financeiramente pra isso, mas nos acertamos e fechamos negócio. Trato feito!
Então, a partir dessa data, tava lá a “3ª torneira” aberta em mais um carro pra fazer….
Quase ninguém sabe (pelo menos até hoje), mas há mais de oito anos eu comprava peças de Escort originais quando encontrava em anúncios ou feiras de peças, por preços ridículos se comparadas a peças dos cobiçados VW. Tive um Gol GT que me deixou com saudades e com a vontade de ter outro, mas o mercado hiper inflacionado me afastou cada vez mais da chance de ter outro. Ao mesmo tempo, a vontade de fazer um Escortinho ia aumentando. Não original, não sou a pessoa certa pra ter um carro original, e tem vários lindos impecáveis por aí. Meu objetivo era outro. E maligno!
Com uma grande caixa de peças originais difíceis de achar, como lanternas traseiras, piscas dianteiros, faróis novos, botões, e mais um monte de coisas, todas novas e originais, dei as boas vindas pro Xperimental Research 3, onde começou a idéia do XRS1600Ti.
Em maio de 2017, fui então buscar o carro em Campinas, e direto caí na estrada. E pau na máquina!! Meu amigo/irmão Paulo Palmer, dono de várias naves diferentes e raras, incluindo Caravan ambulância com 2.0000km, Taurus, Volvo, BMW Touring, e claro, um Focus, foi comigo até lá e voltou me escoltando. E o Escortinho veio faceiro nos seus 120~130kmh até entrar em SP. Quase chegando em casa, começou a perder a marcha lenta, foi piorando, piorando, até que parou no meio da rua. Começamos bem! O painel marcava combustível, mas eu nem sabia se marcava certo ou não, tava com “meio tanque” quando saí de Campinas, imaginei que daria. Mas não marcava certo e fiquei sem combustível! Emoção do primeiro encontro, sempre sai alguma coisa errada!! Alcool no tanque e pau de novo até em casa.
Comecei a pensar no que fazer, que tipo de carro eu gostaria de montar, voltei para o meu querido Ebay UK e fui encontrando algumas coisas. Uma delas, que me deixou muito feliz, foi um raro (e bem caro) volante do Sierra Cosworth, que é praticamente igual do do Escort RS1600i. Entrei no leilão, tava feinho, sem o couro, sem a tampa central, mas dei sorte e ganhei o leilão por míseras 15 libras (algo em torno de R$50). Somado ao frete, chegou em casa por mais ou menos R$ 120. Barbada.
Nosso amigo Junior Campos, do Project Car #277, a bela Parati GLS turbo, tem oficina de funilaria e pintura, e um amigo estofador que deu um jeito no aro do volante que tinha um pequeno amassado, refez o couro, e la estava o belo volante pronto pra usar, por menos de R$ 300.
Faltava ainda o botão central, e isso depois de alguma pesquisa se mostrou um enorme problema. Simplesmente não existia disponível somente a tampinha, somente volantes inteiros por 350, 400 libras, cerca de R$ 1200 a R$ 1300, sem contar frete e imposto. Ou seja, ferrou! Mas, como sempre tem acontecido, os deuses das latas velhas resolveram me ajudar!
Existem dois modelos dessa tampa, o do Sierra, que incorpora o acionamento da buzina, e o do Escort RS1600i, que não tem a buzina, é somente uma tampa, já que a buzina é acionada na alavanca das setas, como é nos nacionais tb. E com mais um golpe de sorte, aparece justamente a tampa do Escort, sem o acionamento da buzina, por um preço até que razoável, 25 libras! Tava pronto meu raro volante, agora mesclado entre Sierra Cosworth e RS1600i, por pouco mais de R$ 400! O tamanho é perfeito, é um pouco mais recuado que o original do XR3, e fica muito bom de guiar. Resolvido!
A partir daí, resolvi montar algo próximo dos RS1600i, com o visual dessa versão que acho muito bonito. Um grande problema seriam as rodas, aro 15. Sei que existem um ou dois jogos no país, mas a ultima noticia que consegui é que custariam cerca de R$ 6.000, impossível pra mim. Procurando que opções poderia utilizar, encontro anunciadas as raras BBS Pininfarina, em 15×7, furação 4×108, por um preço interessante. Duas mensagens e rodas compradas, peguei um jogo de S.drive 195/45R15, mesmo modelo e medida que uso no Passat e vou usar no Golf (epa! Falei demais! Apaga essa parte!). Rodas repintadas, pneus montados, casou maravilhosamente bem no carro, deu o ar diferente que eu queria, afastando a imagem de XR3 “normal”.
Nada contra os originais, são lindos, mas não é o que quero pro meu.
Tava no caminho pra o que tinha planejado na cabeça. Outra coisa que resolvi dar um fim eram os bancos originais. Disputados a tapa por quem tá restaurando XR3 originais, foi fácil e rápido vende-los, poucos dias depois que montamos um jogo de Recaro vindos de um Apollo Vip, também ajeitados pelo estofador amigo do Junior. Lavados, costurados onde precisava, e com o encosto traseiro adaptado no suporte do Escort, mantendo o rebatimento original do banco traseiro, que no Apollo é fixo. Já deu outra cara! Bonito e bom de andar.
A suspensão do Escort é bem interessante, contando com suspensão traseira independente, que foi incorporada ao MK3 em 1980 na Europa, chegando aqui em 1983. De outro amigo, veio um kit de amortecedores encurtados e recalibrados, molas mais firmes e regulagem de altura nas quatro rodas, que montei acompanhados de um kit de buchas em PU da AJ Buchas Especiais, montados pelo Teo da ATS Pneus, do meu amigo/irmão Elthon.
Chão montado, bancos montados, volante montado. Ia fazer uma pintura simples num paralama que era bem feio por uma quebra de pivô em sua vida passada, mais alguns detalhes e pronto, ia usar um tempo assim mesmo até poder pintar inteiro. Mas, depois de um convencimento bastante fácil do Junior, levei o carro já pra desmontar por completo e começar a restaurar. Mas isso, e mais outras novidades, conto na segunda parte!
Um grande abraço, obrigado pelos votos, e “if in doubt, flatout”!
Por Gustavo Loeffler, Project Cars #489