Por Eduardo Martinelli, Project Cars #512
Há alguns dias, em 22 de março de 2020, Gearhead Garage postou no Instagram uma pequena e maravilhosa sessão de fotos da conclusão dos trabalhos no meu Prelude.
Desde a compra, em 10 de agosto de 2018 até hoje se passaram 596 dias. Em todo este tempo, dirigi o carro apenas por uma semana (época da compra, ainda automático, e logo após o JDM Meeting de 2019, que foi realizado em maio de 2019).
Sim, comecei de certo modo com um spoiler, “acabou”, mas não é bem assim, não do jeito que gostaria e, antes de mais nada…. vamos relembrar por onde parei e o caminho até aqui.
O carro foi exposto no JDM Meeting, destaque da Gearhead Garage, mas ainda faltavam muitas coisas… o ar condicionado não funcionava (mas isto bastou uma limpeza geral e carga nova), havia uma trinca no para-brisa, precisava resolver a questão da roda, ainda precisava colocar os amortecedores e os freios, enfim… muito chão até aqui… vamos lá…
Para resolver a questão das rodas, pensei seriamente em alargar a carroceria, apertar o botãozinho e cortar tudo de novo, dane-se a funilaria recém feita. Quem me colocou no chão foram o Caio e Alexandre, o trabalho ia ser extremamente complexo para continuar mantendo o visual clean e atemporal do Prelude, além disso, a caixa de rodas teria que ser inteiramente refeita, ia mexer no interior… enfim, coisa pesada e onerosa… e o carro estava lindo daquele jeito… seria como, nas devidas proporções, você querer mexer em um Porsche da Singer.
O jeito foi investir em novas rodas…. partiu Volks Rays TE37 (réplica), mas não achei na cor dourada, acabei comprando cinza e mandei pintar de dourado, ficaram lindas! Casaram com o carro.
Chegou a hora da manopla do câmbio, a original é bonita, simples e bela, mas não estava casando com o visual do interior, aquele volante Nardi… pedia algo mais pró-streeet. Comprei uma manopla de alumínio escovado e o pessoal da Gearhead Garage fez o gabarito e mandou para o artesão fazer o acabamento do encaixe na coifa. Minha neura com os detalhes casou com o perfeccionismo do pessoal da Gearhead Garage, nossa referência em acabamento estava, de novo nas devidas proporções, nos Porsches da Singer. Mire no sol, acertando a lua está de bom tamanho.
Uma coisa que me incomodou no Nardi não foi o volante, bem longe disso, mas o que ficou atrás dele…. o cubo do volante é bem menor que o volante original do Prelude. Lembram que na década de 90 o air bag estava surgindo e ainda não existia tecnologia para compacta-lo muito, por isso que o volante do Prelude e de todo carro da década de 90 que tenha o sistema parece um travesseiro, era imenso! E aquilo escondia o vão natural entre a coluna e volante.
O Nardi é menor, mais fino….. então fizemos uma borda em alumínio para cobrir aquilo e dar o acabamento, perfeito novamente!
Partiu então para colocarmos os amortecedores da Koni. Aqui foi uma pequena novela, pois a koni não produz kit para o Prelude então buscamos a referência do mercado que é a Koni by LG, ele era (não sei se continua) fornecedor dos amortecedores da stock car, ele usa a carcaça do amortecedor original e coloca todas as peças e tecnologia da Koni dentro. Trabalho licenciado e certificado pela própria Koni. O cara é fera!
Neste projeto todo houve um plus que eu não fazia questão, piloto automático, ele é originalmente no volante, trocando o volante, perde-se o piloto. Porém… a Gearhead Garage não desiste, construíram do zero uma nova placa de circuito e adaptaram dentro da coluna de direção, os botões agora encontram-se na coluna, botões vindo de um Mazda MPV.
O para-brisa do carro estava trincado, coisa pequena, uma pedra de estrada provavelmente, mas aquilo me incomoda. Detalhes…. sou chato, eu sei. Procura vai, procura vem…. encontro um para-brisa novo de estoque antigo lá em Santa Catarina, o preço era uma paulada… mas sério, aquele detalhe me custava mais, hehehe. Para-brisa comprado, e enquanto aguardava sua chegada, aproveito para trocar os pedais originais por pedais da Mugen, são mais bonitos e combinam com a proposta do carro.
Porém, nem tudo são flores, lembram que comecei este relato dizendo o dia que estou escrevendo e onde parei no capítulo anterior (28 de março de 2020 e o JDM Meeting foi em maio de 2019). ABS, o maldito ABS não funcionava de jeito nenhum, sério! A maldita luz não apagava deste a época da compra, desconfiava que ela tinha vida própria e mesmo com o carro sem bateria ela continuaria acesa!!!!
O sistema foi desmontado 100% e não é exagero, foi desmontado por completo, peça por peça e mais de uma vez, nada!
Testes e mais testes e nada. Neste período, para não jogarmos tudo para o alto, partimos para o upgrade dos freios, mas isto comentarei mais adiante. Por enquanto vamos falar no maldito ABS.
Como alternativa procurei um outro sistema no Prelude Club, encontrei em Minas Gerais, com o Luiz Gustavo, mecânico de mão cheia e especialista em Preludes. O acordo foi: se funcionar eu pago, se não funcionar, manda de volta.
Peça chega, desmontamos ela inteira, limpamos inteira, colocamos no carro e…NADA!
Desmonta os dois ABS, do meu carro e o recém adquirido, de dois monta um. Pega o que cada um tem de melhor, coloca no carro, testa e… luz apagou! E acende logo em seguida. É o fim, é o carma!
Última alternativa antes de partimos para o modo selvagem (carro sem ABS), o problema poderia estar na placa, no circuito em si.
Então bora acionar o Luiz Gustavo novamente… mesmo acordo, aguarda a peça chegar de Minas até São Paulo, desmonta do meu carro, coloca a nova e… e… sim! A bendita luz apagou! O problema era na placa, no circuito de ABS. Bom, agora o ABS do carro está zerado!
Estes poucos parágrafos duraram meses. Sério! Estava quase surtando e, consequentemente, surtando o pessoal da Gearhead Garage. Os caras são pacientes.
Agora vamos falar de Willwood, troquei as pinças de dois pistões tradicionais pela Willwood de quatro pistões. Obviamente troquei também os discos, saem os originais e entram os discos do VTEC, além disso, mandei frisar para ajudar no resfriamento.
Carro 97% concluído. Mandamos para o alinhamento na AM Marcelo, concessionária Mercedes Benz no qual a Gearhead Garage possui bom relacionamento.
Carro alinhado, freios, suspensão, rodas, para-brisa novo, mas ainda faltavam os detalhes, sim, sempre os detalhes.
O capô, mais precisamente a haste para subir, porque não colocarmos amortecedores ali? E foi feito. Trigonometria, cálculo de carga, pressão do amortecedor, a engenharia rolou forte neste momento.
Agora temos 99% concluído.
Nos poucos dias que dirigi o carro, em um destes dias foi de sol, mas aquele sol que parecia deserto, mesmo com ar-condicionado você sente o braço queimar. Não deu outra, coloquei Insul-Film, quase transparente, apenas para filtrar o raio UV.
Ah! Os detalhes. Sem eles o que seria de mim? Legal? Muito provavelmente! Neste período vi um Honda Type R com uma placa de identificação customizada, achei bem legal e apresentei a idéia adiante. A Gearhead não só curtiu, como fizeram para todos os projetos de lá. Agora qualquer carro feito por lá (obviamente que não conta uma revisão ou conserto) leva a placa. Felipe Cluk, aguardo a placa do seu Miata!
100% concluído, o carro foi polido, hoje rolou uma sessão de fotos pela Gearhead Garage. 596 dias desde a compra com ele ainda automático e cheio de problemas, precisando de um dono, até hoje, seu renascimento, a única coisa que une estes dois carros é a numeração do chassi. Apenas isto.
Contudo, conforme comentei lá no início, não termino como gostaria, devido ao Covid-19, não sei quando vou finalmente colocar minhas mãos no carro e dirigi-lo. Estou morando hoje Criciúma/SC e o carro está em São Paulo.
Bom… se já esperei 596 dias, posso esperar mais um pouco. E quando colocar minhas mãos nele, prometo que envio um novo relato de como é a sensação.
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