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Project Cars Project Cars #64

Project Cars #64 – a história do Puma GTB S2 de Victor Giusti

Olá, Flatouters! Meu nome é Victor Giusti, sou estudante de Engenharia Mecânica na Unicamp. Sou apaixonado por carros desde pequeno e foi isso que me levou a optar pela engenharia, curso que me desiludiu um pouco devido à falta de interdisciplinaridade com a área automotiva. Mas vamos logo ao que interessa.

Na década de 1980 as importações eram proibidas no Brasil, o que deu início a uma tentativa de produção de veículos esportivos nacionais geralmente em fibra de vidro como todos já devem saber. O GTB era o topo de linha da marca e tinha um preço exorbitante. Isso o tornou um dos carros mais desejados da época: não é raro pessoas entre 40 e 50 anos contando que eram loucos pra ter esse carro quando mais jovens.

Eu tinha uns 15 anos quando resolvi que queria ter um project car. Juntando umas economias daqui e dali e com ajuda dos pais, encontrei esse carro no Mercado Livre entre vários carros destruídos e superfaturados, julgamos justos os R$ 11.000 cobrados por um veículo completo  — sofrido, mas completo. Abaixo está a foto do carro no estado em que foi comprado.

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Como eu não tinha habilitação, as primeiras voltas foram com meu velho ao volante. Os 30 anos de manutenção (acredito) mal feita tornavam o passeio uma experiência tenebrosa, era como andar num trator: coxins de motor estourados – cada acelerada era uma porrada —, passar em uma vala exigia disposição, o rolamento de câmbio roncava como o de um ônibus desses que se pega na rua, o painel pulava junto com os ocupantes. E isso são apenas alguns exemplos.

Alem da experiência negativa ao volante, posso citar algumas características estéticas que “matavam” o carro: uma repintura mal feita estava cheia de bolhas e irregularidades, havia uma batida no lado direito da frente mal reparada e que deixou a frente torta, com um lado “caído”, o bocal do tanque dentro do porta- malas, as rodas originais criminosamente pintadas de preto fosco, pneus errados, rebaixamento de suspensão, volante esportivo de Fusca (!) que nem servia numa coluna de Opala e um insulfilm preto que escondia os belíssimos vidros verdes originais, deixavando o carro com a aparência de um Batmóvel, já que tudo nele era preto.

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Por dentro: o velocímetro não funcionava — passei os primeiros dias fuçando o carro e percebi um cabo pendurado, foi só rosquear de volta. O banco do motorista estava sem as molas – calcei com um pedaço de madeira por baixo, pra não sentar no chão.

A mecânica parecia funcionar bem. Às vezes era difícil de pegar e fumava um pouco, nada surpreendente para um carro de quase trinta anos. Curiosamente, ao verificar o óleo, percebia- se que ele estava no nível mais baixo possível e muito, muito preto — o resultado disso vou contar nos próximos posts. O Weber 40 de corpo duplo e abertura simultânea era original e o escape contava com um abafador JK pra fazer barulho.

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O Puma GTB/S2 vinha completo de fábrica, não existiam opcionais. No caso do meu, o difusor do ar condicionado, junto com todo o sistema, era um opcional não disponível. Em algum momento da vida dessa pobre, foi tudo retirado por alguma razão desconhecida. Além disso, os vidros elétricos tinham sido adaptados para manuais, mas os motores estavam lá, e funcionavam!

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O motor também aparentava ter sido trocado. Em vez do 250-S vermelho a gasolina, lá estava um seis-cilindros originalmente amarelo  — Opala a álcool, é você? —, só que pintado de cinza e funcionando com gasolina. Tinha um rádio Sony Xplod e acredito que o original tenha se perdido ao longo dos anos. Estava tudo errado!

Resumidamente, era um carro que andava e tudo nele funcionava, mas claramente precisaria de restauração. Apesar da relativa boa aparência, surpresas desagradáveis viriam no processo. Prometo compartilhar com vocês todas elas, ou ao menos as mais relevantes que não tenham fugido à minha memória, pois a restauração começou em 2008, quando o carro foi comprado.

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Nesse texto, contei todos os pontos negativos do carro quando foi comprado, mas isso não quer dizer que tê- lo fosse algo desanimador ou que eu tenha me arrependido da compra. Pelo contrário: andar de carro velho era muito empolgante e divertido e o sonho estava apenas começando a se concretizar.

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No próximo Post, as várias visitas à oficina e o começo da restauração. Até breve, Flatouters!

Por Victor Giusti, Project Cars #64/strong>

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