Primeiro de tudo eu gostaria de dizer um muito obrigado a todos que votaram no meu projeto. Ficar em segundo na votação realmente me surpreendeu. O primeiro lugar foi do meu amigo Alexandre Garcia, velho conhecido de listas de email (tá bom, estou denunciando minha idade aqui rssss). Ele é um velho conhecido de todos aqui do Flatout com sua maravilhosa e eclética garagem, além de seu vasto conhecimento em V8s e mecânica em geral. Obrigado mesmo a todos amigos e entusiastas!
Familia e a paixão por carros
Eu me chamo Denis Melo e minha história com os carros começou muito cedo. Minha primeira memória como entusiasta, seria ainda quando criança, quando meu pai e avô diziam orgulhosos aos amigos e parentes que mesmo muito novo, eu já gostava de adivinhar o nome dos carros que passavam, modelos e cilindrada. Meu avô faleceu ainda quando eu era jovem (14 anos), mas a paixão que ele e meu pai tinham por carros, sempre esteve presente na minha vida.
Essa era a Saveiro que ele tirou 0km em 1987, trocou a mecânica gasolina por um AP a diesel turbo. Na caçamba ele tinha um banco recaro aonde ele levava minha tia mais nova. Nem preciso dizer que as crianças adoravam ir lá atrás – outros tempos sem cinto de segurança, cadeirinhas, etc
A busca pelo 1º carro
Quando adolescente meu sonho sempre foi de tirar a CNH o mais rápido possível e em seguida, ter um grupo de amigos com o qual eu pudesse curtir minha paixão por carros, assim como viajar, nos reunir, acelerar ou mesmo realizar manutenções. Aos 16 eu participava como assistente em aulas de informática no colégio, e entre os 17 e 18 eu consegui uma vaga como instrutor de informática dando aulas de DOS e Windows 95.
Todas as economias iam para a poupança, visando no futuro próximo dar entrada no meu primeiro carro. Na época meus pais haviam se separado temporariamente, e quando meu pai acabou voltando para casa, ele me fez a proposta de comprarmos um Gol 1998 1.0 16v meio a meio, sendo assim eu poderia usar ele nos finais de semana, e meu pai nos dias de semana. Acabei topando! O problema é que infelizmente o divórcio acabou acontecendo de qualquer forma poucos meses depois, me deixando de ônibus novamente e pior, sem previsão de ter aquela entrada de volta tão cedo, já que como todos sabem, esses processos trazem gastos para a família como um todo, e eu soube aguardar o tempo que fosse necessário.
Quando finalmente meu pai conseguiu se estabilizar e me devolver a entrada, foi a hora de pesquisar qual seria meu primeiro carro! Na época (por volta de 1999-2000), eu tinha zero conhecimento de mecânica e elétrica, era estagiário e bancava metade do valor da minha faculdade (no 2º ano em diante teria que bancar 100%). As condições não eram muito animadoras, mas eu estava decidido a encarar um financiamento para satisfazer o sonho da independência nas quatro rodas ! Fui atrás de bolsa, FIES, economizava almoçando hot dogs no centro de SP (provavelmente alguns vão lembrar do dogão de 0,50 centavos com duas salsichas), andava trechos para economizar passagens de ônibus, vendia tickets, vale transporte, enfim, fazia o que podia para economizar! E deu certo! Consegui fazer um planejamento que me possibilitaria comprar um carro financiando 50% do mesmo.
Nessa época, carros importados ainda sofriam muita desvalorização, como a internet era coisa recente e o inglês não tão popularizado, era comum ver veículos importados usados caírem bastante de preço. Para se ter uma ideia, algumas opções baratas, mas empolgantes por terem motores mais potentes e serem completos, eram: Tempra Ouro, Tipo 2.0 SLX e Sedicivalvole, Civic VTi e BMW E36 1992.
O preço entre eles pouco variava, restava você ter a coragem e bala na agulha para mantê-los. Hoje em dia, com internet, ebay, google translator e mesmo importadores independentes, é tudo mais fácil, mas naquela época meu Pai, mais conservador, acabou me aconselhando a deixar de lado a BMW e também um lindo Civic vti vermelho com teto ! Eram a coisa mais linda ! Até hoje ainda sonho em ter um Civic 93-96 hatch.
Após desistir do Civic, o próximo carro que paramos para olhar na famosa Av. Anhaia Melo de SP, foi um Fiat Tipo 2.0 16v, na tonalidade cinza, teto solar e bancos Recaro com as lindas faixas azuis, vermelha e verdes. O carro era impecável, e nem preciso dizer que eu fiquei apaixonado. Só cometi um pecado mortal rsssss. Ao olhar o painel, ingênuo, virei para meu pai e disse : “Pai, olha isso, o painel vai até 260km/h!”. A partir daí o carro que era perfeito, passou a ser um péssimo negócio para o meu pai.
A próxima parada foi para ver um Tipo 2.0 SLX. Como vocês sabem, é um 4 portas, 8 válvulas o que na cabeça da maioria dos adultos dessa época significava manutenção mais barata e o mais importante para o meu pai, não marcava 260km/h no painel. Negócio fechado, na semana seguinte levei o brinquedo pra casa!
Foram muitas histórias e experiências com esse carro, desde momentos tipo “Velozes e Furiosos” até momentos do tipo, “porque eu não comprei um Golzinho CHT 1.0 de manutenção barata.”
Esse carro me acompanhou durante meus primeiros anos de faculdade, rodava no dia a dia, me levava da zona leste de SP até o Itaim, depois passava pela Barra Funda para visitar clientes da “firma” rs, e por ultimo ia para a faculdade que ficava no Centro de SP. Quando comecei a namorar minha esposa nessa época, o guerreiro ainda me levava para Guarulhos, para depois voltar para a zona leste. Com essa rotina puxada, com o tempo ele teve que dar lugar a um Palio 1.0 (pois é, faculdade, rodando muito, namorando, já viu…) e só depois de alguns anos voltaria a me aventurar novamente, mas dessa vez seria em grande estilo!
A família toda disse que eu estava maluco e irresponsável, mas fiz o que todo entusiasta já sonhou um dia: troquei meu 1.0 de apenas 3 anos de uso em uma maconha de respeito, um Omega 4.1.
Era um sonho realizado, me lembro da primeira vez que fui trabalhar com ele, subindo a Av. 23 de Maio em SP, cercado dos acabamentos de madeira, os 29,1kgf de torque falando alto a qualquer pisada no acelerador, ar condicionado gelando, teto solar aberto, me sentia o cara mais abençoado do mundo usufruindo daquela barca.
Logo entrei para a lista de emails do OmegaClube no Yahoo, que no começo nem assim se chamava, fiz ótimos amigos, aprendi muito e ajudei a tocar o clube durante bons anos junto com outros fundadores. Tirando a fase do inicio do casamento que é complicada, sempre tive um ou outro carro diferente, desde diferentes Omegas, passando por Calibra Turbo, Chevette AP turbo, Opala “SS” 73, Saveiro 1.6 turbo, Astra Turbo, Cherokee v8, entre outros, melhorando um pouco meu conhecimento em mecânica e elétrica.
Montagem tipo grade varias fotos pequenas
A atual garagem e sua reforma
Como vocês notaram, a história é longa, então para encurtar, vamos dizer que após alguns bons anos casado e frequentando encontros diversos de clubes, sentimos que era hora da família crescer e tivemos nossa primeira filha. Dois e meio depois viria nosso segundo filho e com ele a necessidade de buscar uma casa maior, que acomodasse a todos, e que principalmente tivesse no mínimo 4 vagas de garagem e algum espaço para poder trabalhar nos carros que teria no futuro. A ideia era, já que vamos ter que mudar, vamos mudar uma vez só! Rsss.
Na minha cabeça de entusiasta, eu que sempre havia sofrido até aquele momento com falta total de espaço (morávamos em uma casa com apenas 67m2 e 1 vaga de garagem aberta), pensei comigo, se vamos mudar, que seja em definitivo, mesmo que para isso tenhamos que encarar um financiamento pesado e tenhamos que vender os carros. E foi isso mesmo que fizemos!!! A busca foi longa, no começo tentamos encontrar uma casa com as características que queríamos em condomínio, mas além de caras, normalmente não possuíam tantas vagas, tão pouco eram garagens fechadas. Acabei pegando amizade com um corretor, que depois de ter nos mostrado mais de 20 casas dentro e fora de condomínios, me convenceu a visitar uma que estava em um bairro que inicialmente eu não estava interessado.
Chegando à casa, pensei, o que será que esse portão de madeira esconde? Posso dizer que, ao ver o que o portão escondia, me senti como se estivesse na Porta da Esperança do SBT. Lá estava ela, a garagem que todo gearhead sonha, com muito espaço e sem nenhuma pilastra, diferente de todas as outras casas que havíamos visto. A casa era antiga, lógico, e necessitava muita reforma. Para complicar, tínhamos pouco tempo até o nascimento de nosso filho, mas mesmo assim era como ver um diamante bruto que precisava ser lapidado!
Depois de muita negociação, acabamos fechando negócio e cerca de 2 meses antes do meu filho nascer, conseguimos a chave. Com a ajuda de anjos em forma de amigos e família, pintamos nós mesmos o andar superior, fizemos a mudança, montei o berço 1 dia antes do nascimento e “puft”, caímos para dentro :).
A felicidade era total, um dia memorável foi quando pude fazer a 1ª manut na garagem nova. Foi mágico ter todo aquele espaço e não se preocupar se vai chover, se vai dar tempo de terminar naquele mesmo dia, etc.
Depois de alguns meses, era hora de começar a pensar na reforma da garagem. Em um primeiro momento, a ideia era de quebrar o mínimo possível, tentar atualizar um pouco o visual da garagem, que devido aos azulejos bege e piso do tipo lajota, remetiam muito aos anos 80 e “casa de vó”. A ideia inicial seria de não mexer no piso nesse primeiro momento, lavar os azulejos com um desengraxante e utilizar tinta epóxi branca em tudo, fazendo uso de faixa adesiva com grafia quadriculada.
Considerando que o budget estava bem baixo, essa seria uma maneira de melhorar a cara da garagem sem gastar muito.
Uma idéia simples que mudou tudo!
Foi ai que acabamos conhecendo um pedreiro chamado Toninho. Ele nos foi indicado por um amigo e logo de cara nos deu uma ideia maravilhosa, que de forma rápida mudaria a cara da garagem e com custo aceitável. Basicamente a ideia foi primeiramente identificar quaisquer azulejos que estivessem estufados ou soltos, removê-los para que não afetem o resultado final. A diferença desses azulejos removidos com os outros pode ser nivelada com argamassa.
Depois de feito isso, os azulejos precisam estar desengordurados, limpos e secos. Vale a pena caprichar nessa parte, utilizando desengordurantes, vassouras, panos, etc.
Em seguida vem a dica principal, que é utilizar uma massa acrílica de boa qualidade, que adere e preenche as fendas entre os azulejos, formando uma superfície lisa, sem fendas, continua. Após feito esse processo e com a massa bem seca, é hora de aplicar o fundo e uma textura ou grafiato de sua escolha.
Aproveitamos também para abrir um buraco na parede que separava a lavanderia e a garagem. A idéia era de transformar essa lavanderia em uma sala de TV/estar, para poder receber os amigos e família, e claro, conectar melhor esse ambiente com a garagem.
Nós optamos pelo grafiato com tonalidades cinza claro e escuro. O resultado foi espetacular, não foi necessário quebrar todo o azulejo e ainda por cima foi rápido e com custo baixo. A aplicação do grafiato com essas cores neutras mudou a cara da garagem! Na foto abaixo é possível ver ao fundo a parede com grafiato cinza claro, uma parede branca onde será colado no futuro um painel adesivo (foto do opala) e em seguida uma continuação de parede com grafiato cinza escuro. O piso quadriculado na sala também deu um toque racing especial !
Terei um post dedicado à decoração automotiva em garagens, mas vejam como alguns quadros deram a quantidade certa de contraste na parede coberta de grafiato branco. Até hoje ainda não acredito que por baixo desse lindo grafiato, existem azulejos.
Espero que tenham curtido esse primeiro post da Garagem do Buda! No próximo post vou detalhar a decisão sobre a mudança do piso e os ajustes na rampa para facilitar o acesso de veículos rebaixados ou com grande entre eixos na garagem (caso dos ômegas).
Obrigado a todos e nos vemos no próximo post!
Abraços!
Por Denis Melo, Project Cars #385