Já faz alguns anos que as peruas deixaram de ser uma categoria de destaque na indústria automotiva – elas foram substituídas por SUVs e crossovers, que são maiores e têm mais presença nas ruas, ainda que nem sempre sejam tão eficientes quanto as station wagons em aproveitamento de espaço e comportamento dinâmico.
Para o entusiastas, é uma situação triste, claro – é praticamente impossível encontrar uma perua nova que não seja “premium” (é, também não gostamos muito deste termo) mas, por outro lados, o mercado de usados está aí para ser explorado. E há algumas opções bem interessantes a um preço relativamente acessível. Queremos saber: quais são as melhores?
Temos uma sugestão com a qual a maioria dos leitores certamente vai concordar: a BMW Série 5 E39, fabricada entre 1996 e 2004. No Brasil, as vendas foram concentradas nas versões 528i, com motor seis-cilindros de 2,8 litros; e 540i, com um V8 de 4,4 litros. Em ambos os casos, são grandes motores e excelentes carros.
No caso da 528i, estamos falando de um motor com comando duplo no cabeçote, 193 cv a 5.500 rpm e 28,6 mkgf de torque a 3.500 rpm, acoplado a uma caixa automática de cinco marchas. É o suficiente para chegar aos 100 km/h em 8,8 segundos, com máxima de 234 km/h.
Já o V8 da 540i tem 286 cv a 5.700 rpm e 42,8 mkgf de torque a 3.900 rpm. Ele também é conectado a um câmbio automático de cinco marchas, e é capaz de levar a perua até os 100 km/h em 6,5 segundos, com máxima limitada eletronicamente a 250 km/h. Acima dele, só o M5 da geração E39, com seu V8 de cinco litros e 400 cv.
Em ambos os casos, a ficha técnica é atraente. Mas não é uma questão de Super Trunfo, apenas: também tem a ver com o mercado, que valoriza tanto a geração anterior (E34) quanto a que veio depois (E60), deixando o E39 naquele limbo que abriga os carros que são novos demais para serem clássicos, porém datados demais para serem considerados modernos.
Esta perspectiva pode assustar um pouco, pois logo a gente pensa em componentes eletrônicos antigos que vivem dando problemas e motores com manutenção complexa e quilometragem avançada. No entanto, a BMW fez um excelente trabalho na geração E39, que possui motores e suspensão robustos e eletrônica relativamente amigável – diferentemente dos Mercedes-Benz da época, que possuem eletrônica um tanto temperamental, o Série 5 E39 é bastante tranquilo neste aspecto. Claro, tudo é relativo: ainda é um carro com mais de duas décadas de idade e ainda é um importado “de luxo”, o que significa que as peças podem até ser fáceis de encontrar, mas não são baratas.
O que não significa que seja um carro antiquado: com o E39, a BMW começou a investir mais em tecnologia e engenharia, com sistema multimídia, suspensão de alumínio, soldas a laser na carroceria (em pontos-chave para garantir maior rigidez torsional). A carroceria recebeu maior atenção no departamento aerodinâmico, com um coeficiente de arrasto de apenas 0,28 na versão de seis cilindros e 0,31 com motor V8.
Além disso, é um carro bonito. Projetado pelo designer japonês Joji Nagashima, o E39 tem visual limpo e esbelto, sendo o último Série 5 lançado antes de as proporções mais infladas dos carros modernos se tornarem a regra. Se o sedã já é bonito, as linhas ficam ainda melhor proporcionadas na perua, que tem uma silhueta realmente atraente.
O fato de ser um carro não muito valorizado pode render negócios interessantes: não é difícil encontrar um exemplar com menos de 90.000 km rodados (uma quilometragem baixa, considerando a robustez do E39), tanto da 528i quanto da 540i, por algo entre R$ 30 mil e R$ 40 mil.
Claro, esta não é a única opção. E é por isto que estamos fazendo esta pergunta: qual é a perua mais bacana que você pode comprar no Brasil? Pode ser zero-quilômetro, usada, importada, nacional, popular ou premium. Como de costume, a caixa de comentários é toda sua!