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Quais as suas resoluções automotivas para 2023? Eis os da equipe FlatOut!

Meus amigos, estamos no penúltimo dia de 2022. E como é tradição em todo fim de ano, é hora da equipe dividir com vocês as nossas resoluções automotivas para os próximos 365 dias e de vocês compartilharem os seus próprios planos sobre quatro rodas na área dos comentários.

Vamos lá? Contamos com vocês!

 

De grão em grão, paciência é a virtude [Juliano Barata]

Este foi o ano em que a Arved’s Garage desmontou completamente a minha Alfa Romeo GTAm e a removeu até 100% da lata. Corpo nu. Sem nada a esconder.

Esse é o tipo de cena que horroriza o entusiasta leigo. Mas como chegamos até este ponto?

Tudo começou no fim de 2021, quando o Fernando da Racer detectou uma compressão preocupantemente baixa em um dos cilindros. Acabamos com o motor desmontado, o que foi uma decisão acertada: volante trincado, bronzinas condenadas, muita coisa estava prestes a quebrar – ainda que o carro estivesse andando muito bem, ajudado também pelo baixo peso das peças de fibra de vidro e o acrílico e lexan substituindo a área transparente, lembrando que a minha Alfa foi um carro de competição nos anos 90 até o começo dos anos 2000.

Aproveitando o carro parado, contatei o Arved para um projeto que, na época, era pequeno. Realizar a caracterização externa correta do visual da GTAm de competição preparado pela Autodelta na época. Basicamente alargamentos de paralamas rebitados (a minha estava “smooth”, com os rebites cobertos com massa), lanternas pequenas da prima serie, bocal de tanque saindo pela tampa do porta-malas, grade correta, sistema de fechamento de capô e tampa traseira com travas da Grayston, etc.

Separei um par de fotos da GTAm original que pertence ao acervo do Museo Storico Alfa Romeo para um pequeno jogo de sete erros.

A experiência em customizações do Arved seria perfeita para este trabalho.

Aliás, que dose de ironia, não? Pegar um dos maiores customizadores do Brasil para customizar a minha Alfa Romeo com o objetivo de deixá-la mais original. Mas faz sentido: todas as aproximadamente 40 GTAm legítimas nasceram como GTV 1750 e 2000 originais de entre 1969 e 1971 (a minha é 72) e que foram customizadas e preparadas nas instalações da Autodelta. Tanto por dentro quanto por fora várias coisas na GTAm são bem diferentes das GTVs e boa parte destas mudanças não usam peças fabricadas em série e, aliás, elas se diferem entre si justamente porque era um trabalho bastante artesanal e sob demanda.

Abaixo, o dia da chegada da Alfa no Arved. Ele ficou impressionado com a ergonomia de pilotagem, pois mesmo no alto dos seus 2 metros de altura (ou mais), conseguiu se encaixar bem na cabine. Com a ressalva de que neste carro já temos bancos de competição, mais baixos.

Era para ser rápido, coisa de uns seis a oito meses de serviço. Mas a equipe da Arved’s Garage foi removendo a tinta e descobrindo duas coisas: de um lado, a estrutura do carro estava muito boa. Mas por outro, havia muita massa desnecessária e alguns trabalhos feitos na época de carro de competição não foram bem-feitos para o padrão de hoje em dia. O assoalho do porta-malas, por exemplo, foi eliminado para receber um tanque de competição. Indo de grão em grão, terminamos com o carro assim.

E agora estou com uma restauração de porte grande em mãos. E quando a gente não tem recursos, esticamos o prazo para caber no bolso. Então, para este ano, a ideia é simplesmente avançar no excelente trabalho de funilaria que a Arved’s Garage está fazendo: substituir todos os painéis corroídos (caixas de ar, assoalhos dianteiros, pés de coluna), instalar o assoalho de porta-malas original (que havia sido removido no meio das adaptações realizadas para transformá-la em carro de corrida), realizar o stich welding (pontos adicionais de solda nas junções de travessas e longarinas com as chapas do assoalho, para aumentar a rigidez à torção) e corrigir todos os pequenos amassadinhos que o carro recebeu ao longo de meio século de vida (felizmente, nenhum acidente).

Para essas peças do assoalho, foi fundamental a parceria do pessoal da America Parts. Ano que vem mostrarei muitos projetos épicos que eles estão fazendo (spoiler: Cuda 1970/71 com V10 de Viper!) e carros que eles estão importando, de clássicos a muscles zero km.

Feita essa parte estrutural da funilaria, aí veremos onde estamos, se avançamos mais, se seguramos, enfim. Não acho que este carro volte a andar em menos de três anos. Talvez leve mais. No mundo real, fora da fantasia do YouTube, é assim que as coisas acontecem com carros antigos. O processo é lento, cheio de idas e vindas e reviravoltas. Se você está passando por um momento como este com seu projeto, me escute. Não desista. Pause, se precisar. Mas não espere que o carro vá parar na frente dos bois. Ignore as redes sociais, ignore a média do mundo dos influenciadores. Paciência no coração é a moeda de troca necessária.

 

O ano do Hot Lap [Marco Antônio Oliveira]

Eu tenho certeza de que 2023 será melhor que 2022 em um ponto importante: um Réveillon sem máscaras. Tá, ok, sem máscaras obrigatórias; se você quiser ainda pode usá-las, para sua proteção. Mas para mim, esta faceta da pandemia era algo que me incomodava, e fico feliz de não mais usá-las diariamente.

Mas tenho certeza também que 2023 não será nada fácil no campo da economia; vem há tanto tempo em queda que nem sei mais desde quando. Mas todo poço tem um fundo, e depois dele, só há um caminho, para cima; quem sabe chegamos nele logo?

Eu começo este ano como sempre: com esperança de um futuro melhor. É só o que temos; as dificuldades, bem como os presentes do acaso, sempre vem mesmo sem conseguirmos controlá-los. Nos resta o ato de fé de planejar e tentar realizar, desviando das pedras e aproveitando tudo de bom que vem inesperadamente.

E este ano no FlatOut será sensacional, tenho certeza. Os planos parecem realmente muito bons, e confesso estar cheio de energia renovada para trazer para vocês mais e mais conteúdo que é de um lado informativo, mas principalmente divertido e leve. Sabemos que o mundo quer colocar a gente, os entusiastas de automóvel, debaixo do ônibus, mas não vão conseguir.

Na garagem, o Chevette, se Deus quiser, vai continuar absolutamente confiável como foi este ano todo, sem um problema (daqueles que o param em oficina por uns dias) sequer. E continua saudável: o berro daquele 1600 preparado não cessa a me inspirar, bem como a forma que é um companheiro entusiasmado para tudo que queira fazer com o carro azul; de passeios devagar para buscar pão, a andar no modo soviético, passando de 7000 rpm (nem eu acreditei quando vi o reloginho) em pistas de competição.

Competição. Neste ano passado eu e o Chevette participamos de duas etapas do Rally Clássico SP, e duas do Hot Lap Limeira, além do Track-Day de fim de ano do FlatOut na Capuava, e um Motorfast day no Circuito Panamericano. Ano que vem vou entrar de cabeça nisso: a temporada toda do Rally Clássico SP (onde pretendo conquistar o troféu Lico Azevedo como no último), e tentar seriamente uma boa colocação no campeonato do Hot Lap Limeira, participando de todas as etapas. Com a faca entre os dentes.

O carro ainda é um Chevette, apesar de ser forte pacas para o que é; alguns engraçadinhos diriam que esta  faca entre os dentes é sem ponta, de passar manteiga. Mas não estou nem aí: atravessando-o de lado nas curvas do kartódromo de Limeira, com o motorzinho urrando, quem se importa que não é rápido no relógio? Eu certamente não.

Duas coisas a fazer nele. Primeiro, novos bancos, algo protelado por metade do ano passado que tem que rolar, o mais cedo possível. Segundo: quero levá-lo à um dinamômetro para medir a potência. Por curiosidade mesmo e nada mais. Secretamente sonho em 80 cv na roda, exatamente o dobro que o Chevette 1975 tinha, original de fábrica. Acho que dá isso pelo menos. Será?

Mas por outro lado, infelizmente o seu companheiro de garagem pelos últimos 25 anos vai ter que ir embora. Para atender os anseios da família, que terá mais um motorista habilitado em 2023 (o meu mais novo, João Pedro, faz 18 anos em janeiro), e uma esposa que me pediu encarecidamente um carro automático para si, a perua vai ter que ser vendida. Sim, em algum ponto do ano que vem vou vender minha Subaru Forester 1998 manual. Carro que é o de melhor estado geral em casa, mais parruda e nova em espírito e estado que o Virtus 2019 e os dois Up!. A perua ainda não está a venda, mas se quiser conversar, me procure.

Então é isso: esses são os planos. Vamos continuar a nos ver virtualmente diariamente, e cada vez mais, e compartilhar esta nossa maravilhosa paixão pelo maior ampliador de liberdade pessoal que existe, o automóvel. Ele merece.

Termino com um agradecimento aos nossos assinantes: vocês são literalmente o vento debaixo de nossas asas. Obrigado! E se você não é assinante ainda, considere ser assinante. Sem dinheiro, infelizmente, tudo acaba, e por preço de cafezinho você ajuda a manter isso tudo vivo.

Um Feliz Ano Novo para todos vocês, e os seus, um forte abraço, e que venha 2023! A viagem continua!

 

Novos velhos hábitos, novos velhos carros  — e, talvez, um novo velho mundo [Leo Contesini]

Não sei como foi para vocês, mas 2022 passou rápido. Ontem mesmo eu estava escrevendo as resoluções de ano novo…

Preciso começar revisando o ano que passou e as resoluções que eu escrevi há exatamente um ano. Eu disse que queria dirigir mais, pegar mais a estrada, passar mais tempo entre o céu é o asfalto, ao volante.

E eu fiz isso mesmo. Pelas minhas contas foram quase 7.000 km de estrada, sendo duas viagens para o Sul do Brasil, e uma passagem reflexiva pelo Sul de Minas, refazendo a mesma viagem que me inspirou a escrever esta matéria. Isso, claro, sem mencionar as dezenas de viagens curtas sem destino, só para dirigir pelo prazer de dirigir e apreciar o mundo, como deve ser um bom passeio de carro.

Agora, para 2023, minhas resoluções continuam modestas. Não quero dirigir mais do que em 2022; quero continuar dirigindo como dirigi em 2022.

E se em 2022 eu precisei organizar algumas coisas, em 2023 pretendo descolar meu Project Car, um carro de diversão, como o MAO tem o Chevette e o Juliano, a Alfa. Não sei ainda o que comprar, mas já tenho muitas coisas em mente — falei delas no FlatOut Podcast 90, que você deveria ouvir agora mesmo.

Espero também conseguir um novo daily driver, ou “diarista”, como dizem alguns FlatOuters — também falamos sobre ele no FlatOut Podcast 90 (eu falei que você deveria ouvi-lo). Adianto que gostaria de um carro mais estradeiro, com um pouco mais de torque que meu bom e velho Focus, que reclama um pouco quando passa de determinada velocidade, girando quase 4.000 rpm.

A novidade tem a ver com essa paisagem

Já sobre o FlatOut, duas metas neste ano: aparecer mais e mergulhar em um universo totalmente novo para mim e para o FlatOut. Não vou adiantar o que é, mas garanto que vocês vão gostar quando descobrirem ao longo do ano.

Meu Giro d’Italia

Por último, uma resolução mais distante, com somente um dos pés no chão: há algumas semanas planejei uma road trip pela Itália, que envolve uma visita a Monza, uma loja de materiais de construção na Lombardia, o roteiro pela região de Modena e Sant’Agata Bolognese, Florença e Roma. Com jeitinho dá pra fazer, mas não coloquei como prioridade pois isso demanda ao menos uns dez dias para valer a pena.

Daqui a 365 dias eu volto aqui e conto pra vocês se deu tudo certo. Nesse meio tempo, vamos seguir com o pedal no metal, como fazemos desde 2014 e contamos com a sua companhia ao longo de 2023. Um feliz ano novo a todos nós!