Meu carro não tem conta-giros – para o uso cotidiano de alguém que trabalha em home office e só usa o carro aos fins de semana, o painel simples do Mille Economy, com um econômetro, dá conta de segurar o pé direito. Se eu quero esticar, já conheço o ronco do carro o bastante para saber a hora certa de subir uma marcha.
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Se eu queria que ele tivesse um conta-giros? Pode apostar. Se a manifestação auditiva das rotações subindo é o ronco do motor, cada vez mais alto e agudo, o feedback visual é dado pelo conta-giros. Ele pode não ser absolutamente essencial para dirigir um carro no cotidiano, mas ele te ajuda a visualizar a comunicação entre o seu pé direito e o motor. E, se souber o que fazer com a informação que o conta-giros te dá, você pode dirigir melhor – seja na rua, na estrada ou, principalmente, na pista. Dá até para saber a velocidade do carro usando apenas o conta-giros e alguns cálculos, conforme ensinamos aqui.
Na pista, o conta-giros te ajuda a colocar-se na faixa de rotações ideal para trecho do circuito, sendo este um dado mais importante no momento do que a velocidade do carro. Seja em um carro de competição, seja com seu daily em um track day.
Tudo isto faz com que o conta-giros seja tratado de forma especial por muitas fabricantes. Algumas fazem dele um elemento central no quadro de instrumentos, a ponto de tornar-se uma marca registrada do interior e deixando claras as intenções do carro. Outras aproveitam para colocar uma dose de personalidade no instrumento, criando uma característica distinta, uma assinatura, ou uma identidade visual marcante – o conta-giros torna-se um elemento de design. E há, claro, a beleza da função, um projeto tão bem executado e correto que vira ícone de forma natural, sem esforço.
Qual é o seu conta-giros favorito? É o que queremos que vocês nos contem nos comentários. Nós também temos três sugestões – cada uma delas com as características descritas no parágrafo acima.
O primeiro deles é este aqui, adorado pelos fãs de muscle cars:
Quem entende dos icônicos esportivos americanos dos anos 60 e 70 sabe exatamente qual foi o carro que introduziu o conta-giros no capô: o Pontiac GTO de 1967. Ele tinha um conta-giros no painel, como de costume, mas também oferecia como opcional um conta-giros redundante no capô, à frente do motorista. Segundo a fabricante, era uma forma de ajudar o motorista a saber a quantas girava o motor sem tirar os olhos da estrada à sua frente.
De alguma forma, o conta-giros no capô até podia mesmo ajudar o condutor a concentrar-se no caminho à frente sem desviar o olhar. O que também acabava sendo útil para saber a hora de trocar as marchas em arrancadas ou pegas de semáforo – afinal, estamos falando de um muscle car com um V8 de 400 pol³ (6,6 litros) com carburador Rochester Quadrajet e 365 cv a 5.100 rpm, além de 60,1 kgfm de torque a 3.600 rpm. É claro que rolaram pegas de semáforo.
O conta-giros no capô era retro-iluminado e protegido por uma cobertura na cor do carro, montado diretamente no capô. Embora o senso comum questionasse a real necessidade de um relógio extra, exposto aos elementos e a mãos alheias, o opcional mostrou-se bem popular e foi oferecido para o GTO até 1970, sendo praticamente obrigatório no emblemático GTO “The Judge”.
O sucesso do hood tach fez com que outras marcas do grupo, como a Oldsmobile, adotassem o equipamento opcional. Rivais também o fizeram – como a AMC, fabricante que desafiou as gigantes de Detroit com seus carros baratos e de visual inventivo. O conta-giros abaixo fica no capô do AMC Rebel 1970.
And now for something completely different. Se e gostamos do charme old school do conta-giros de capô, também apreciamos algo mais tecnológico e racer – como o conta-giros do McLaren 720S.
O supercarro com motor V8 4.0 biturbo de 720 cv não possui um painel digital simples: ele é uma peça dupla, giratória. Na maioria dos modos de condução, o painel do McLaren 720S traz um conta-giros em barra no topo e as demais informações abaixo dele – velocidade, temperatura, hodômetro, marcador de combustível, consumo instantâneo, cronômetro e outros dados configuráveis.
No entanto, ao colocar o carro no modo Track, o quadro de instrumentos gira e passa a usar uma tela muito menor, apenas com as informações essenciais: velocímetro digital e um conta-giros horizontal em destaque, além de uma shift light.
Agora, há conta-giros que são bacanas por serem tradicionais e funcionais. É o caso do conta-giros do Porsche 911 – em todas as suas gerações e versões.
Desde 1963 o conta-giros do Porsche 911 é a peça central de um conjunto de cinco mostradores. Ele é maior e fica em destaque, no centro, com números grandes e muito claros, fáceis de enxergar. O velocímetro fica do lado direito, e os demais instrumentos variam de acordo com o ano de fabricação e a versão.
O atual 911, geração 992, adotou pela primeira vez um cluster de instrumentos digital. Mas não totalmente: há quatro mostradores circulares digitais, dois de cada lado, e um orgulhoso conta-giros analógico no centro. Embora também tenha sua tela digital no miolo, o conta-giros em si ainda usa números em uma fonte simples, sem decoração exagerada, e um ponteiro físico. Isto não deve – e nem pode – mudar tão cedo.
Estes foram apenas três exemplos de conta-giros estilosos e icônicos que reunimos para ilustrar a questão – há muitos outros mais. Assim, queremos saber: qual é o seu favorito (ou quais!), e por quê? Manifeste-se nos comentários!