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Car Culture Pergunta do dia

Quais são os melhores e mais longevos motores já fabricados?

A coisa mais óbvia do mundo é dizer que o motor é o coração de um carro. Mas é mentira? De forma alguma! E não falamos apenas porque o carro não anda sem ele, mas porque boa parte do caráter de um carro está no motor — no desempenho, no ronco e até mesmo na filosofia de sua fabricante.

O motor também é uma das peças de engenharia mais complexas de um carro, com materiais escolhidos a dedo e dimensões cuidadosamente calculadas — tomando sempre o cuidado de deixar espaço para modificações e aperfeiçoamentos. No caso dos esportivos, ainda toma-se o cuidado de afinar o ronco, que é grande parte da experiência de se acelerar um carro de alto desempenho.

Colocamos o Pagani Zonda barulhento aí em cima porque ele é a inspiração para nossa pergunta do dia de hoje: qual é o motor mais incrível fabricado há bastante tempo?

No caso do Zonda, são 25 anos: seu V12 tem origem no Mercedes-Benz M120, apresentado em 1992. O primeiro carro equipado com ele foi o Mercedes-Benz S600 da geração W140 — sexta geração do topo-de-linha Classe S, fabricada entre 1991 e 1998. Já naquela época era um motor monstruoso: com bloco de alumínio e comando duplo nos cabeçotes, o V12 deslocava seis litros e entregava 394 cv. Tinha injeção eletrônica Bosch,  Diz-se que ele era tão suave que dava para equilibrar uma moeda em do motor em funcionamento. Aliás, não dizem: dá mesmo!

Os sedãs, cupês e conversíveis que usaram o Mercedes-Benz M120 são vistos como alguns dos melhores carros para se pegar a estrada — especialmente nas Autobahnen alemãs — porque, além de suaves, possuem muito torque, disponível bem cedo. No caso do W140, por exemplo, os 59,1 mkgf já aparecem às 1.800 rotações.

No entanto, o M120 ficou famoso mesmo em suas versões de alto desempenho. Não dá para dizer que tudo começou no Mercedes-Benz SL73 AMG, mas sem dúvida ele é a segunda maior prova de que, com o tratamento certo, o V12 do Classe S W140 pode ficar insano.

A gente falou recentemente no Mercedes-Benz SL da geração R129, quando um belo exemplar do SL500 apareceu na nossa seção de Achados meio Perdidos há uns dias — um belo e imponente roadster com motor V8 de cinco litros e 326 cv. Mas nem de longe o S500 é a versão mais potente do R129. Este posto fica com o SL73 AMG.

Para começar, são 7,3 litros de deslocamento, conseguidos através de um belo aumento no curso dos pistões e no diâmetro dos cilindros (viu só por que os motores precisam ser concebidos já pensando nas melhorias?). Os componentes internos, como as bielas, eram substituídos por equivalentes de titânio e o resultado eram 525 cv e 73,6 mkgf de torque — suficientes para chegar aos 100 km/h em 4,8 segundos, com máxima de 300 km/h e roncar feito um demônio.

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Só foram feitos 85 deles entre 1999 e 2001, e não é difícil entender o motivo: para ter um desses, você tinha que comprar um SL600, que vinha com o V12 de seis litros e 394 do W140, e entregá-lo para a AMG, que fazia a conversão por US$ 50 mil — em dinheiro de hoje, dá uns US$ 70 mil, ou aproximadamente R$ 286 mil. Por outro lado, isto não é nada perto do quanto custam os carros que ainda usam este motor. Isto porque, na verdade, eles são supercarros.

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O Pagani Zonda usou o motor M120 por todos os doze anos em que foi fabricado — nós contamos sua história em dois posts (aqui e aqui). O que ja é impressionante por si só: por mais que o carro tenha evoluído muito desde o início — o primeiro Zonda tinha exatamente o mesmo motor de seis litros e 394 cv do Classe S W140, enquanto o mais potente já usava a versão de 7,3 litros preparada para render 760 cv —, estamos falando do mesmo motor.

Isto é bastante raro em motores de desempenho extremo usados em supercarros — normalmente eles são desenvolvidos especialmente para o modelo e, quando este sai de linha, o motor também se aposenta. Com o Zonda, não — as evoluções constantes, que incluem componentes muito mais existentes, garantiram que o Zonda jamais deixasse de usar o M120 e ainda o passasse para seu sucessor, o Huayra — que, aliás, acaba de receber uma versão biturbo do motor, capaz de entregar nada menos que 800 cv!

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Isto sem falar nos outros carros que usaram o motor M120: além do todo-poderoso Mercedes-Benz CLK GTR, que emprestou seu M120 de 750 cv para o Pagani Zonda R, diversas preparadoras alemãs deram um jeito de transformá-lo em um carro ainda mais potente: a Brabus colocou uma versão de 7,3 litros e 580 cv em um SL600 modificado chamado Brabus 7.3S (na verdade, eram 7,4 litros)…

… enquanto a Carlsson criou o incrível, porém um tanto desconhecido, RS74 Le Mans. No caso, o deslocamento era ampliado para 7.414 cm³ e a potência chegava a 620 cv, com 86,7 mkgf de torque e a capacidade de chegar aos 100 km/h em 4,9 segundos, com máxima de 330 km/h. Com câmbio manual de cinco marchas! Ah, e o conjunto também estava disponível na versão sedã, o C74 Le Mans.

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Dá para imaginar que o M120, com tanto poderio oculto, ainda será produzido por algum tempo — ou ao menos enquanto Horacio Pagani estiver vivo e desenvolvendo supercarros. O que, finalmente, nos traz de volta à pergunta de hoje: qual é o motor longevo mais incrível de todos os tempos?

Vale lembrar que nós sabemos que existem motores de alto desempenho ainda mais longevos, como o V8 Chevrolet small block, mas nós escolhemos o V12 do Zonda exatamente por ser um motor que já é fabricado há bastante tempo não apenas em termos gerais, mas para um supercarro. E também que não queremos apenas motores de altíssimo rendimento, mas também de carros mais comuns, que estão por aí há vários anos ou mesmo décadas. A caixa de comentários é toda sua!