Um dos primeiros conselhos que ouvi ao comprar meu primeiro carro dizia que “carros são uma segunda família”. Na época isso não fez muito sentido, afinal, tudo o que eu ganhava poderia ser torrado no carro, mas depois que comecei a pagar contas e, de fato, tive uma família o conselho se mostrou certeiro.
Não é apenas a questão de comprar comida, roupas, pagar a escola e o plano de saúde. Isso é o básico do negócio. Às vezes seu filho decide usar seu cartão de crédito para fazer compras na internet, apronta no condomínio e acaba trazendo uma multa no fim do mês. Um dia você liga a máquina de lavar e ela não enche de água, outro dia é o telefone que queima depois da tempestade, sua esposa fica doente e precisa de exames, sua filha detona sua conta telefônica, e todos aqueles imprevistos que toda família encontra de vez em quando.
Seu carro é exatamente como ela: você abastece apenas com gasolina aditivada ou premium, troca o óleo dentro dos intervalos previstos, os pneus são substituídos logo ao chegar no TWI e seu seguro — o estacionamento estão sempre em dia. Só aí já temos uma senhora despesa, às vezes muito maior que o combo padrão da casa — luz, telefone, TV, internet e água.
Mas às vezes você entorta a roda naquele buraco que o prefeito dos radares não tampou, algum troglodita abre a porta sem cuidado no supermercado, um desocupado acha que seu carro é uma tela em branco para uma pintura com pregos, o ventilador do ar-condicionado resolve entrar em greve por trabalhar demais no verão, o rolamento do cubo de roda começa a roncar mais que o seu sogro no domingo à tarde e por aí vai.
O fato é que carros, assim como você e sua família, estão sempre prontos para trazer uma despesa extra não prevista, e que você irá bancar sem arrependimentos, afinal, você ama esse negócio. Quem mantém uma planilha de custos certamente já ficou surpreso ao ver quando seu querido, amado e adorado automóvel gasta ao longo dos 365 dias de um ano. Outro dia, um grande amigo me enviou suas planilhas: seu Honda Fit 2011 consumiu nada menos do que R$ 16.328 durante um ano entre abastecimentos, multas, seguro, estacionamento e manutenção. Quase 50% do valor de tabela do carro.
Claro, esse argumento é usado por muitos vendedores para te convencer a comprar um carro novo — em vez de pagar mais 50% do valor do carro em despesas, use os 50% para comprar um mais novo. Como se um carro novo não tivesse despesas…
Você talvez não seja metódico como esse amigo do Honda Fit e nem guarde suas notas de abastecimento ou do estacionamento, mas não é por isso que você ficará sem saber quanto seu carro te custa por ano, ou por dia. Há alguns dias, o leitor Henrique Romano compartilhou um link bacana que calcula os gastos médios que você tem com seu carro.
O nome do site é “Meu Carro é um Monstro”, uma brincadeira com o fato de nossos carros serem de fato monstros comedores de dinheiro. Você insere informações básicas sobre seu carro — modelo, ano de fabricação, de compra — e preenche os campos com suas despesas médias. Então ele calcula automaticamente quanto seu carro te custou até hoje, por dia, mês, ano e acumulado.
O site tem jeitão de campanha de internet e de fato parece ser uma forma de mostrar que seu carro pode ser mais caro que o sistema de compartilhamento de carros que deverá ser lançado em breve por quem está por trás do “Meu Carro é um Monstro”. Mesmo assim, é uma das ferramentas mais interessantes para descobrir se seu carro está gastando muito o seu dinheiro, ou também para simular quanto você gastará por mês financiando aquele carro bacana que você está de olho — basta somar o valor do financiamento ao valor médio mensal da manutenção/desvalorização.
Ele só tem algumas falhas e limitações: ele considera o valor de tabela do seu carro — se você comprou abaixo da tabela o resultado será impreciso; seu carro não pode ser fabricado antes de 1985 — provavelmente por causa do valor comercial distorcido pelo mercado de antigos; e você não pode tê-lo comprado antes de 2001. Outro inconveniente é que mesmo tendo um carro econômico e que não gasta com seguro e estacionamento, o site irá considerá-lo “gastador”. Ignore esse resultado, atenha-se aos números e seja feliz (ou morra de raiva descobrindo que você torra uma fortuna com ele).
Agora, esta é a mais básica das ferramentas para controle de gastos e despesas com seu carro. A internet e as lojas de aplicativos para smartphones – Google Play, iTunes Store e a Loja do Windows Phone – estão repletos de alternativas bacanas para controlar a grana que você torra com seu carro. Qual é o melhor site ou aplicativo para gerenciar gastos e despesas do seu carro? A caixa de comentários é toda de vocês.