Depois de falarmos de sedãs médios, SUVs compactos, hatchbacks médios e dos carros brasileiros com a melhor relação entre peso, potência e preço, chegou a hora de falarmos das picapes médias, que mostraram ter uma série de fãs aqui no FlatOut.
A ideia, para quem acompanha a série desde o princípio, é mostrar os modelos que cobram menos por carrocerias mais leves e motores mais potentes. Sabemos, antes de mais nada, que picapes médias precisam mais de torque que de potência, ainda que elas também sejam vistas cada vez mais como modelos luxuosos que também se prestam a trabalho. Algo parecido com o que os SUVs se propuseram a ser quando o Land Rover Range Rover surgiu.
Mesmo com isso em mente, aplicamos o mesmo critério a todos os modelos brasileiros. E talvez façamos, no futuro, uma série sobre os carros que cobram menos pela melhor relação peso/torque. Mas, no momento, a ideia é mostrar a relação mais tradicional, mesmo. Em todos os segmentos de mercado. Com 471 variações só de carroceria e motorsão muitas.
Vale repassar o raciocínio por trás do levantamento, que durou uma semana inteira para ser tabulado. E que nunca termina: sempre tem alguém que aumenta preços. No levantamento dos SUVs, foi o Jeep Renegade. No de sedãs médios, o pessoal da Renault, subiu o preço do Fluence. Agora, a Volkswagen mudou os preços da Amarok. A versão S com cabine simples foi de R$ 105.990 para R$ 106.990, mas isso não mudou sua posição neste ranking.
Voltando ao levantamento, ele chegou aos 471 modelos e versões que mencionamos no início. São os mais leves e mais baratos de cada carro à venda no Brasil, com cada um dos motores e das carrocerias que eles oferecem. Com os dados de peso, potência e preço de cada um.
Consultamos engenheiros, economistas e contadores atrás da melhor fórmula que juntasse preço, potência e peso e a que eles nos sugeriram foi potência/peso/preço, ou, mais tecnicamente, (potência/peso)/preço. Eis a calculadora que criamos para esta conta:
Imaginamos um carro de 200 cv, 1.500 kg e R$ 90.000. O resultado da divisão da potência pelo peso e disso pelo preço dá 14,81 x 10e-7, ou 0,000001481, mas preferimos a forma reduzida. Quanto maior é o número, melhor é o equilíbrio do carro entre os três fatores.
Experimente mudar a potência para 500 cv. Vai dar 37,04 (x 10e-7…). Ótimo! Experimente, agora, diminuir o peso para 900 kg. O resultado será 24,69, se os demais valores continuarem os iniciais. Por fim, diminua o preço para R$ 50.000. O índice pula para 26,67. Percebeu? Pode brincar à vontade com a calculadora acima. Inclusive para ver como se saem os carros que você andam considerando comprar.
Se há um setor que não deveria enfrentar dificuldades é o de picapes médias. Isso porque elas estão diretamente ligadas ao setor do agronegócio, um dos poucos a não refletir tanto a retração em nossa economia, apesar do desaquecimento do mercado chinês e a consequente queda no preço das commodities. Ainda há prosperidade no campo. E o campo precisa de picapes.
Assim como na reportagem anterior, vamos apresentar os resultados do 10º colocado para o 1º, como nos sugeriu o leitor Roberto Macedo. Cria um suspense legal para descobrir quem oferece mais por menos neste segmento. Pelo menos no que se refere a potência.
Por fim, fazemos a mesma ressalva presente desde o princípio: o que apresentamos não é nenhuma recomendação de compra ou coisa que o valha. São apenas os resultados matemáticos e democráticos a nosso questionamento inicial. Eles não levam em conta acabamento, comportamento dinâmico, sensação ao dirigir nem itens de série (ou a falta deles). Só a melhor relação entre peso, preço e potência.
E as vencedoras entre as picapes médias são…
10º – Chevrolet S10 LS CS Turbodiesel (8,81)
Por conta do preço, a maior parte das picapes turbodiesel do mercado ficou nas últimas posições do segmento. É algo que um volume maior de produção dos motores diesel provavelmente ajudaria a corrigir, mas que é justamente o preço que impede que aconteça. Ainda que seja difícil sair deste enrosco, a S10 LS CS com este motor, a mais cara entre as dez primeiras colocadas (R$ 119.990), consegue se dar bem por sua boa relação peso/potência (9,46 kg/cv), a terceira melhor desta lista. Valeu o 10º lugar.
9º – Toyota Hilux CD 4×4 Flex (8,99)
A Toyota Hilux CD FLex não é leve nem é potente. Também não se destaca pelo preço baixo, mas é o equilíbrio entre estes três fatores que lhe garantiu o nono lugar. Vale lembrar que sua nova geração já foi mostrada na Tailândia e que ela deve ser lançada no Brasil em breve. Se você pretende comprar uma, peça um bom desconto ou espere pela nova geração.
8º – Mitsubishi L200 Triton GLX 3.2 Turbodiesel (9,01)
Para um modelo turbodiesel com cabine dupla, a pechincha do mercado tem nome e sobrenome: é a L200 Triton GLX, da Mitsubishi. Também já existe uma nova geração da picape no exterior, mas o fato de ela ser fabricada no Brasil, sob licença da empresa japonesa, ou seja, sem seu envolvimento direto no gerenciamento da marca, dá à Triton uma sobrevida. Se ela mudar, isso deve acontecer apenas dentro de um ano ou mais. Enquanto isso, vale refletir sobre o bom motor turbodiesel que a equipa e o valor, mais baixo que o cobrado pela Toyota em sua picape flex, também com cabine dupla.
7º – Mitsubishi L200 Triton HPE 3.5 Flex (9,49)
A versão HPE da L200 Triton não tem motor diesel, mas vem com 205 cv, ou 25 cv a mais que sua irmã fã de gasóleo. Também custa R$ 13.500 a mais do que a versão que ficou em oitavo lugar, prova de que o preço não é tão decisivo neste ranking quanto poderia parecer. A relação peso/potência desta L200 é a segunda melhor desta lista, com 9,05 kg/cv, o que foi decisivo para sua boa colocação.
6º – Chevrolet S10 LS CD 2.4 Flex (10,01)
Como o modelo com a pior relação peso/potência entre as dez picapes vencedoras (12,22 kg/cv) conseguiu o sexto lugar? Com uma importante ajuda do preço, o terceiro mais baixo entre as dez mais. E com cabine dupla, o que é uma vantagem para quem procura um modelo com mais praticidade.
5º – Ford Ranger XLS 2.5 Flex (10,26)
A Ranger demorou a aparecer entre as dez mais, mas não veio fraca. Pegou logo a quinta posição. Sua potência, de 173 cv, ajudou, ainda que ela seja a picape mais razoavelmente pesada. Mas o que a salvou mesmo foi seu preço (R$ 90.700). A Ranger é outra picape que deve receber mudanças. Só uma reestilização leve, mas é bom ficar prevenido, em caso de interesse.
4º – Mitsubishi L200 Triton HLS 2.4 Flex (10,63)
Eis a melhor posição atingida pela Mitsubishi. Sempre com carroceria de cabine dupla, a única que ela oferece, e com um excelente preço, apesar do motor mais fraco dentre as dez primeiras colocadas. O segredo de seu sucesso é ser esbelta: só 1.600 kg. Não é pouco, mas, relativamente à concorrência, ninguém fez melhor.
3º – Chevrolet S10 LS CS 2.4 Flex (11,96)
A S10, que emplacou o maior níumero de versões entre as picapes médias mais bem colocadas quando preço, potência e peso são relacionados, chega também ao terceiro lugar. Ela é a picape mais barata deste ranking, vendida a R$ 72.350. Seu motor não é dos mais potentes, mas seu peso também não prejudica (é o segundo melhor desta lista). Fala-se em uma reestilização para a S10, mas ainda não tivemos notícia de nada muito confirmado. Vale só ficar atento. Se vier mudança, será só uma reestilização.
2º – Ford Ranger Sport CS 2.5 Flex (12,33)
Quem disse que picape depende só de torque, não é mesmo? A versão com cabine simples da Ranger não deixa dúvidas quanto a sua vocação nem no nome: Sport. Tem 173 cv, 1.743 kg e o segundo melhor preço dentre suas concorrentes: R$ 80.500. É uma receita matadora para se dar bem quando o que está em jogo é o melhor custo/benefício por desempenho. Teria sido a campeã, não fosse por um detalhe de tecnologia…
1º – Chevrolet S10 LT CD 2.5 Flex (12,43)
Importado de Flint, nos EUA, o motor 2.5 flex da Chevrolet tem algo que poucos modelos fabricados no Brasil e no Mercosul oferecem: motores de injeção direta. Fora o Ford Focus e os modelos PSA com o motor THP, além do recentíssimo e nacional up! TSI e seu motor 1.0 turbo de injeção direta, ninguém mais conta com a tecnologia. Tanto que muitos suspeitavam que o Cruze viria com injeção direta, em sua reestilização, mas isso não se estendeu ao motor do sedã.
Com cabine dupla, 1.823 kg e 206 cv de potência, o pacote casou bem demais com os R$ 90.890 cobrados pela picape. Quem procura um modelos com desempenho a bom preço tem nesta versão da S10 a melhor opção.
Para ver a posição de todas as picapes médias que entraram nesse ranking (as versões mais leves e mais baratas para cada motor oferecido na linha), confira a tabela abaixo: