A Renault apresentou nesta sexta-feira (9) no Salão de Buenos Aires, seu novo modelo de entrada, o Kwid. O lançamento estava previsto originalmente para novembro do ano passado, mas acabou adiado para este final de semestre.
Foi no Salão de São Paulo que a Renault apresentou o modelo pela primeira vez no Brasil, ainda em forma de conceito e formando um trio de “SUV” com o Captur e o Koleos. Sim: a marca francesa decidiu que este hatchback não é um mero hatchback compacto, mas um SUV compacto.
Conceito Kwid Outsider apresentado em São Paulo em 2016
Achamos que talvez a Renault fosse dar ouvidos à razão e desistir da ideia de chamá-lo de “SUV”, porém a marca continuou neste devaneio de marketing e o apresentou como “o primeiro SUV compacto do mundo” — que é mais ou menos como chamar um gato bengal de “o primeiro mini-leopardo do mundo”. A Renault até divulgou ângulos de ataque e saída para tentar justificar o nome, porém não mencionou o mais importante em um SUV, que é o ângulo de transposição.
As dimensões do Kwid também não ajudam a convencer de que se trata de um SUV e não um simples hatchback compacto. São 3,68 m de comprimento, 2,42 m de entre-eixos, 1,59 m de largura e 1,47 m de altura. Como comparação, o Fiat Uno Way é 9 cm mais longo (3,77 m), 6 cm mais largo (1,65 m) e 8 cm mais alto (1,55 m), embora tenha 5 cm a menos de entre-eixos (2,37 m), e apesar de sua suspensão elevada — que resulta em um vão livre do solo de 19 cm (1 cm a mais que o do Kwid) — ele continua sendo um hatchback altinho.
A terminologia bizarra, contudo, não apaga as qualidades do design do Kwid: as proporções são equilibradas, o visual é parrudo e os protetores plásticos nos para-lamas se integram bem ao desenho do carro.
O entre-eixos e o porta-malas têm as mesmas medidas que no Chevrolet Onix, que é um carro maior e mais largo. Nesse aspecto só o painel ficou devendo um pouco mais de inspiração; seu visual não condiz com o visual externo, e tem um ar datado apesar da tela do sistema multimídia oferecido na versão de topo.
A Renault também faz questão de citar o “chassi reforçado”, uma forma sutil de dizer que fez modificações estruturais em relação ao modelo indiano, que pagou um mico monumental nos testes de colisão locais (que são ainda menos rigorosos que os do Latin NCAP). Outra diferença do modelo brasileiro em relação ao indiano é o quadro de instrumentos analógico no lugar do digital oferecido por lá.
Kwid Life
O Kwid será oferecido em três versões: Life, Zen e Intense. A primeira delas, Life, custa R$ 29.990, que tecnicamente é menos de R$ 30.000, e já vem equipada com airbags laterais e sistema Isofix para assentos infantis. Mas sem um mágico no departamento de desenvolvimento, a versão precisou economizar em outros aspectos: não vem equipada com direção elétrica, nem revestimento das caixas de roda no porta-malas, retrovisor interno sem defletor de luz (aquela alavanca que você usa à noite para não ser ofuscado por outros carros), nem vidros elétricos, muito menos ar-condicionado.
Kwid Zen
Quem fizer questão destes equipamentos (e você vai fazer; afinal, como já dizia Dom Toretto, aqui é o Brasil) terá que desembolsar os R$ 35.390 cobrados pela versão Zen, que ganha direção com assistência elétrica, vidros e travas elétricas e ar-condicionado. O rádio 2-DIN com Bluetooth, USB e conectividade com dispositivos Apple é seu único opcional.
Kwid Intense
No topo da linha está a versão Intense, que esbarra nos R$ 40.000 (R$39.990) e vem equipado com os mesmos itens da versão Zen, mais o rádio 2-DIN opcional daquela versão, faróis de neblina, computador de bordo, conta-giros, rodas de liga leve de 14 polegadas, apoio de cabeça central no banco traseiro, bolsas no verso dos bancos dianteiros e maçanetas externas na cor da carroceria.
Sistema multimídia com navegador GPS, câmera de ré, chave canivete, retrovisores elétricos e abertura do porta-malas pela chave são opcionais incluídos no pacote Connect, que não teve seu preço divulgado. Também é possível optar por grade frontal cromada, retrovisores pintados de preto brilhante, maçanetas internas cromadas, banco e volante customizados com couro branco marfim e as rodas pintadas de cinza escuro (como nas imagens de divulgação).
A paleta de cores tem seis tons: Preto Nacré, Vermelho Fogo, Laranja Ocre, Prata Etoile, Branco Marfim e Branco Neige. Com exceção desta última, todas custam R$ 1.400.
Nota-se que a Renault tentou ao máximo enxugar os custos no modelo, e isso refletiu até mesmo no motor 1.0 ScE, que não é exatamente o mesmo oferecido no Logan e no Sandero. Embora compartilhe o mesmo bloco, cabeçote e demais componentes internos, o comando de válvulas não tem variação como nos irmãos mais caros. O consumo não parece ter sido afetado, uma vez que a Renault divulga médias de 15,2 km/l com gasolina e 10,2 km/l com etanol (provavelmente em percurso rodoviário), porém a potência é significativamente inferior: em vez dos 77 cv com gasolina e 82 cv com etanol, o 1.0 ScE do Kwid tem apenas 66 cv com gasolina e 70 cv com etanol — ambos a 5.500 rpm.
O modelo já pode ser reservado no sistema de pré-venda, mediante pagamento de um sinal de R$ 1.000 (que pode ser parcelado em três vezes no cartão de crédito). Os interessados precisam visitar o hotsite do Kwid, configurar o modelo de acordo com seu interesse e aguardar o contato da concessionária escolhida em até quatro horas. Os clientes que adquirirem o carro por esse sistema ganharão a primeira revisão paga pela Renault e serão os primeiros a receber o carro.
O Kwid tem três anos de garantia e plano de manutenção de “menos de R$ 1 por dia” nos três primeiros anos. Os modelos financiados pelo Banco Renault têm garantia estendida para cinco anos.