FlatOut!
Image default
Car Culture Zero a 300

Samsung SSC-1: quando a gigante dos eletrônicos decidiu fazer um esportivo com motor central-traseiro

No mercado dos aparelhos eletrônicos, dá para arriscar dizer que maior rivalidade existente é entre a Apple e a Samsung – dizem que quando uma faz, a outra imita. Agora, por aqui não importa se você curte iPhone ou Galaxy – o FlatOut é um site sobre carros, não smartphones. Mas… quando se trata de carros, a Samsung saiu na frente.

Enquanto surgem, de tempos em tempos, especulações (meio viajadas, na maioria das vezes) sobre um suposto carro da Apple, a Samsung já fabrica automóveis na Coreia do Sul há anos. O Renault Fluence, por exemplo, é vendido na Coreia do Sul como Samsung SM3. Na verdade a companhia se chama Renault Samsung Motors, e nós já vamos explicar o motivo.

A questão é que, no início dos anos 1990, a Samsung começou a colocar em prática a ambição de fabricar automóveis. Ainda era um período de prosperidade na Ásia, e a indústria automotiva na Coreia do Sul estava começando a aflorar. Mas não duraria muito. Primeiro, em 1994, a Samsung abriu duas subdivisões: Samsung Motors, dedicada a carros “normais”, e Samsung Sports Cars, ou SSC, dedicada aos esportivos.

autowp.ru_samsung_sm520le_1

Enquanto a Samsung Motors desenvolvia, em parceria com a Nissan, a primeira geração do sedã SM5 (que usava a plataforma do Nissan Maxima), a Samsung Sports Cars trabalhava na criação do SSC-1, um esportivo com motor central-traseiro, dois lugares e carroceria em forma de cunha. O motor era o V6 VQ25DE, o mesmo usado pelo SM5, com 190 cv a 6.400 rpm e 24 mkgf de torque; e era acoplado a uma transmissão manual de cinco marchas.

SAMSUNG (2) SAMSUNG (9)

O único protótipo feito era totalmente funcional, com suspensão por braços triangulares sobrepostos nas quatro rodas e freios Brembo abrigados sob as rodas de 17 polegadas. Tinha também interior completo, com bancos Recaro revestidos em couro, volante Momo e central multimídia com tela sensível ao toque.

SAMSUNG (12) SAMSUNG (11)

Os faróis eram os mesmos do Nissan 300ZX, enquanto as lanternas lembravam as peças do Toyota Supra de quarta geração. É um mistério, porém, a plataforma adotada pela Samsung, que se limitou a dizer que o carro tinha estrutura de alumínio e carroceria de fibra de vidro.

SAMSUNG (8)

Não dá para dizer que era um carro feio. Só havia um problema: em 1995, durante o desenvolvimento do SSC-1, uma crise financeira se abateu sobre a Ásia e a indústria automotiva sul-coreana praticamente entrou em colapso. Com isto, a Samsung Sports Cars foi colocada à venda e apenas a Samsung Motors, que fazia carros mais “comuns”, foi levada adiante.

Isto não impediu a Samsung de levar o SSC-1 até o Salão do Automóvel de Seul de 1997, ao lado do SM5, como forma de chamar a atenção para o estande da marca e, quem sabe, conseguir um comprador para sua divisão de esportivos. O que acabou não acontecendo: a Hyundai já estava no meio das negociações para comprar a Kia, que estava praticamente falida; e a Daewoo estava sendo absorvida pela General Motors.

Para a sorte da Samsung, em 1999 a Renault e a Nissan deram início, junto da Mitsubishi, a uma aliança que dura até hoje. Assim, no meio do bolo, a Samsung Motors foi comprada pela Renault e passou a se chamar Renault Samsung Motors, ou RSM. E é graças a esta negociação que existem o Samsung SM3/Renault Fluence, por exemplo.

SAMSUNG (5)

Agora, alguns detalhes importantes: como lembra o pessoal da Road and Track, não existem fotos do carro no evento no qual ele foi revelado em 1997. Os poucos registros visuais do carro são de 2001, quando o carro foi exibido no Salão do Automóvel de Busan, onde fica a fábrica da Renault Samsung; e 2002, já pintado de amarelo e com rodas diferentes. Por conta disto, há quem acredite que na verdade foram feitos dois protótipos do Samsung SSC-1, embora isto jamais tenha sido confirmado oficialmente pela Samsung.

SAMSUNG (6) SAMSUNG (7)

O que se sabe é que as fotos do SSC-1 amarelo foram tiradas no Samsung Transportation Museum, onde ele provavelmente está até hoje. Nos últimos anos alguns veículos da imprensa ocidental já tentaram entrar em contato com o museu para obter esclarecimentos sobre a existência de outro protótipo, ou ao menos para conseguir mais informações técnicas a respeito do esportivo. Ninguém, contudo, teve sucesso.