Desde que o Willys Interlagos foi lançado, em 1962, o mercado brasileiro quase sempre teve opções de esportivos nacionais aos consumidores que procuram um pouco mais de diversão no caminho entre o ponto A e o ponto B. Prova disso é que grande parte dos clássicos nacionais é formada pelas versões esportivas, que também tendem a ser as mais valorizadas.
Mas curiosamente, o período em que mais se vendeu carros na história da nossa indústria — 2010 a 2012 — foi o mesmo em que menos tivemos opções de esportivos nacionais. Claro, havia os “esportivos de adesivo”, os modelos que ganhavam rodas maiores, adesivos e faixas, apliques no painel e… nenhuma modificação mecânica que os diferenciasse das versões caretas na hora de acelerar e encarar as curvas.
Esportivos precisam de tempo e dinheiro para seu desenvolvimento e a indústria havia acabado de passar por uma crise mundial. Então a forma de aproveitar um mercado aquecido foi com essas versões que tinham poucas alterações (e consequentemente eram mais baratas) e um valor de imagem maior. É por isso que vimos tantos “Sportings”e “GT Lines” e “Sportlines” e foi por isso que os esportivos “de verdade” — aqueles com mais potência e dinâmica mais afinada — acabaram relegados por algum tempo no mercado brasileiro. Mas agora eles finalmente estão voltando. Ao menos é o que estes três futuros lançamentos prometem.
Peugeot 208 GTI
O primeiro futuro esportivo nacional a entrar no radar é o Peugeot 208 GTI. Em vez de importar o 208 GTI da França, a Peugeot percebeu que seria mais negócio fazer uma variação do esportivo no Brasil usando como base o modelo produzido aqui e o motor 1.6 THP, que será oferecido futuramente no 2008, o crossover que a Peugeot irá fabricar no Brasil a partir deste ano para brigar com EcoSport, Duster, Tracker e Renegade.
O 208 GTI já foi flagrado diversas vezes em testes pelo Brasil, mas sua chegada ainda não tem data confirmada. Muita gente (nós, inclusive) esperava que ele fosse a surpresa da marca no Salão de São Paulo de 2014, mas o modelo ainda permanece como um segredo de fábrica. O que se fala, contudo, é que ele será lançado após a reestilização da linha 208, que deverá acontecer no próximo ano.
Considerando o que vimos nos flagras e os boatos a respeito do 208 GTI, ele será oferecido somente na versão quatro-portas (a única carroceria do 208 feita no Brasil) e o motor 1.6 THP deverá ser uma variação flex, já adotado no C4 Lounge com 172 cv. Se isso se confirmar, ele será mais potente que o Citroën DS3, que usa uma versão de 165 cv do motor 1.6 THP. Além do motor ele deverá ter suspensão recalibrada para a proposta esportiva.
No campo estético ele deverá ter saída de escape dupla, teto panorâmico (que já equipa as versões topo de linha) para-choques mais agressivos e spoiler no teto, além de rodas de 17 polegadas exclusivas da versão. Logicamente ainda não há previsão de preços, mas considerando que o mais caro dos 208, a versão Griffe, sai por R$ 60.000 e o importado DS3 custa R$ 80.000, um 208 GTI nacional se encaixaria na casa dos R$ 70.000.
Volkswagen GT up!
Enquanto você ficava aí sonhando com um Gol GTI equipado com o motor 1.4 turbo do grupo Volkswagen, a fabricante alemã estava preparando uma versão esportiva do up ponto de exclamação. Os fãs do compacto devem lembrar que, antes de ser produzido por aqui, ele ganhou uma versão esportiva chamada GT up!, que foi apresentada no Salão de Frankfurt de 2011.
Os motivos que levaram a Volkswagen decidir lançar um esportivo do up ponto de exclamação (em vez do Gol GTI) ainda não são conhecidos. Tudo leva a crer que a marca quer alavancar as vendas dos modelos mais básicos, que ainda não superaram as expectativas – nem aqui, nem na Europa.
A versão de produção do GT up! não terá os para-choques agressivos vistos no conceito de 2011. Em vez deles o modelo nacional terá um bodykit esportivo, rodas exclusivas de maior diâmetro (possivelmente 16 polegadas) e o inédito motor 1.0 turbo de três cilindros e injeção direta. A opção pelo 1.0 turbo se deve ao espaço no cofre do up!, que não comporta motores maiores que o EA-211.
Na Europa esse motor é oferecido com três níveis de potência: 96 cv, 115 cv e 130 cv. No cofre do up! estima-se que ele irá produzir em torno de 105 cv devido à maior taxa de compressão do motor flex e o devido remapeamento de injeção e ignição. De qualquer forma, melhor para os fãs de hot hatches, uma vez que o compacto pesa 960 kg, o que resultaria em uma apetitosa relação peso/potência de 9,1 kg/cv. Ainda não se sabe qual câmbio será usado, mas se a ideia é fazer frente ao Uno Sporting 1.4, é provável que a Volkswagen vá oferecê-lo como manual ou automatizado, uma vez que o Fiat é oferecido com as duas opções. Ainda há a possibilidade de equipá-lo com o câmbio de seis marchas do Fox, que usa as mesmas relações, e diferencial encurtado.
Agora, se você está esperando um esportivo barato só por que ele é baseado no modelo de entrada, melhor cair na real: o atual up! i-Motion Black/White/Red com toda a lista de opcionais preenchida chega aos R$ 48.000. Já o Fiat Uno Sporting, com motor 1.4 e 88 cv sai por R$ 42.000 quando equipado com ar-condicionado. Por isso, nosso palpite é que o GT up! com motor 1.0 turbo de 105 cv não saia por menos de R$ 45.000.
Renault Sandero RS
O terceiro e, possivelmente o mais próximo de chegar as ruas, é o Renault Sandero RS. As primeiras notícias de que a Renault estava preparando esta versão esportiva surgiram na metade do ano passado e, apesar do envolvimento da Renaultsport no projeto muita gente ainda esperava uma versão “esportivada”, como foi a GT Line oferecida na primeira geração do hatch franco-romeno.
Mas, para nossa surpresa e alegria, a Renault decidiu realmente colocar um motor especial no Sandero RS, mais exatamente o 2.0 F4R do Renault Duster, derivado da mesma plataforma que o Sandero. O modelo já foi até mesmo flagrado em testes e, segundo o pessoal do Renault Clube, que parece ter um insider na fábrica de São José dos Pinhais, o modelo já está sendo produzido por aqui.
A receita do Sandero RS é tão apetitosa quanto uma taça de creme brulée: motor 2.0 16v de 158 cv (sim, mais potente que o Duster) com dois mapeamentos diferentes ativados por um botão no painel, freios e suspensão desenvolvidos pela Renaultsport — que também produziu as rodas de 17 polegadas — e câmbio manual de seis marchas. No quesito visual, ele terá para-choques mais agressivos, com acabamento que imita um difusor na traseira, escape com saída dupla e um spoiler funcional no teto. O peso total ficará abaixo dos 1.100 kg, o que resultaria em uma relação de cerca de 7 kg/cv.
Quanto ao preço… bem, desta vez você certamente não esperava algo barato, não é mesmo? Pois as estimativas falam em torno de R$ 60.000 e R$ 65.000. É caro? Tudo vai depender do nível de diversão e desempenho que ele entrega por essa grana. O Fiat 500 Abarth, por exemplo, tem 167 cv (9 cv a mais), mas pesa 1.164 kg (o que deve se traduzir em um desempenho semelhante) e seus preços partem de R$ 81.700.