Quantas vezes você já viu um carro à venda na rua, em uma loja ou na internet (em nossos Achados Meio Perdidos), cobiçou, chegou a fazer algumas contas e acabou desistindo ou não podendo comprar? Perguntamos aos leitores se eles tinham alguma história do tipo, e estas são as respostas. Tem cada história!
Percebemos alguns padrões nas respostas: muitos perderam a oportunidade de comprar um muscle car há uns dez ou quinze anos, quando eles valiam pouco mais que quase nada (só ler a matéria sobre o assunto que publicamos há alguns dias); outros até consideraram a compra de um importado sem valor de mercado, mas muito o que oferecer, mas ficaram com medo de não conseguir cuidar dele; alguns ainda só não tinham dinheiro ou não conseguiram ir ver o carro a tempo; e teve até quem soubesse que estava prestes a abraçar uma bela bomba e (in)felizmente desistiram a tempo.
Para deixar a coisa mais equilibrada, incluímos os 5 mais votados e os 5 que achamos mais legais. Acompanhe os “causos” e venha lamentar com a gente! Ah, e as imagens são ilustrativas.
Os cinco mais votados
Rodrigo Sublime e o Chevrolet Impala 1962
O meu foi um Impala 62 Azul, isso em 1999, placa preta, de MG (eu ia buscar e levar rodando pra SP). Ele queria na época R$ 15.000 — para efeito de informação, o Uno Mille valia R$ 9.990. Meu pai na época me criticou tanto que desisti! Tenho as fotos e negociações com o antigo proprietário guardadas até hoje…
Acontece muito: sobra disposição, sobra dinheiro, mas falta apoio moral.
mansadordeputa e o Chevrolet Opala 1972
Um Opala 72, branco com motor 4 cilindros fumando, mas com a lataria sem nenhum podre, com o estofamento impecável, com cambio na coluna de direção e bancos inteiriços (e capacidade pra levar eu mais 5 moças dentro. Ô arrependimento…
Por que você não ficou com este carro, cara?
Felipe Vinicius e o Fiat Marea 2002
Um Marea turbo 2002 por R$ 17 mil , maravilhoso com teto e couro cinza. Meu pai e minha namorada me fizeram desistir da ideia, e me fizeram ver que o mais racional era um Mille Economy 2009 básico. Arrependimento e ódio.
Calma, cara. Eles só queriam te proteger! (Brincadeira, a gente aqui adora o Marea Turbo)
Allracing 77 e o Mitsubishi Lancer Evo IX
Há mais ou menos uns 5 anos encontrei um anuncio de um Lancer Evo IX MR, totalmente original, baixa quilometragem. O carro estava em uma loja na Zona Leste de São Paulo, e eu saí do Rio de Janeiro numa segunda-feira de manhã pra ver o carro. Demorei um pouco para encontrar o lugar, quando cheguei, um cara já estava fechando negócio. Ainda fiquei por lá mais umas horas pra ver se o sujeito desistia, mas foi em vão…
Acontece com mais frequência do que você imagina: não faltava dinheiro, coragem e nem apoio moral, mas faltou tempo. O leitor perdeu a viagem e não voltou com o Evo para casa.
Raphael Medeiros e o BMW M3 E36
Um BMW M3 1994, azul escuro, com 100 mil km. Desisti devido ao meu medo em relação à manutenção.
Estes carros costumam ser baratos na hora da compra, mas na hora da manutenção os preços de modelo de alto desempenho continuam. É melhor ter certeza do que você pode aguentar antes de embarcar em uma dessas.
As cinco escolhas da redação
jose_sherman e o Dodge Charger
Só me vem à mente um Charger azul (não era mais o azul original, mas quem se importa?), rodando e documentado, que o dono queria R$1.200 em 2002, e meu primo que foi ver o carro com a gente disse que “estava barato, mas ia dar muito trabalho…” Sim, ia dar algum trabalho pra levantar o carro, mas até hoje meu cotovelo dói.
Você não é o único, Sherman… não faltam casos de oportunidades desperdiçadas assim.
Crazy_finnish e o Dodge Dart SE
Um Dart SE verde desinfetante, que havia sido pintado no rolinho, bancos destruídos e forrados com uma manta velha. Mas estava com todos os detalhes, alinhado mas com uns amassados e um motor honesto. O cara, que morava em um cortiço e juntava ferro velho, queria R$ 1.200, mas R$ 400 eram débitos de documentos, (isso foi em 1994). Sinto que aquele Dodge ficou magoado quando eu desisti dele. Me arrependo até hoje…
Não dissemos?
Fabio Augusto e um Maverick V8
O meu foi uns 10 anos atrás: um Ford Maverick branco, não sei o ano. Estava instalado o motor 6 cilindros, mas o antigo dono entregou o carro e o motor V8 original junto “de brinde”, pois estava incompleto. Preço na época? R$ 7.000,00 e alguma coisa. Choro até hoje.
Hoje você consegue no máximo um motor V8 302 funcionando com R$ 7.000, mas todo o resto do carro e a mão de obra de instalar e acertar não estão inclusos na conta.
MatthewBMW e o Audi RS2 Avant
Foi uma Audi RS2 Avant anunciada da forma como que pediríamos em nossas orações: azul, conservada e, principalmente, original. Dizia o anúncio que o carro já pertenceu à família Senna. Depois que coloquei na balança se deveria ou não comprar, decidi por ligar pra fechar a compra no dia seguinte. E tinha acabado de ser vendida. Ironias do destino, o dono naquela época morava na minha cidade e hoje o conheço. Qual carro ele comprou depois dela? Um Camaro SS mecânico (LS3, claro). Demorou um pouco mas o arrependimento veio. Tentamos rastrear a RS2 depois e o atual dono recusou a oferta de R$ 120.000.
Um Audi RS2 costuma ser vendido por algo entre R$ 80-90 mil — os poucos que estão à venda. Se bem que, se tivéssemos um, também não venderíamos por nenhum dinheiro do mundo, fosse ou não da família Senna.
Gabriel Gomes e o Ford GT de verdade!
Não foi comigo e sim com meu pai, mas vale a pena contar! Lá pelos anos 80 meu pai tava de passagem no RJ. Ele e um amigo ficaram sabendo de um carro de corrida numa casa de lá. Os dois foram lá e, para sua surpresa, o carro era nada menos do que um Ford GT 40. O carro era de um homem rico que morreu e deixou o carro para o filho. Eles não terminaram a compra, e deixaram para outro dia. E no tal outro dia,ao Emerson Fittipaldi já havia ficado sabendo e comprado o carro rapidinho. O dono vendeu até por menos do que meu pai ofereceu, mas ele vendeu porque afinal de contas era o Emerson. E até hoje não gosto dele.
Dizem que, de fato, Emerson Fittipaldi comprou um Ford GT40 de um empresário carioca, mas no fim de 1970. O carro então foi usado pelos irmãos Fittipaldi em corridas — e dizem que até nas ruas — até 1982, quando foi comprado por um colecionador americano. Não sabemos se a história do leitor aconteceu mesmo mas, se for verdade, ele e seu pai realmente não devem ir muito com a cara do Emmo…
[ Fotos: acaa.org, Ruann Mopar/Flickr, guiadosantigos.com.br, Juliano Barata ]