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Car Culture FlatOut Revival

Seat Ibiza F2 e o nascimento da Cupra como ele quase aconteceu

A Seat foi fundada em 1950 e, em seus primeiros anos, produzia basicamente versões rebatizadas de carros da Fiat. Foi assim até 1982, quando a Seat encerrou o contrato colocou no mercado o hatchback Ronda – que, por sua vez, era derivado do Fiat Ritmo.

Os dois modelos eram muito parecidos, o que levou a Fiat a processar a Seat por quebra de propriedade intelectual. Embora tenha ganho a disputa, a Seat já estava preparando aquele que, de fato, seria seu primeiro modelo desenvolvido de forma independente: a primeira geração do Ibiza.

O carro lançado em 1984 foi criado com a consultoria da Porsche e da Karmann, além do desenho acertadíssimo de Giorgetto Giugiaro no estúdio Italdesign.

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Na época a proposta de Giugiaro para a segunda geração do Volkswagen Golf havia sido rejeitada pelos alemães e acabou sendo reaproveitada no Ibiza – o que nos permite dizer que, mesmo antes de ser adquirida pela VW, a Seat já tinha certa associação com a marca de Wolfsburg. Sim, porque a independência da Seat durou pouco: já em dezembro de 1986, 75% da empresa foi adquirida pela VW.

Foi assim que a segunda geração do Ibiza, lançada em 1993, passou a ser derivado do VW Polo Mk3, que estreou no ano seguinte. Alguns painéis da carroceria eram compartilhados e o painel era idêntico – como pudemos constatar no fim dos anos 90, vendo o Polo Classic ao lado do Seat Córdoba.

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Ambos eram praticamente o mesmo carro, com diferenças apenas na grade, nas lanternas traseiras e na grafia dos instrumentos. O motor era, na maioria dos exemplares, o VW EA827, com 1,8 litro de deslocamento, cabeçote de oito válvulas, injeção eletrônica monoponto e 90 cv. Houve, porém, alguns carros vendidos com motor 1.0 16v de 71 cv e também com o motor 1.6 EA113 de 101 cv – que era utilizado pela rara versão perua, o Córdoba Vario.

Tanto o Ibiza quanto o Córdoba — e a versão perua Vario e van Inca — foram vendidos no Brasil até 2002, quando a Seat deixou o mercado por conta das vendas baixas. No exterior, a Seat atuava como uma marca de entrada da Volkswagen especialmente na península ibérica e uns outros poucos mercados. Vendia razoavelmente bem, mas a concorrência interna acabou se tornando um problema para a Volkswagen, que também têm a Skoda com uma pegada muito parecida com a da Seat no outro lado da Europa.

A solução para este problema foi anunciada nesta semana pela própria Volkswagen: a SEAT deixará de existir em nome de sua submarca esportiva, a Cupra. Originalmente criada como uma versão do Leon e do Ibiza, ela acabou transformada em marca independente para atuar em mercados onde a Seat não tinha tanta força, como a Alemanha, por exemplo.

Faz sentido. O León Cupra, por exemplo, chegou a ser o recordista dentre os hot hatches de tração dianteira em Nürburgring, em 2014, e sua versão perua, o Leon Cupra ST, foi a perua mais rápida do circuito na mesma época. Foi ali que nasceu a ideia de transformar a linha “Cupra” em submarca. Mas a origem da Cupra está em outro carro, um pouco mais antigo que o Leon.

Sua origem está nos ralis — o que mostra que a decisão de usar o nome Cupra parece ter sido muito acertada.

O Seat Ibiza foi a arma escolhida pela fabricante para disputar o Campeonato Mundial de Rali nos anos 1990. Não na classe principal, o Grupo A, mas sim na categoria “de entrada”: o FIA 2-Litre Championship, popularmente conhecido como WRC F2. Como o nome dizia, a F2 era destinada a carros com motor dianteiro de deslocamento até dois litros. Acontece que, com menos restrições em termos de preparação e conjunto leve, os carros do F2 mostraram-se excelentes nos estágios de asfalto – alguns chegavam a superar os adversários do Grupo A.

Foi o caso do Seat Ibiza, que era movido por uma versão de 250 cv do motor 2.0 16v do Grupo VW e conquistou o título três vezes seguidas – em 1996, 1997 e 1998. Foi por isto que a Seat decidiu que faria uma versão de rua do carro.

O primeiro modelo foi o Seat Ibiza GTI Cupra, de 1996. Lançado com o facelift da segunda geração do Ibiza GTI ele pegava o motor 2.0 16v que havia acabado de ser lançado (sim, o mesmo do Gol GTI brasileiro, para você ter uma ideia do que foi o Gol GTI 16v na época) com 150 cv, e recebia ainda suspensão retrabalhada com inspiração nos ralis — na verdade, com os componentes necessários para homologar a suspensão de rali. Seu nome vinha justamente da competição: Cup Racing.

CUP RAcing – a origem da Cupra

Mas ele não foi o único modelo desenvolvido pela SEAT na época. Existem pouquíssimas imagens oficiais – apenas duas fotos de um protótipo feito em 1997, de cor acobreada, com rodas de 17 polegadas, para-lamas alargados na lata e capô com scoop funcional. Chamado Seat Ibiza F2, o hatchback tinha carroceria de duas portas, rodas de 17 polegadas e, na dianteira, o mesmo motor 2.0 16v – ainda que o mesmo tenha sido levemente amansado para entregar 200 cv. Sem qualquer tipo de indução forçada.

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A ideia era vender o carro primeiro no Reino Unido, onde os ralis gozavam de mais popularidade do que em qualquer outro país da Europa.  Mas acabou não acontecendo: por problemas de homologação a Seat simplesmente não conseguiu que o Ibiza F2 fosse aprovado pelas autoridades britânicas e foi forçada a abandonar o projeto. Embora existam boatos que que a Seat chegou a fabricar até 10 exemplares do Ibiza F2, não há qualquer tipo de confirmação oficial.

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Isto posto, a Seat acabou colocando nas ruas uma versão bem interessante do hatch no mercado europeu: o Ibiza 1.8T Cupra, lançado em 1999. O hot hatch era equipado com o quatro-cilindros de 1,8 litro com cabeçote de 20 válvulas e turbo – muito semelhante ao propulsor que, no Brasil, podemos encontrar no cofre do Golf GTI Mk4 e no Audi A3. No Ibiza 1.8T Cupra, ele foi vendido entre 1999 e 2002 com 156 cv a 5.800 rpm e 21,4 mkgf de troque – suficientes para ir de zero a 100 km/h em 7,8 segundos, com máxima de 215 km/h.

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E mais: entre 2000 e 2001 a Seat fabricou 200 exemplares do Ibiza 1.8T Cupra R, versão ainda mais apimentada do pocket rocket, que tinha como principal atrativo os 180 cv do motor 1.8 turbo retrabalhado – novamente, como no Golf GTI Mk4 – que era capaz de levá-lo até impressionantes 225 km/h de velocidade máxima.

Enquanto isto, no Brasil, o Ibiza e do Córdoba se limitavam a acompanhar o facelift realizado na Europa para o ano-modelo de 1999. No mais, seu ciclo por aqui estava se encerrando. É uma pena que estes carros tenham sofrido com pouca demanda no Brasil – se a situação fosse diferente, talvez a Seat estivesse por aqui até hoje.


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