O Trabant é um carro pequeno, feito de plástico, com um motor dois-tempos e dois cilindros de até 601 cm³ e, obviamente, não é o que a gente costuma classificar como rápido ou bonito, e muita gente nem mesmo o considera um carro de verdade. Mas fique sabendo que um Trabi de corrida montado do jeito certo pode ser uma grata surpresa no autódromo — e surpreendentemente divertido de se assistir.
Agora, é um equívoco dizer que o Trabant não é um carro de verdade. Pelo contrário: ele era o carro mais comum da Alemanha Oriental e foi produzido entre 1957 e 1991 — para durar 33 anos, ele devia ter alguma coisa de bom, não é mesmo?
Sim, ele tinha. E você não vai acreditar no que descobrimos: na verdade, o Trabi é um esportivo disfarçado de carro popular para não levantar suspeitas dos burgueses capitalistas do ocidente. Aquele motorzinho dois-tempos era oferecido com pouco mais de 20 cv para o público comum, mas saiba que com a preparação adequada ele pode render até 80 cv. Oitenta cavalos com dois cilindros e um ciclo dois-tempos. A carroceria era feita de plástico reforçado por fibra de algodão, mas se você for observador, logo perceberá que isso é exatamente um compósito superleve usado pelos melhores esportivos de sua época, como o Corvette, ou como um Koenigsegg, por exemplo. Assim seu peso ficava abaixo dos 600 kg. Because Rennwagen!
Ok, talvez estes fatos totalmente verídicos não te impressionem ou convençam, mas este vídeo com certeza vai. É o Trabant 601 laranja de Wolfgang Ziegler, que participa de categorias amadoras como a Youngtimer Touring Car Challenge, que reúne carros de corrida anteriores aos anos 1990 no autódromo de Hockenheim, na Alemanha. No meio de carros “de verdade”, de VW Golf MK1 a BMW M3 E30, o pequeno Trabant laranja se mostra surpreendentemente ágil e realiza algumas ultrapassagens inimagináveis para quem não acredita na força do Trabant:
Detalhe para o câmbio na coluna de direção, característica de praticamente todos os supercarros modernos. Os alemães orientais só não tiveram a sacada de usar borboletas nem um atuador automatizado para a embreagem, por isso ela é acionada por pedal e as trocas feitas por uma alavanca. Vai dizer que isso não é totalmente vangardista?
Existem projetos de Trabant preparados que recebem motores maiores (a própria VEB Sachsenring, fabricante do Trabant, adotou um motor VW 1.0 nos últimos anos de produção), mas o carro de Ziegler continua com o dois-cilindros de 601 cm³ que, com seus 80 cv, é capaz de chegar aos 170 km/h. O interior é depenado (porque 600 kg ainda é muito) e traz apenas comandos, bancos de competição e gaiola de proteção completa.
Ou talvez isto só seja para despistar, e todo Trabant tenha na verdade um botão que, uma vez apertado, libera o real desempenho do carrinho.
Temos certeza de que pilotar um Trabant a 170 km/h em Hockenheim é uma experiência eletrizante, talvez até mais do que a de acelerar os tais superesportivos “de verdade”. O Trabi é um superesportivo ao qual ninguém dá valor até ser ultrapassado por ele. Duvida? Então assista:
Este cara estava indo a 190 km/h em uma rodovia (esperamos que seja uma Autobahn) em seu Honda Civic. A 190 km/h, veja bem. E ele foi ultrapassado por um Trabant — que ganhou pontos bônus por ser uma perua.
Não sabemos nada sobre este Trabant e só podemos estimar a velocidade a que ele estava — algo entre 200 km/h e a velocidade da luz, provavelmente.