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Sim: colocaram um motor Wankel Mazda em um Fusca 1960

Acreditamos que, em certos casos, deve-se buscar ao máximo preservar a identidade e a originalidade de um automóvel. Ao mesmo tempo, temos plena convicção de que um carro representa a visão que seu dono tem dele, e que (quase) nenhum carro é sagrado. Sendo assim, este Fusca 1960 com motor rotativo Wankel, de origem Mazda, nos deixa mais admirados do que p*tos.

É claro que ao ver um Fusca com engine swap, o que a gente espera, no mínimo, é um boxer de quatro cilindros de um Porsche das antigas. Se for para não conter gastos, um flat-6 arrefecido a ar (de qualquer ano ou versão; não precisa ser o 3.6 de 260 cv do Porsche 930) nos soa muito bem. Mas… um Wankel?

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Foto: Reprodução/Facebook/Greg Mather

De certo modo, até faz sentido: o motor rotativo da Mazda é compacto, tem alta eficiência energética (à custa do consumo um tanto… incontido, digamos assim) e é exótico o bastante para substituir o boxer do besouro. Ele ocupa pouco espaço no cofre, ajuda a tornar a traseira mais leve (e, consequentemente, a melhorar a distribuição de peso) e ronca bonito demais.

Além disso, há uma questão de percepção: quando ouvimos falar no Wankel, pensamos logo de cara no motor biturbo do Mazda RX-7, com injeção eletrônica e quase 300 cv. No entanto, este rotativo é um projeto antigo, que data dos anos 1960, e é perfeitamente possível adaptá-lo para mover um Fusca sem grandes complicações e nem preocupações com sistemas eletrônicos, turbocompressores ou espaço no cofre.

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Foto: Reprodução/Facebook/Greg Mather

O dono do carro é o neozelandês Greg Mather, e ele é dono da Midnight Upholstery, empresa especializada em estofamentos personalizados de couro e tecido. Ele não é um preparador, nem mecânico, mas isto não significa que ele não se suje de graxa de vez em quando. Greg já rodava de Fusca pelas ruas de Hamilton, na Nova Zelândia. Mas ele tinha um Fusca relativamente normal, com suspensão rebaixada, cambagem negativa na traseira e um motor boxer refrigerado a ar. No fim do ano passado, ele vendeu o Fusca a um amigo. O motivo? Em duas semanas, o motor teve de ser retirado seis vezes para manutenção. Aí, não há quem aguente.

Então Greg decidiu que se tivesse que colocar um motor no cofre de um Fusca mais uma vez, seria um Wankel. Morando “perto” do Japão, não era difícil encontrar um deles. No caso deste carro, é um Wankel 12A, de dois rotores, lançado em 1970 e empregado em modelos como o Mazda R100 e o Mazda RX-2, com potência que variava entre 100 cv e 130 cv.

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Foto: Reprodução/Facebook/Greg Mather

O novo Fusca de Greg foi comprado há cerca de oito meses e, na verdade, é composto pelo chassi de um Fusca 1958, cuja carroceria estava ruim; e a carroceria de um Fusca 1960, cujo chassi estava ruim. Depois de juntar as partes boas para criar um híbrido de Fusca 1958 e Fusca 1960, Greg partiu para a instalação do Wankel. O maior problema foi encontrar uma flange para adaptar o câmbio original de quatro marchas do Fusca. Apesar de o Wankel ter mais de 100 cv a mais que o motor 1300 original do besouro (140 cv contra meros 35 cv), a transmissão original do Volks não teve problemas para lidar com a força extra. Os freios também são originais – algo que a gente mudaria, mas o carro não é nosso…

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Foto: Reprodução/Facebook/Greg Mather

De qualquer forma, há outro aspecto admirável neste projeto: ele demorou apenas 22 dias para ficar pronto, contando a partir do início da instalação do motor. Isto incluiu a adaptação de um carburador Weber 48, o encurtamento do eixo dianteiro, a adaptação de um radiador Mercedes-Benz, e a customização do Besouro, que recebeu pintura marrom e o revestimento interno todo refeito em padrão xadrez marrom, incluindo o teto. O carro só não tem carpete. Quem precisa de carpete?

Agora, este não foi o único Fusca com motor Wankel que já vimos: há cerca de um ano, um Fusca azul com motor Wankel foi recebido por Jay Leno em seu programa no Youtube. Tratava-se de um projeto mais refinado, um restomod que incluía o motor de um RX-7 Turbo. O sistema de sobrealimentação ocupava muito mais espaço no cofre, com o caracol e o intercooler, o que exigiu alguns cortes no carro; enquanto a injeção eletrônica exigiu mais trabalho na hora de deixar tudo funcionando como deveria ser. O dono do carro, Mario Markakis, disse que seu objetivo foi manter o orçamento o mais baixo possível, mas nota-se que é um projeto mais elaborado que o carro de Greg.

Dá para ver que são dois projetos bem diferentes, mas com a mesma gênese. É uma pena que não haja vídeos do carro de Greg, mas o ronco do carro de Markakis dá uma ideia da experiência sonora. Em todo caso, é bom ninguém deixar um Fusca e um motor Wankel dando sopa perto da gente. É um engine swap que faz sentido: são dois motores com configurações pouco usuais (claro que a falta de pistões torna o Wankel imbatível neste quesito), e o Wankel ainda traz o benefício do tamanho compacto e do peso menor, via de regra – ainda que não seja exatamente econômico. É claro que, na hora de acelerar um Fusca com motor Wankel, a gente nem iria esquentar a cabeça com isto.