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Subaru 360 e Sambar: a história do Fusca e da Kombi japoneses

Hoje em dia a Subaru é reconhecida e adorada por seus esportivos com motor boxer – mais precisamente, o Subaru (Impreza) WRX e o deliciosamente old school BRZ. No entanto, o primeiro carro lançado pela fabricante, lá em 1958, foi o simpático Subaru 360.

Suas formas arredondadas lembravam um pouco o Fusca, e ele até tinha um motor arrefecido a ar na traseira. Era um pequeno bicilíndrico em linha de 356 cm³ e apenas 16 cv, suficientes para levar o carro de 410 kg aos 96 km/h. Era um motor dois-tempos, que exigia que se misturasse o óleo lubrificante ao combustível – usava-se a tampa do tanque como medida.

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O Subaru 360 era um kei car, o que significa que suas dimensões e o deslocamento do motor tinham de respeitar certos limites para garantir vantagens tributárias. Além do motor minúsculo, ele tinha apenas 2,99 m de comprimento, 1,30 m de largura e 1,80 m de entre-eixos – mas incrivelmente era capaz de levar quatro pessoas. Não que fosse confortável, mas era melhor que ir a pé ou de bicicleta.

Apesar de simpático, o Subaru 360 não é um carro bonito no sentido tradicional da palavra. Tanto que, quando começou a ser vendido nos Estados Unidos em 1968, sua campanha de lançamento dizia que ele era “barato e feio” (cheap and ugly). Sério:

Em 1969, o Subaru 360 foi testado pela Consumer Reports, que chegou à conclusão de que ele era frágil e fraco demais para as ruas norte-americanas, o classificando como “impróprio”. Em um teste de colisão contra um carro grande, o para-choque dianteiro foi parar dentro do habitáculo. O teto era de fibra de vidro, o que também não era uma boa ideia para proteger os ocupantes de capotamentos e prejudicava bastante a rigidez estrutural.

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A Subaru se defendeu dizendo que, por pesar menos que 450 kg, o 360 estava livre das exigências de segurança a que eram sujeitos os outros carros. E assim foram vendidos pouco mais de 10.000 exemplares nos EUA entre 1968 e 1969. O plano era manter o 360 no mercado, mas depois disso as vendas desabaram e muitos exemplares passavam três, quatro anos esperando compradores nos showrooms. No Japão, porém, o kei car continuou sendo fabricado até 1971, com quase 400.000 exemplares fabricados.

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Segundo a Consumer Reports também havia a possibilidade grande de as portas “suicidas” se abrirem com o carro em movimento. Sem cintos de segurança nos primeiros anos, o risco de honrar o apelido era alto

Nos moldes de outros compactos e subcompactos dos ano 50 e 60, como o Fiat 500, o Mini original e o próprio Fusca, o Subaru 360 conseguiu certo status de cult não apenas entre colecionadores e antigomobilistas, mas também entre “gente normal” que nem curte carros. Agora, nem de longe o alcance do Subaru 360 se equipara ao do Besouro, que foi fabricado nos quatro cantos do mundo e sobreviveu até 2003 no México.

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Em cima o interior frugal dos primeiros anos, que nos anos 70 deu lugar ao que se pode ver na foto debaixo: um painel de verdade, com conta-giros e até rádio

Há, porém, outras coisas em comum entre o 360 e o Fusca. Primeiro, assim assim como o Volkswagen, o Subaru 360 também foi o primeiro automóvel produzido em massa por sua fabricante. E, tal qual o Fusca, ele também deu origem a uma van.

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Esta coisinha simpática é a Subaru Sambar, que fez sua estreia no Japão em 1961 e é a van mais fofinha já feita. Olha só para ela!

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Primeira geração, lançada em 1961

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Segunda geração, lançada em 1966. Repare que ambas possuem uma tampa na dianteira. Esta tampa se abria para ventilar a cabine

O que muda entre as duas gerações é o visual, que na segunda ficou mais harmônico e proporcianal, lembrando ainda mais a Kombi (também enxergamos um quê da Dodge A100, fabricada nos EUA entre 1964 e 1970, especialemente na versão reestilizada da segunda geração). No mais, ambas têm chassi do tipo escada e suspensão independente nas quatro rodas (McPherson na dianteira e braços arrastados com barra de torção na traseira). O entre-eixos da Subaru Sambar de primeira geração era de 1,67 m, que aumentaram para 1,75 m na segunda geração.

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Como a Kombi, a Subaru Sambar também tinha uma versão pick-up

Apesar disso, com motorista e caronas sentados sobre o eixo traseiro (arranjo chamado cab over em inglês), a capacidade de carga era bem superior à do pequeno sedã. Eram oferecidas até mesmo camas para serem instaladas na traseira, tornando a Sambar uma mini camper.

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A Sambar jamais foi vendida oficialmente fora do Japão (com exceção de alguns grey imports para Austrália e Nova Zelândia) mas há alguns anos os exemplares fabricado até 1980 começaram a ser exportados, indo parar nas mãos de colecionadores e entusiastas da Subaru.

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Foto: Petrolicious

Um deles é o dono deste exemplar de 1970, Scott Coletti, que é admirador dos Subaru desde que comprou seu primeiro carro, e já teve dezenas deles. Ele conta, porém, que sua Sambar (chamada nos EUA de Subaru 360 Van) é um dos que mais lhe assustam na hora de conduzir. A pequena perua não chega aos 100 km/h e leva quase 40 segundos para atingir sua velocidade máxima; chacoalha toda ao passar do lado de um carro maior e sofre bastante para mudar de faixa por causa do vento. Com menos de três metros de comprimento e exatos 1.295 mm de largura, ela é apertada e obriga Scott a dirigir com a cabeça meio inclinada para o lado, o que o impede de ficar dentro da van emminiatura por mais de meia hora.

“Eu sempre fico meio assustado quando me sento ao volante. A sensação é de que sempre estou a 160 km/h. É inexplicável”. Ele diz que o motor, apesar de pequeno e fraco, é um dois-tempos e por isso é extremamente barulhento e gera uma quantidade excruciante de calor se a cobertura térmica for removida. Continua barulhento e quente com a cobertura no lugar, porém um pouco menos. Ele diz que uma coisa bacana é o modo como a pequena van sempre exige que se esteja alerta e prestando atenção ao que se está fazendo a todo momento. É um carro trabalhoso de dirigir. Mas, de qualquer forma, isto meio que vale para todo antigo.

O sucessor do Subaru 360 foi lançado ainda em 1969, antes mesmo de ele sair de linha. Se chamava Subaru R-2 e durou pouco: deixou de ser fabricado em 1972, quando foi apresentado o Subaru Rex. Este viveu bastante tempo, sendo produzido até 1992 – já como um hatchback de motor e tração na dianteira.

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Picape da Sambar de terceira geração, fabricada entre 1977 e 1982

A Subaru Sambar, por outro lado, foi fabricada até 2012 com o layout original de motor e tração na traseira, ao longo de seis gerações. Apenas na sétima geração, produzida até o ano passado, passou a ter o motor na frente – não por coincidência, nesta geração aSambar deixou de ser um produto desenvolvido pela Subaru e passou a uma Daihatsu Hijet rebatizada.

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Os apreciadores do modelo sem dúvida preferem as gerações mais antigas, com motor atrás. Não é incomum, aliás, que se aproveitem da semelhança do projeto com uma Kombi em miniatura para, de fato, deixar sua Sambar com cara de Kombi em miniatura. Os kits de conversão podem ser comprados prontos e incluem emblemas, moldudas para os faróis, frisos cromados e lanternas para imitar o visual clássico da Kombi “Corujinha”.

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