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This is Touge: o perigoso submundo dos rachadores da Califórnia

Touge, ou tōge, é um termo surgido no Japão que significa “passo” — aquelas estradas sinuosas nas montanhas, como o famoso Passo Stelvio, no norte da Itália. Mas, como você já deve saber, a cultura das corridas em vias públicas é relativamente bem difundida entre os entusiastas japoneses, e não demorou para que touge se tornasse um sinônimo para “passeios” bastante empolgados por estas tais estradas.

A comunidade de praticantes do touge geralmente costuma ficar no underground — eles sabem que o que fazem é ilegal e não querem problemas com a lei, mas isto não os impede de, às vezes, quebrar o sigilo e publicar vídeos de suas aventuras na internet. Como tudo o que é proibido parece sempre mais atraente, alguns vídeos chegam a ficar famosos, como este abaixo, postado em 2006 e visto por quase um milhão de pessoas:

Também existem aqueles que usam a expressão em seu sentido original — referindo-se às estradas nas montanhas, porém correndo em trechos fechados ou em eventos bem organizados. Entre estes, podemos destacar os caras da clássica revista japonesa Hot Version — com o lendário Keiichi Tsuchiya entre seus pilotos.

Confira esta batalha ao estilo Initial D, protagonizada pelo AE86 de Keiichi contra um Nissan Skyline GT-R

Houve uma explosão da prática do touge no fim da década de 90, mas o aumento da fiscalização nas estradas japonesas acabou desencorajando novos adeptos, e só os mais corajosos e apaixonados (e inconsequentes) continuaram mantendo a cena viva. Contudo, nos últimos anos a ideia atingiu outros países. Um dos vídeos mais legais sobre a touge que já vimos tem o nostálgico título Bring Back the Touge, e foi feito não por um japonês, mas por um norueguês — em um trecho fechado de uma via pública:

Mas, afinal, por que estamos fazendo estes rodeios? Por que o vídeo que a gente realmente quer mostrar hoje é simplesmente hipnotizante — mas também é ilegal e condenável socialmente. Dito isso, vamos ao que interessa — e recomendamos fortemente que, se possível, você coloque fones de ouvido assista em HD, com a tela cheia.

[vimeo id=”102808007″ width=”620″ height=”350″]

O vídeo faz parte de um projeto chamado Alpine Speedstars e, por incrível que pareça, não foi feito no Japão, e sim nos EUA — mais precisamente em São Francisco, na Bay Area, um dos locais com mais estradas sinuosas e bem cuidadas por metro quadrado na terra do Tio Sam. Colabora para isso o fato de o carro ser um S2000 — dono de um dos motores mais incríveis já feitos: o F20 de quatro cilindros, aspiração natural, comando duplo no cabeçote, dois litros e 240 cv (nós contamos tudo sobre ele recentemente, e você deveria clicar aqui e conferir caso não tenha visto).

Aparentemente o cara por trás da Alpine Speedstars se chama Andrew Hake, e este não é o primeiro vídeo que ele posta com suas aventuras noturnas ao volante do Honda: o canal do YouTube ekahwerdna trás vários outros — alguns bem editados, e outros com a filmagem nua e crua. Em qualquer um dos casos, é simplesmente épico:

Agora, não ficou exatamente claro do que se trata a Alpine Speedstars: seria uma equipe de corridas ilegais ou um grupo de amigos com um interesse em comum? Um projeto cultural e artístico com temática touge? Não sabemos, e provavelmente não saberemos. O que se sabe é que há um site com um formulário para contato e os links “I want to drive” e “I want access” apontam para um endereço de email: “[email protected]”. Para quem não se ligou, Bunta é o nome do pai de Takumi Fujiwara, protagonista de Initial D.

mapa

O site também oferece um mapa baseado no Google Maps com bons trechos para praticar o touge — completos com descrição (“largo”, “movimentado”, “curvas fechadas”, “perigoso”) —, além de marcações dos postos de gasolina e lugares onde há fiscalização policial mais intensa. O resto do site são áreas restritas, e provavelmente você precisa ter seu acesso concedido por “Bunta”.

Agora, para nós, este cara (ou estes caras) está no limite da exposição — com mais do que isto (um formulário de email, um site, e seu nome real), certamente ele seria rastreado. E há uma boa razão para isto: os riscos envolvidos são gigantescos, e não estamos falando apenas de arranjar problemas com a lei, mas também de provocar um acidente e machucar a si mesmo ou outras pessoas — fatalmente, inclusive.

Por esta razão, repetimos: não há como o FlatOut estimular uma atividade perigosa e contra a lei, mesmo que seja feita por alguém em outro país, do outro lado do planeta. Contudo, estes vídeos são interessantes demais para não serem vistos.