Who am I? César Rodrigo Teixeira é o meu nome, conhecido no meio automotivo como Rodrigo Sublime. É, aquele mesmo que se arrepende por não ter comprado o Chevrolet Impala 1962. Trinta e dois anos e mais um pouco de idade, engenheiro pós-graduado em Projetos Automotivos, tatuado, casado, e paizão do pequeno grande Ian, nome dado em homenagem a ninguém menos que Ian Fraiser Kilmister – vulgo LEMMY (49% motherf**ker, 51% son of a bitch) – e ao meu tio/irmão Portuga.
Acredite ou não, o rock é um dos principais motivos de eu ser um gearhead nato (futuramente posto um vídeo de minha banda)… E boa parte deste vicio é também culpa do Teixeira Senior (meu velho). Sofrido na vida mas o maior batalhador de todos! O velho me levava todo dia para o colégio naquele Fusca envenenado com rodas de GTS, bancos Recaro, militrezentos, escape dimensionado e Raimundos no cassete… imagine só. E a véia (mainha) também tem culpa no cartório: ela nunca deixou eu abandonar a velocidade, sequer a moto – mesmo depois de um acidente e 61 dias internado. What happened? Whatever! Querem mais? Ela que equipou o Fuscão!
Em resumo, meus velhos são f**a! Aprendi a dirigir em nada menos que um Puma GTS – e tive tantas outras experiências: o Escort XR3, a inesquecível foto (para mim) no capô do Opala Branco, o Chevette, o Puma, a Towner (quê? Curvas em uma roda só, hein, minha irmã!), posso ficar horas citando as máquinas que havia na garagem. Pois é, tive uma infância à base de gasolina! E álcool. Este último, aos montes!
No alto: o Opala, Teixeira Senior e Rodrigo Sublime, 1982. Acima: Fiat Marea Weekend Turbo, Rodrigo Sublime e o pequeno grande Ian, 2014
Ponte Aérea: SP, BA, RJ, SP e BA
Cresci, fui andar com minhas próprias pernas e descobrir então o que é realmente ter um carro e o custo de morar sozinho. Tempos difíceis, mas também tempos de várias aventuras. Foi quando recebi uma oferta para trabalhar na Bahia, e assim segui, livre, leve e louco, oh fase… Conheci o meu amor, a mulher que briga, xinga, mas sempre, sempre está ali me apoiando. É a mãe do meu bem maior. Pra falar dela eu faria um post só dedicado a esta mulher: Luanna, te amo!
Fomos pro RJ, descobri os PUG da vida, volto para São Paulo, e assim foram longos anos de curtição rasgando as estradas brasileiras…
The 1st Time Bomb: Marea Weekend 2.0 20V, a Enterprise
Minha esposa é a principal responsável pelo nosso atual e único carro, a Marea Weekend Turbo 2002 Preto que é o Project Cars #34 – mas antes dela, houve outra perua Marea. Resumindo a história: o Cabeça (marido de mainha) trabalhava com leilão e eu precisava de um carro barato, pois tinha acabado de comprar o apartamento. Minha esposa estava com um Celta e eu de moto – e cara, odiava ir trabalhar de moto todo dia. E sempre amei o Marea, principalmente as peruas – elas sempre me fascinaram. Grito: “salvem as peruas!”. E no meio disso, surgiu a oportunidade no leilão: comprei uma Marea Weekend 2.0 20V ELX, ano 2000.
Foto da primeira Marea, retirada do site do leiloeiro
É, eu sei. É o carro que mais atrai comentários de haters do mundo, mas isso eu digo com toda certeza: quem reclama nunca teve um em bom estado. Fui muito zoado, até humilhado por alguns! Mas uma pessoa estava do meu lado, minha esposa. Lembro-me até hoje de suas palavras: “é o carro que você sempre sonhou, e quem paga tuas contas é você. Se quebrar você arruma, como faz com tudo”. Bem, eu nunca gostei de carro zero, embora ajude a desenvolvê-los… devo ter algum tipo de doença por coisas fora do comum. Como muitos aqui, não?
Foram dois anos e meio de puro prazer e vários gastos. Aspirado, mexido, ronco surreal, esta é a melhor definição para este Marea – que tem várias histórias, mas me recordo de uma em especial. Em 2010 fomos ao Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, e no congestionamento para entrar no estacionamento do Anhembi havia um tal de Camaro amarelo, como a “música”. O hall do Anhembi estava lotado quando o ronco do Camaro foi às alturas – todos saíram correndo e se debruçaram na mureta pra ver o V8 berrando. Esperei o povo sair e então levei o ronco do Fivetech preparado até o corte. Aquilo foi simplesmente lindo – todo mundo correu de volta pra ver que carro era (risos), e ninguém entendeu de onde veio aquele ronco! Eu e minha esposa rimos muito.
Abusei muito daquele automóvel – cheguei a quebrar a 3ª marcha e o radiador -, mas ainda assim, vendi por muito mais do que havia pago. E quer saber? Me arrependi. Foi quando o forte desejo se tornou realidade.
Project Car #34: Time bomb
A minha atual Fiat Marea Weekend Turbo (MWT) é o Project Cars #34 (nº do apto em qual cresci). Aqui, irei mostrar aos bilhões de haters como cuidar de um carro que poucos têm coragem e dinheiro pra manter, como faço toda a manutenção na garagem de casa (incluindo a mítica troca das correias), como desenvolvi as rodas 17” modelo original Turbo, e mostrarei uma surpresa de engenharia reversa para os fãs deste carro.
Este Marea em especial procurei por exatos dois anos, quando ainda tinha a outra na garagem. Eu queria uma Turbo 100% original e com teto solar – foi dificil, mas encontrei uma sem teto e com preço acessível… Lembro-me de ficar namorando o anúncio diariamente durante uns três meses, ao ponto de gravar o telefone (risos). Até que um dia o anúncio desaparece! Me desesperei e liguei no ato. Razão do anúncio ter saído do ar: o antigo dono não queria vender de jeito nenhum! Sério, fiquei uma hora e meia no telefone pra convencê-lo de que eu era merecedor daquele carro. Hoje me lembro e dou risada – qualquer um teria o mandado para qualquer lugar desprovido de belezas.
Vale mencionar de passagem: carro 100% original e único dono nem sempre significa “manutenção em dia”…
No fim de semana, rodamos 240 km para ver o Marea Weekend Turbo, eu e a patroa. Fomos recebidos por um funcionário do dono do carro, que me deu as chaves e disse “ele falou pra você ir rodar com o carro, pois ele chega daqui a pouco”. Estranhei, mas a excitação era tanta que nem vacilei. Primeiro teste: freio… ok! Várias rasgadas até que comedidas, voltei com o sorriso no rosto e a certeza de que aquele carro era meu.
O antigo dono chegou apressado, dizendo que precisava ir voando para a outra loja. Olhou para a Marea Turbo e perguntou se eu queria dirigir. Eu disse: “não, pode ir dirigindo da sua forma mesmo, quero prestar atenção nos barulhos”. Então ele assumiu o volante e saiu como um louco pelas ruas. Ali eu me assustei. Eu já tive carro turbo, preparado de tudo quanto é jeito, já havia andado em carros mais fortes, mas nada, nada havia me deixado daquele jeito, que coice! “É realmente original?”, pergunto. “Sim”, me responde.
Pra ser sincero, eu nem fiz muita questão de ter frescuras em demasia com a lataria (apesar de ela estar lisa), pois o que me preocupava era o motor. Afinal, todos sabemos o quanto este motor Fivetech “relógio suíço” é complicado. Preço negociado, transferência executada, o carro é meu!
Time Bomb, em “home, sweet home” e ao estilo do atual dono – eu!
Eu não contei a ninguém o que eu havia comprado. Até aparecer… like a rolling stone…
Respirei fundo, cheguei em casa e todos pareciam bobos olhando o carro, a expressão mais comum foi: “está zero!”. Meu velho não acreditou, alias ninguém botou fé (risos): “Você é louco?”, vários disseram. Yeah! I’m nuts… Mas só quem acelerou um Marea Turbo sabe o barato que é! Sim, vêm as piadas, os memes, tudo isso – “se conseguir engatar a 2ª antes de explodir… (risos)…”
Hoje, conhecedor deste motor, posso dizer a razão pela qual você não encontra um modelo 100% original, e quando encontra, o preço é assustador. A turbina original da Garrett, TB2810, é bem salgada e uma Garrett da família GT é mais em conta e é infinitamente superior. Basta um belo remap e você estará com uma bella macchina de lixar asfalto.
Me perguntam por que eu ainda a tenho. Ora, a vida é curta pra caraca, nada neste mundo me proporciona o prazer que este carro me proporciona ao acelerar. Cada um com o seu barato. É como se naquele momento eu fosse livre, o fora-da-lei responsável por poluir o nosso querido mundo! Go F**k and FlatOut…
Aqui no FlatOut contarei como faço pra manter um Marea Weekend Turbo apto a assustar os desavisados nas ruas baianas de Salvador e Grande Salvador e pelo Brasil. E como um fórum (Clube do Marea) pode criar amizades que fazem a diferença para um gearhead.
Meu próximo destino? Quem sabe um dia você me ajude a chamar o guincho, ou me levar pra comprar mais peças… Mas o que fazer né! Sabe, eu posso dizer, “eu tenho um Marea Weekend Turbo” (risos). Afinal, quem faz o carro é o dono.
No descanso do lar, esperando por alguma peça!
Por Rodrigo Sublime, Project Cars #34