Magnus Walker é um dos heróis do FlatOut. Nascido em Londres, se mudou ainda jovem para Los Angeles, nos EUA, onde começou a ganhar a vida vendendo roupas personalizadas e agora, é um dos colecionadores e personalizadores de Porsche mais conhecidos no planeta. Walker roda o mundo espalhando sua paixão pelo 911, e sua última parada foi Tóquio, capital do Japão e o coração da cultura automotiva nipônica.
O que ele foi fazer lá? Difícil dizer — Walker costuma viajar sempre para buscar novos carros para sua coleção (como fez com seu Porsche 911 Turbo) ou encontrar amigos, como Akira Nakai da RWB. Mas isto não importa muito, certamente foi algo legal. De qualquer forma, Walker encontrou um tempo em sua agenda para gravar este belo vídeo, produzido pelos caras da Crosspoint25 Digital Film.
Na mesma veia de Mignight Rambler, o último vídeo protagonizado por ele, Tokyo Outlaw é direto e reto: Magnus Walker está ao volante de seu Porsche 911 1971 “277” e não diz uma palavra — quem fala é o boxer de seis cilindros do carro, enquanto seu dono dirige aparentemente sem destino pelas ruas da capital japonesa. A trilha sonora combina muito bem com o cenário e com a atmosfera do vídeo. As batidas eletrônicas são bem conhecidas de quem está por dentro da cultura de rua do Japão, e são a trilha sonora nº 1 dos fãs de Initial D e daqueles que correm ilegalmente pelas ruas — algo que não recomendamos, claro, mas está profundamente enraizado na car culture do outro lado do mundo e é parte essencial dela.
O modo como o vídeo é filmado também é bem interessante: boa parte dos takes foram feitos com câmeras estáticas estrategicamente posicionadas no 911. As luzes da cidade, a música, a perspectiva e a velocidade dão ao vídeo um clima irresistível de videogame, especialmente se você selecionar a opção HD a 60 fps. Com o dobro de quadros por segundo (a maioria dos vídeos é reproduzida a 30 fps), os movimentos ficam mais fluidos e naturais, como nos games mais recentes rodando em máquinas capazes de lidar com toda sua capacidade gráfica. Mas você não precisa ser gamer para sacar a diferença.
O carro usado é o companheiro inseparável de Walker: seu Porsche 911 1971 “277”, que já está com ele há 15 anos e define muito bem o estilo de customização favorito do colecionador: visual inspirado nos carros de corrida, com peças de diferentes cores na carrocerias, adesivos, rodas largas de visual clássico e um motor nervoso debaixo do capô.
Walker tem dezenas de Porsche em sua garagem em Los Angeles (você pode conhecê-lo melhor aqui), mas é o 277 seu “carro de pista”. Ao longo desta década e meia o carro serviu como plataforma de testes para diferentes motores — sempre refrigerados a ar, mantendo-se fiel às origens — e é o carro que Walker leva para qualquer lugar do mundo quando há uma pista para acelerar.
Atualmente o carro está equipado com um flat-6 vindo de um 911 1966. Originalmente deslocando dois litros, o motor recebeu pistões de 92 mm e virabrequim de 66mm. O resultado são 2,6 litros de deslocamento e a capacidade para girar a até 8.000 rpm. Com comandos de válvulas mais nervosos e um carburador Weber de 42 mm, ele entrega potência… “suficiente”.
Walker não é o tipo de cara que coloca seus carros no dinamômetro para jogar Super Trunfo com os números, mas estima que sejam 220 cv e 25 mkgf de torque. Não parece muito, mas para um carro que pesa pouco mais de 1.000 kg, Walker acredita que está de bom tamanho.
A transmissão é manual de cinco marchas, com as relações da segunda, terceira e quarta marcha mais curtas. O carro também recebeu um diferencial traseiro de deslizamento limitado. Em termos de suspensão, Walker optou pelo sistema McPherson na dianteira e braços arrastados na traseira, sendo que foram instaladas barras estabilizadoras de 19 mm na frente e atrás, além de molas e amortecedores ajustáveis da Bilstein.
As rodas são o toque pessoal de Walker, e você deve lembrar delas: são as “Outlaw 001″, modelo inspirado nas clássicas Fuchs e desevolvido pela Fifteen52 em parceria com o próprio Magnus Walker (nada mais natural, já que a garagem do colecionador e a sede da Fifteen52 ficam a poucas quadras de distância uma da outra nos subúrbios de Los Angeles). Com 15×7” na dianteira e 15×8” na traseira, as rodas são calçadas com pneus Hoosier de medidas 225/45 e 225/50, respectivamente – borracha é o que não falta.
Foto: StanceWorks
Por dentro, o apelo é funcional e avesso a modismos: volante de com três raios de metal, bancos concha da Sparco e cintos de quatro pontos. O tecido dos bancos está rasgado e dá para ver a espuma, mas consertá-lo não é uma prioridade. O mesmo desprendimento aparece do lado de fora da carroceria: você dificilmente verá o 911 277 impecável — sempre há sujeira, riscos, pequenos amassados e outras marcas do tempo e do uso. E ainda assim este é um dos 911 mais cool da galáxia.
Agora, é preciso tem em mente que a natureza de Walker e de seus carros é volátil. O 911 277 nem sempre foi assim, e provavelmente mudará bastante nos próximos anos, com um novo motor, novas rodas e novos detalhes únicos. Carros vão e vêm na garagem de Magnus Walker, mas o 277 está aí para ficar.