Depois de seis tentativas frustradas e frustrantes, a Toyota finalmente conseguiu faturar as 24 Horas de Le Mans pela primeira vez em sua história, tornando-se a segunda equipe/fabricante japonesa a triunfar em La Sarthe — repetindo o feito da Mazda em 1991.
Foram 24 horas de apreensão, porém sem grandes reviravoltas. Sem sustos, sem surpresas, o TS050 número 8 retomou a liderança no início da noite e lá permaneceu até receber a bandeira quadriculada na 388ª volta, à frente de todos os outros carros às 15:00 no horário local com o japonês Kazuki Nakajima ao volante do carro, compartilhado com o suíço Sébastien Buemi e o espanhol Fernando Alonso.
A vitória, aliás, dá a Alonso a segunda das três conquistas de sua sonhada tríplice coroa, restando apenas a Indy 500. Com a conquista no Circuit de La Sarthe, Alonso também se torna o sexto piloto da história a vencer o GP de Mônaco e as 24 Horas de Le Mans, repetindo o feito de Tazio Nuvolari, Maurice Trintignant, Bruce McLaren, Jochen Rindt e Graham Hill (o único a conquistar Indy, Mônaco e Mans).
O suíço Sébastien Buemi também consagra sua trajetória no Mundial de Endurance, campeonato do qual foi campeão em 2014, porém sem as 24 Horas de Le Mans. O trio formado por ele, Alonso e Nakajima atualmente lidera o campeonato com duas vitórias nesta supertemporada de 2018/2019.
O segundo lugar ficou com o outro TS050, o carro número 7 de Kamui Kobayashi, Mike Conway e José Maria Lopez, que chegou duas voltas atrás dos vencedores devido a um problema com a pressão do combustível no início da tarde, seguida por uma penalização de 60 segundos pelo uso excessivo de combustível.
A terceira posição ficou com a Rebellion, um dos grandes nomes de Le Mans, doze voltas atrás dos vencedores no carro número 3, de Gustavo Menezes (que, apesar do nome, é americano), Thomas Laurent e Mathias Beche. O outro carro da equipe, o Rebellion Gibson #1 de Bruno Senna, André Lotterer e Neel Jani chegou em quarto a 13 voltas do líder.
Na quinta posição ficou o vencedor da categoria LMP2, o G-Drive Racing #26 de Jean-Eric Vergne, Andrea Pizzitola e Roman Rusinov. O trio foi um dos mais constantes da prova, assumindo a liderança da LMP2 nas primeiras horas da corrida e lá se mantendo até o final sem ser ameaçado pelos rivais.
Foi na LMP2, aliás, que veio o pódio brasileiro: André Negrão chegou em segundo lugar na categoria, dividindo o Alpine A470 com Nicolas Lapierre e Pierre Thiriet. A posição final do trio também garantiu a sexta colocação geral na prova.
As categorias GTE foram dominadas pela Porsche. A GTE Pro viu a dobradinha dos 911 RSR com as pinturas comemorativas e deram à Porsche um presentaço de aniversário. O carro #92, de Michael Christensen, Kevin Estre, Laurens Vanthoor fez uma “correção histórica poética” e venceu a categoria com a pintura do 917/20 Pink Pig depois de 47 anos.
Em segundo ficou o RSR #91 com a pintura Rothmans, imortalizada nos 956 e 962 do Grupo C dos anos 1980. O carro pilotado por Richard Lietz, Gianmaria Bruni e Frédéric Makowiecki ficou uma volta atrás do 911 suíno, e em décimo-oitavo na classificação geral.
Em terceiro ficou o Ford GT #68 da Chip Ganassi, pilotado por Dirk Müller, Joey Hand e Sébastien Bourdais, seguido pelo Ford GT#67, também da Chip Ganassi, pilotado por Tony Kanaan, Andy Priaulx e Harry Tincknell. O trio chegou a ficar na terceira posição, mas acabou superado pelo #68 no final da madrugada, quando este também ameaçou o 911 RSR #91.
Na GTE Am o vencedor foi o 911 RSR #77 da Dempsey Proton Racing, equipe do ator-piloto Patrick Dempsey, um fã confesso de Paul Newman que conseguiu um segundo lugar na categoria como piloto e agora vence a GTE Am como chefe de equipe depois que os pilotos Matt Campbell, Christian Ried e Julien Andlauer receberam a bandeirada com 335 voltas e apenas a 1:39,044 do segundo colocado, a Ferrari 488 GTE da Spirit of Race/AF Corse guiada por Giancarlo Fisichella, Francesco Castellacci e Thomas Flohr.
Os brasileiros
Enquanto a edição de 2017 foi particularmente especial para os brasileiros, com André Negrão em terceiro da LMP2 e Daniel Serra e Pipo Derani com a primeira e segunda posições na GTE Pro, respectivamente, neste ano somente André Negrão conseguiu subir ao pódio. Bruno Senna teve problemas com seu carro ao longo da corrida e acabou em quarto geral/LMP1, as Ferrari de Daniel Serra e Pipo Derani foram prejudicadas pelas regras do Balance of Performance (BoP) e Tony Kanaan terminou em um positivamente modesto quarto lugar.
Felipe Nasr e Augusto Farfus tiveram menos sorte: o LMP2 do brasiliense terminou em 22º lugar geral (13º de 15 na LMP2), enquanto o BMW M8 GTE do curitibano sofreu um acidente ao amanhecer, depois de 223 voltas, e abandonou a prova.