FlatOut!
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Automobilismo

Trifoglio Racing Team: Fim de temporada?

Se você vem acompanhando esta temporada de competição da Equipe Trifoglio, é hora de uma atualização de fim de ano; é interessante fazê-la hoje, véspera do Track Day anual do FlatOut na Capuava. É a oportunidade de você, querido assinante, se encontrar conosco, e saber como estamos antes dar uma volta comigo na pista, com o Chevette azul.

Para quem não sabe, um breve recap: A Equipe Trifoglio é na verdade uma grande brincadeira entre amigos: juntamos os amigos que participam, de Chevette, do Hot Lap Limeira (prova em pista no truncado kartódromo de Limeira) e o Rally Clássico São Paulo (rali de regularidade em estrada) para fazer uma equipe. O Trifoglio, claro, é uma brincadeira com os amigos que tem Alfa Romeo: nossa equipe tem só três folhas pois quatro é muito caro.

Trifoglio Racing Team: mid-season update

É uma brincadeira, sim, mas a equipe tem objetivos sérios, e a gente realmente se dedicou este ano. E até agora, temos tido algum sucesso.

Na verdade, hoje era para eu dizer aqui que ficamos em primeiro, segundo e terceiro lugares na categoria D1 do Hot Lap Limeira este ano. A prova do dia 19 de novembro deveria ser a última, e eu, Fabio Pinho e Marcelo Loss (este, de Spyder 550 réplica, o único não-Chevette da equipe) estávamos nas três primeiras posições do campeonato. Mas, por problemas com a pista em Limeira que está sendo reformada, o evento do dia 19 foi adiado. Provavelmente, então, o campeonato de 2023 só acaba em 2024.

O campeonato está realmente apertado: os três primeiros, em toda prova, estão no mesmo segundo. No último update que fiz do campeonato, eu tinha tirado dois segundo-lugares: em 15 de outubro eu ganhei, então cada um de nós tem uma vitória!

O campeonato está apertadíssimo, e emocionante. Tanto que tínhamos combinado filmar a final para o FlatOut, e fazer uma grande foto de final de ano com os carros da equipe e os troféus; vai ter que ser adiado, infelizmente.

Os tempos de 15 de outubro!

Se você se lembra, tínhamos 2 objetivos este ano: um, o campeonato da D1 no Hot Lap limeira; parece que está no papo, só faltando vermos quem será o campeão. Não vou mentir para vocês: estou realmente empenhado em ser campeão. Nunca fui campeão de nada, e a primeira vez, certamente vai ser mais inesquecível que sutiã adolescente.

Na prova de 15 de outubro: eu em primeiro, Fábio segundo.

Isso, é claro, supondo que serei campeão. O meu amigo e companheiro de equipe, o Fabio “Roadrunner” Pinho, tem tanta chance quanto eu; o Marcelo Loss está um pouco atrás, mas também com chance. O problema dele foi que na última prova, o carro quebrou, e acabou em 4º lugar, atrás do Daniel Ioti e seu sensacional Gol 1600 “a ar”.

Eu e o Daniel, ao lado do Gol

Parêntese: O Daniel me convidou para dar uma volta na pista com o carro dele no fim da prova. A gente sabe que o Gol com este motor faz ainda mais curva que os AP: motor mais baixo, mais curto e mais leve.
Mas o carro do Daniel, acertado para Limeira, é ainda melhor: senhores, que chão tem isso. E que delícia é guiar! Previsível pacas, aderência animal, não rola, a frente sai no limite mas aí é só dosar acelerador. E o torque é bem bacana, também. Se fosse um pouco mais forte de motor, não tinha para ninguém na D1. Ajuda também que o piloto pequeno deve pesar 0,35 MAO.

Nesta última prova, dia 15 de outubro, algumas novidades no Chevette azul. A mais importante foi pneu: novos Continental na medida 175/70 R13. Também mudei o volante do carro, esta última uma das mais legais modificações que já fiz. O anterior tinha 350 mm; este, uma reprodução do que ia nos Passat TS , tem 380 mm, e um offset grande. Ficou realmente sensacional: a posição de dirigir está perfeita para mim, e o volante grande, fazendo a direção bem mais leve.

Os pneus novos ajudam: só de trocar eles já senti a direção mais leve; o volante maior fez ainda mais neste sentido. Ficou muito bom: embora obrigue movimentos mais amplos, a leveza e precisão da tocada melhoraram muito. Adorei.

Os pneus não foram um ganho imenso em aderência, mas são muito mais controláveis derrapando. E derrapando é como estou andando em Limeira hoje. Interessante notar a diferença em relação ao Fabio e seu Chevette 1988 a álcool: no truncadíssimo circuito só de curvas praticamente, o Fabio, com menos potência (o motor é original), mas pneus 175/65 R14, faz o circuito inteiro de forma “limpa”, sem quase derrapagens pronunciadas. Eu estou de lado e derrapando o tempo todo: o tempo é igual, praticamente. Me deixa realmente pensando se não vale a pena investir em pneus 185/60 R14. Mas por enquanto, não.

O fato é que independente do resultado, me divirto horrores com o Chevette em pista: é extremamente benigno em seu comportamento, me fazendo parecer um piloto melhor do que sou, na realidade. Berra subindo de giro, espoca em desaceleração, e faz curvas como ninguém: uma delícia. E incrível como os freios são mais que suficientes, mesmo com o dobro da potência do carro 1,4 litros original: fiz o ano inteiro com um jogo de pastilhas de freio!

Agora que a posição de dirigir ficou perfeita, resolvi parar de modificar o carro um pouco e só aproveitá-lo. Mas claro que os planos continuam na cabeça: bateria no porta-malas para ajudar distribuição de peso; banco traseiro moderno para aliviar aproximadamente 7 kg. O capô em fibra de vidro, algo bom não somente para redução de peso (mais de 10 kg), mas também na distribuição de peso, está suspenso por enquanto; me tiraria da categoria D1 em Limeira. Outro alívio potencial de peso é o motor de arranque: usar um de Onix reduziria o peso na frente em 2 kg.

Na verdade, ando aumentando um pouco o peso; fruto da outra competição que participamos: o Rally Clássico São Paulo.

 

O Rally

 

O Rally Clássico é outro tipo de competição, totalmente diferente. O princípio aqui é acertar as médias de velocidade em trechos controlados de estrada, durante uma viagem. A planilha com o percurso é disponibilizada na véspera, e para manter esta média, o Navegador conta com a planilha física e celulares ou tablets com um aplicativo específico de controle.

Usamos dois celulares, eu e o meu navegador, o Gui Moreira; junte a isso farol ligado o tempo todo, e nas primeiras provas que participei, acabei ficando sem bateria. Isso aconteceu também em viagens à São Paulo, com chuva: com meu celular, farol, limpador, ventilador e som ligados, cheguei ao destino zerado de bateria.

Para resolver isso, um alternador de 90a moderno. Mais pesado, absorve certamente mais potência do motor, mas resolveu completamente o problema. Nunca mais desde que o instalei, fiquei sem bateria. Sucesso! O ganho em peso não foi grande: pouco mais de 1 kg.

Outra modificação que estou esperando para fazer em casa durante o fim do ano é um console de três instrumentos extras. Esses instrumentos foram selecionados por sua utilidade apenas: são coisas que senti falta em um momento ou outro.

Pelo interior paulista!

O primeiro é pressão de combustível: uma falha que acontece de vez em quando é sujeira ir até o carburador e fazê-lo parar de alimentar momentaneamente o motor; engasga. Um medidor de pressão vai me ajudar a ver se é combustível mesmo. O segundo; voltímetro: para não ter surpresas mais com a bateria.

O terceiro é um velocímetro GPS, extra. Explico: o velocímetro original sempre foi extremamente impreciso. Era pessimista; o que o fazia não só ruim, mas sim inútil. Não consegui fazer ele preciso: apenas otimista, o que, pelo menos, garante que se passar num radar a 120 km/h no velocímetro, ele vai estar certamente abaixo disso. Pelo menos, não é inútil agora. Mas um medidor via GPS mais preciso vai me ajudar, inclusive para aferir os equipamentos no rali. Não é algo estritamente necessário, mas eu quero ter. O aumento de peso com estes instrumentos é de 443 g.

Nosso objetivo esse ano era apenas ganhar um troféu; a atividade requer muita prática e dedicação, então nossos objetivos são bem humildes. Mas tenho a dizer que conseguimos mais do que esperamos: nas duas últimas provas ficamos em 5º e 4º lugar; como até a quinta colocação dá troféu, conseguimos não só um, mas dois deles! Sucesso!

Mas o que realmente é legal nessas provas são as viagens; as estradas são sempre sensacionais e inesquecíveis; o repertório de lugares para se passear de carro aumentou muito com nossa participação nos eventos. Na última, que acabou em Ribeirão Preto, aproveitamos o dia seguinte, um domingo, para andar em uma pista de terra que um amigo preparou em sua fazenda.

O Rally nos obriga a sair de casa e rodar com o carro, e quando a gente sai para o mundo, coisas acontecem com a gente. Boas e ruins, claro; tem gente que quebra, e até pequenos acidentes acontecem. Mas tudo é vida; precisa ser vivida.

 

O que aprendi

De novo, esta temporada está sendo de grande aprendizado. Um exemplo legal: eu sempre achei que carro de corrida tem que ir para pista rodando; que não existe desculpa além de slicks e falta de placa para ser diferente. Mas correndo frequentemente fez-me mudar de ideia. O Marcelo Loss por exemplo, criou um engate sensacional para poder levar o 550 Spyder flat-towed atrás de sua perua Jeep. Se pagou no dia: o carro quebrou, mas voltou para casa da mesma forma que veio para pista.

Outra coisa: Racing does improve the breed; a competição realmente melhora a espécie. As modificações que fiz no carro, sejam elas para pista ou para o Rally, só o melhoraram. Cada vez ele fica mais confiável e melhor para usar, cada vez mais descobrimos coisas que podem melhorar, no detalhe. Quer manter seu antigo em condição de uso de verdade? Entre nessas competições, e preste atenção com o que acontece com ele. Mesmo carros perfeitos, exigidos assim, mostram onde se pode melhorar.

@simanoviciusfotografia

Os planos para ano que vem? Bem, este ano nem acabou, tecnicamente; estou aqui ansioso esperando a última prova do campeonato do Hot Lap Limeira. Não consigo pensar no futuro sem acabar este campeonato e saber se realmente, pelo menos uma vez na vida, vou poder me chamar de campeão. Ah, a ansiedade!