Há alguns dias, inspirados por aquele Honda Civic com um motor de Fusca no porta-malas, fizemos uma lista com alguns dos carros de motor traseiro (não central-traseiro) mais legais já fabricados. Agora, vamos falar de mais alguns deles!
Tatra 603
A Tatra é uma das mais antigas fabricantes de automóveis do mundo — foi fundada em 1850, quando começou a fabricar carruagens para cavalos. Em 1891 a empresa passou a fabricar vagões ferroviários e, naquele mesmo ano, seu fundador, Ignác Šustala, morreu.
Décadas depois, em 1936, daria ao mundo o carro que inspirou o Dr. Ferdinand Porsche na hora de desenhar o Fusca: o Tatra T97 — um sedã com um boxer de quatro cilindros refrigerado a ar pendurado na traseira, compartimentos de bagagem na dianteira e atrás do banco traseiro, espaço para cinco pessoas e a inconfundível silhueta arredondada que, na mesma época, foi vista nos primeiros protótipos do Carro do Povo.
O Tatra 603, contudo, é seu carro mais famoso, por ser um dos carros de luxo mais curiosos já feitos em todos os tempos, e só podia ser adquirido (quer dizer, se “adquirido” for a palavra certa em pleno regime comunista) por oficiais de alta patente do governo. O projeto começou a ser desenvolvido em 1952 e a produção começou quatro anos depois. A carroceria aerodinâmica lembrava uma bolha e tinha uma dianteira curiosa, com os faróis posicionados bem no centro, sob uma cobertura de vidro.
Não havia grade dianteira, pois a traseira abrigava um motor V8 de 2,5 refrigerado a ar com comando no bloco. Não era exatamente potente, com cerca de 100 cv, mas era extremamente confiável. Tanto que, na década de 1960, a Tatra colocou o 603 para competir em diversos ralis na Europa — incluindo uma tentativa de participar do Rali Monte Carlo de 1960, ainda que o governo da Tchecoslováquia tenha proibido a companhia de participar de uma competição criada por capitalistas.
Tucker 48
Contamos a história do Tucker 48 recentemente: no fim da década de 1940, o engenheiro Preston Tucker decidiu criar um carro que, em sua visão, mudaria para sempre o modo como os americanos enxergavam os automóveis, com revoluções em segurança, construção e design que só seriam vistas na indústria automotiva décadas mais tarde.
O que incluiu o Tucker nesta lista, porém, é a localização do motor. Ainda que os 51 carros fabricados tenham recebido alguns motores diferentes, todos ficavam na traseira. Um dos motores disponíveis era um boxer de seis cilindros e 5,5 litros, projetado originalmente para um helicóptero Bell. Arrefecido a ar, entregava 166 cv. Você pode ler tudo sobre o Tucker 48 neste post!
Hino Contessa
Apostamos que este você não conhecia. Pelo nome, talvez tenha sacado que é japonês – eles gostam de usar palavras latinas para batizar seus carros (“contessa” é “condessa” em italiano e sim, o italiano deriva do latim antigo). Hoje em dia, a Hino é uma divisão da Toyota que fabrica utilitários como vans e furgões mas, na década de 1960, fabricava carros pequenos, baratos e econômicos.
A primeira geração do Hinco Contessa teve cerca de 48.000 unidades produzidas entre 1961 e 1964 e era baseada no Renault 4CV – o quatro-cilindros de 0,9 litro e 35 cv era um projeto dos franceses. Havia, contudo, algumas diferenças: o radiador do Contessa ficava atrás do motor, enquanto no 4CV o mesmo ficava à frente do motor, próximo à parede corta-fogo.
Havia, ainda, a versão Sprint. Além de ser 100 kg mais leve, com apenas 650 kg, era um carro muito bonito, com uma carroceria cupê que parecia uma mistura de BMW 507, Karmann Ghia TC e Alfa Romeo Giulia Sprint Speciale em escala reduzida.
A segunda geração, produzida entre 1965 e 1967, era um carro maior e mais quadrado, que lembrava bastante o Chevrolet Corvair, especialmente por causa dos quatro faróis circulares na dianteira.
O motor era um quatro-cilindros de 1,25 litro e 54 cv, mais apropriados para um carro que, agora, pesava cerca de 950 kg. O Hino Contessa de segunda geração foi o último projeto independente da Hino antes de sua aquisição pela Toyota.
NSU Prinz
Fundada em 1873, a NSU foi uma das empresas adquiridas pela Volkswagen no fim da década de 1969 para formar a companhia que se tornaria a Audi que conhecemos hoje. Seu modelo mais famoso, o NSU Prinz, foi um popular que, entre 1958 e 1973, teve duas gerações e diferentes estilos de carroceria, mas sempre com tamanho compacto e motor na traseira. Prinz significa “príncipe” em alemão, e o slogan do modelo era Fahre Prinz und Du bist König, que significa “Dirija um Príncipe e você será um rei”.
A primeira geração do Prinz era um sedã com visual pitoresco, quase caricato, com três volumes bem definidos, teto alto para acomodar quatro pessoas sem tanto aperto. A primeira geração foi fabricada até 1962, e tinha um motor de dois cilindros, 583 cm³ e 20 cv na traseira. Ainda que fosse fraco e barulhento, o propulsor arrefecido a ar foi elogiado por sua durabilidade e flexibilidade – reflexo da experiência da NSU como fabricante de motocicletas.
Já a segunda geração, lançada em 1961, parecia um pequeno Chevrolet Corvair por causa dos faróis circulares e tinha um motor maior, de 598 cm³, e 30 cv. Foi elogiada por manter as boas características da primeira geração, mas criticada por não trazer quaisquer melhorias significativas além do visual mais harmônico.
Talvez tenha sido por isto que, em 1963, a NSU apresentou o Prinz 1000, que tinha uma carroceria maior, um interior mais espaçoso e um motor de 1,2 litro e 65 cv. As duas versões do Prinz conviveram até o início da década de 1970, quando a Volkswagen decidiu que era hora de descontinuar os modelos.
Subaru 360
Tal como a Volkswagen, a Subaru também é conhecida por seus motores boxer. E, assim como os alemães, eles também tinham um carrinho com formas arredondadas e simpáticas, quatro lugares e motor traseiro. Mas ele não tinha um motor boxer. Parece complicado, mas não é.
Estamos falando do Subaru 360, kei car japonês que foi fabricado entre 1958 e 1971 e tinha este nome por causa do motor bicilíndrico de 356 cm³ (as leis japonesas para kei cars na época só permitiam motores de até 360 cm³). Dois-tempos, o motor precisava de óleo misturado ao combustível para ser lubrificado corretamente, e era capaz de levar o Subaru 360 até os 100 km/h, sua velocidade máxima, em 37 segundos. Ele pesava cerca de 450 kg.
A Subaru exportou cerca de 10.000 unidades do 360 para os EUA, onde não foi bem recebido por causa do tamanho e da pouca potência. Hoje em dia, esses carros são muito procurados por colecionadores.