Nos anos 1980 e 1990, a relação da Chevrolet com a Suzuki era bastante complexa, dando origem a diversos modelos que dividiam carroceria e mecânica, porém tinham uma salada de nomes diferentes, dependendo do país onde eram vendidos: Chevrolet Sprint, Geo Metro, Chevrolet Metro, Suzuki Cultus — até mesmo o Brasil entrou nessa, com o Suzuki Swift.
Agora, você não precisa conhecer todos os nomes e saber as diferenças entre eles para se impressionar com a pequena maravilha da engenharia automotiva que vamos mostrar a seguir. Afinal, mesmo que nunca tenha visto ou ouvido falar no Chevrolet Sprint, como não ficar de queixo caído ao saber que este pequeno hatchback tem um V8 de 967 cv (ou 954 hp) debaixo do capô? Não dá para ficar mais sleeper do que isto.
Sleeper, para quem não sabe, é como são chamados aqueles carros discretos por fora, que dão pouquíssimas pistas (ou nenhuma) de seu poderio mecânico. Vendido de 1984 a 1988, o Chevrolet Sprint era um dos carros mais baratos que se podia comprar na época — e um dos mais anônimos, também. Quem vê um Sprint nas ruas dos EUA deve pensar, no máximo, “olha aí, mais um Chevrolet Sprint… o que será que tem para jantar lá em casa?”. Talvez o estilo genérico e o fato de o motor ser um anêmico 1.0 de três cilindros e 50 cv (lembre-se, isto há 30 anos) tivessem alguma coisa a ver com isto. Aliás, com certeza, não é?
Sendo assim, talvez este carro até passasse despercebido caso você topasse com ele na rua. Até porque é preciso um pouco de atenção para notar os gigantescos pneus traseiros, que calçam rodas cobertas por calotas bem parecidas com as originais. Fora isto, nada mais na aparência externa do carro denuncia a superdosagem de veneno que ele recebeu.
Ao abrir o capô, a gente nota, beeeeem recuado no cofre, o V8 small block de 402 pol³ (6,6 litros) todo de alumínio montado pela Duttweiler Performance, preparadora de Ventura, na Califórnia. Com cabeçotes Brodix, comando roletado, virabrequim e bielas forjados, pistões CP e, a cereja do bolo, dois turbocompressores Precision — tudo alimentado por um sistema de injeção Big Stuff 3.
Foi necessário refazer toda a parede corta-fogo para dar espaço para o conjunto mecânico, que inclui também uma caixa automática GM TH350, de três marchas, muito usada em carros de arrancada por sua robustez. A força é levada para as rodas traseiras por um eixo diferencial Ford de 9”, devidamente encurtado para caber no espaço entre os pneus. O resultado? Os tais 954 hp aferidos em dinamômetro. Infelizmente, não há vídeos da puxada — a gente adoraria ouvir o ronco deste carrinho acelerando até o limite.
Claro, dirigir este carro deve ser uma experiência curiosa. O interior, ao contrário do lado de fora, é bem diferente do original. O painel de instrumentos ainda está lá, bem como os revestimentos de porta originais, mas agora há alguns relógios extras e comandos modificados. O assoalho não tem acabamento algum e, ao abrir o porta-malas, o que se vê são o tanque de combustível selado e os dois turbocompressores, lado a lado. E não há como não notar o deslocamento da caixa de pedais — se você acha que o seu carro popular é desalinhado, imagine a dor no quadril depois de dirigir este Sprint!
Pelo estilo do projeto, imaginamos que o carro se dê melhor em uma dragstrip — a combinação de entre-eixos curto, baixo peso (o Sprint pesa menos de 700 kg) e pneus absurdamente grandes na traseira não deve favorecer muito o comportamento dinâmico. E ele também é legalizado para rodar nas ruas, o que nos faz pensar em todos os sustos que ele poderia dar nas saídas de semáforo…
E o carro está à venda no site Autobarn Classic Cars, que pede US$ 44.995 por ele. Na nossa moeda, em conversão direta, são R$ 162,8 mil. Se vale tudo isto, não sabemos. Mas que deve ser divertido, ah, isso deve!