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Zero a 300

Um Ferrari 458 Speciale manual? | Royal Enfield Super Meteor 650 no Brasil | O DKW de Emerson vai a leilão e mais!

Bom dia, caros leitores! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa rica mistura das principais notícias automotivas do Brasil e de todo o mundo. Assim, você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere conosco.

 

Um Ferrari 458 Speciale com câmbio manual?

Já disse várias vezes que uma das coisas que mais me espanta é que uma empresa como a Ferrari, que ao longo de décadas e décadas de cuidado, aprendizado e engenharia, aperfeiçoou a mais incrível alavanca de troca de marchas da história da humanidade, tenha jogado este conhecimento no lixo.

Sim, no mundo dos hipercarros as caixas DCT e automáticas são hoje a norma, vendem mais, e francamente combinam melhor com a natureza digital, que quase emula um videogame, dos carros esporte de primeira linha. Mas tem gente que gosta de trocar marchas, e este mercado é de gente que pode ter tudo que quer. Nem como opcional, caríssimo? Sempre achei um erro.

A empresa chamada “Modificatta”, já há algum tempo, vem fazendo um bom meio de vida retificando justamente esta falha. Convertendo Ferraris originalmente sem pedal de embreagem, em carros com a tradicional troca manual. Mas até agora, tinha feito isso basicamente em F355 e 360 Modena. Carros onde existia ainda a opção manual, o que tornava a conversão relativamente sem mistério. Um swap, como se diz por aí, ou mera retirada do “robô” no caso da 355.

Agora a empresa mostrou algo que é outro negócio totalmente diferente, em termos de engenharia. Um Ferrari 458 Speciale manual. O 458, sabemos bem, corrente de 2009 a 2015, nunca teve câmbio manual. Nunca teve alavanca de câmbio, console, cabos, pedaleira de três pedais. Era um carro que sempre foi DCT de sete marchas, acoplado ao seu V8 de 4,5 litros aspirado, que no caso da Speciale em questão, dava 605 cv a 9000 rpm.

Então isso aqui é uma novidade absoluta, pois tudo teve que ser engenheirado do zero. A parte eletrônica é o problema que só de imaginar, embaralha a cabeça. A empresa não deu muitos detalhes ainda além das fotos; diz apenas que: “essa empreitada foi um verdadeiro trabalho de amor para nós, e não se engane, demorou um bocado para acontecer”. Diz também que a troca do câmbio diminuiu o peso do carro; o DCT é conhecido realmente por ser pesado e complexo.

Não há detalhes de preço (se você tem que perguntar…) e de qual câmbio foi usado. Um bom chute parece ser o equipamento da 360 Modena adaptado ao carro mais novo. Também não se sabe se ficou bom: o 458 é um carro que não foi feito para ter câmbio manual, com uma direção extra-direta e rápida que requer concentração. Mas de qualquer forma, mostra que existe o mercado. E que não estávamos sozinhos em acreditar que a Ferrari errou aqui. (MAO)

 

Royal Enfield 650 Super Meteor será montada e vendida no Brasil em 2023

Em novembro do ano passado conhecemos a terceira variação da popular Royal Enfield 650 de dois cilindros paralelos, a Super Meteor. O Super aqui é para diferenciá-la de sua irmã menor, a monocilíndrica Meteor 350. Meteor, na língua da marca, parece significar moto Custom, com mais ângulo de cáster no garfo dianteiro e assento mais baixo com degrau para passageiro, no idioma popularizado em exagero pelas “choppers” americanas.

Agora a moto teve seus preços e detalhes revelados oficialmente na Índia. E mais: a marca confirmou que será oferecida no Brasil ainda em 2023. Será uma das motos montadas aqui em regime CKD, em Manaus, onde a empresa recentemente passou a ter uma linha de montagem para isso, dentro da fábrica da Dafra.

Em seu país de origem a moto terá duas versões, a saber: básica, ao redor do equivalente em rúpias indianas de R$ 22.000, ou Tourer, ao redor de R$ 24.000.  As duas versões tem rodas de liga leve, farol com lâmpada de LED, pisca alerta, freios a disco nas duas rodas com ABS, tomada USB e o sistema de navegação da Royal Enfield. A Tourer tem a mais pinturas exclusivas, para-brisa e encosto para o garupa.

Lembrando: a moto tem 1.500 mm de entre-eixos, e o assento é baixo aos 740 mm. Pesa 241 kg em ordem de marcha, e o tanque pode levar até 15,7 litros de gasolina. O câmbio é de 6 velocidades, a transmissão final é por corrente, e o motor é o mesmo bicilíndrico paralelo refrigerado a ar de 647 cm³ e 47 cv a 7.250 rpm, já usado nas Interceptor e Continental GT. (MAO)

 

Morgan e Sennheiser criam som especial para seus roadsters

OK, a Morgan não é mais a mesma. Não é liderada por uma linhagem direta de Morgans, uma sequência de pais e filhos que podia ser seguida desde 1909. Não faz mais o mesmo carro de 1936 atualizado como era o caso até 2019. Não, os atuais Plus Four e Plus Six são carros modernos, com a aparência dos Roadster de 1936.

Mas mesmo assim, continua algo fantástico. Onde mais você pode ter toda as amenidades do mundo moderno, e uma mecânica BMW também moderníssima, em um roadster básico e aberto como esse? Mistura tudo de bom do século passado, com a força, economia, confiabilidade e infalibilidade do carro moderno. Tem até versão com câmbio manual, no caso do Plus Four!

São carros realmente sensacionais. E um exemplo de como é a notícia de hoje. Os Morgan Plus Four e Plus Six agora vêm equipados com sistemas de áudio Sennheiser graças a uma nova parceria entre as duas empresas. A marca de áudio alemã é famosa por seus equipamentos de primeira linha, principalmente para uso profissional.

O sistema integrado aos dois modelos Morgan é composto por quatro alto-falantes convencionais nas portas e painel traseiro, além de quatro alto-falantes ocultos, sendo três atrás do painel e um escondido para reprodução de graves. Também foi instalado um amplificador alimentado pelo software de processamento de áudio da Sennheiser.

Ao projetar as grades dos alto-falantes, a equipe da Sennheiser se inspirou nas persianas Morgan estampadas do capô dos modelos Plus Four e Plus Six. As grades dos alto-falantes também têm acabamento em cetim polido e combinam perfeitamente com o resto da cabine.

A Sennheiser diz que o ajuste do sistema de áudio cria a ilusão de uma concha acústica na frente dos passageiros. “Nossa tecnologia exclusiva, e a habilidade e experiência de nossa equipe, trabalhando ao lado da incrível equipe da Morgan, tornaram possível para um carro esportivo conversível ter um sistema de som que oferece o máximo em todos os níveis”, acrescentou o diretor-presidente da Sennheiser, Herr Doktor Andreas Sennheiser.

Por baixo tecnologia alemã, por fora um fino verniz de pura tradição britânica, e nenhum sinal de equipamentos elétricos Lucas por perto. Uma grande enganação, claro; mas uma que a gente pode curtir realmente sem culpa alguma. (MAO)

 

DKW-Malzoni histórico não atinge reserva em leilão americano

Como carros modernos ficam cada vez menos interessantes para os entusiastas, estes cada vez olham mais para trás, na procura de “novidades” diferentes e divertidas. Os americanos, principalmente, mostram grande apetite para coisas exclusivas em seu país, como por exemplo carros JDM, exclusivos para o mercado japonês.

Era questão de tempo para começarem a importar carros brasileiros também. Todo tipo de carro brasileiro, que nunca foi vendido por lá originalmente (BDM?), tem aparecido a venda nos EUA. Com destaque aos Puma “Tubarão”, muito desejado. Mas parece que não é tudo que é diferente e exótico para eles, vende.

Esta semana um leilão no site Bring a Trailer chamou a atenção de muitos de nós: um DKW-Vemag Malzoni GT de competição. Mais que isso: o famoso carro de corrida que, pilotado por Emerson Fittipaldi e Jan Balder, por pouco não ganhou as Mil Milhas de Interlagos de 1966. O evento é famoso e épico, pois a vitória seria em cima de carros teoricamente muito superiores, como a famosa Carreteira de Camilo Christófaro que no fim ganhou, equipada com um motor V8 Chevrolet de mais de 300 cv. Lembre que o DKW tinha um motor tricilíndrico dois tempos de menos de um litro…

Os símbolos dos pilotos. Para eles, sem significado.

O carro liderou a prova completamente, até que a três volta do final, problemas mecânicos impediram a vitória. Acabaram em terceiro lugar, e no pódio, o jovem de 19 anos chamado Emerson chorava copiosamente, inconformado com o que podia ter sido uma vitória histórica, perdida, e sem saber ali que estava destinado a glórias muito maiores. Matéria prima pura de lenda.

Mas é um carro importante para nós, brasileiros, e é estranho ver ele leiloado na América. Por isso, talvez, por ninguém lá realmente sentir o que sentimos por este marco de nossa história, que o carro não atingiu o seu valor de reserva, e não vendeu. O leilão terminou ontem, e o maior lance, US$ 32,250, ou R$ 168.990 no câmbio de hoje. Tomara que volte ao Brasil. (MAO)