Bom, pessoal… sei que muitos estão ansiosos pelas informações do projeto, mas as atualizações não dependem apenas de mim. Este texto por exemplo já foi enviado a muito tempo, mas como temos muitos PC no Flatout (o que é muito bom), a fila acaba sendo grande. Mas sem mais delongas vamos voltar a saga do projeto #36 Fiat Tempra V6 3.0 24V Quadrifoglio Verde. Espero que vocês estejam gostando !
Para aguentar o peso do novo motor e caixa, resolvi chutar o balde, e fui em busca de peças de Marea Turbo, pois o peso do conjunto de motor (ferro fundido) e caixa do Marea Turbo e praticamente o mesmo do V6 (todo de alumínio) + caixa, sendo assim a suspensão do Marea seria ideal. Saí em busca de peças novas e usadas, mas acabou que a maioria eu comprei nova.
Acabei comprando um novo agregado, pois o da SW estava meio amassado e com isso comprei novos leques, amortecedores, molas, batentes, bieletas, além da caixa de direção do Marea Turbo — que possui respostas mais rápidas e precisas — e as mangas de eixo também de Marea Turbo. Com tudo isso em mãos comecei a montar a parte de suspensão dianteira, e mais uma vez tudo acabou sendo plug-in-play. A única coisa que alterei novamente foi a barra estabilizadora; tinha usado a do Marea, mas acabei voltando para a barra estabilizadora do Tempra SW — que é a mesma do Fiat Coupé, mais firme e mais grossa.
A caixa de direção também acabou sendo de Marea Turbo. Por fora ela é igual à caixa de direção do Tempra SW, o que mudam são os componentes internos que fazem a caixa de direção do Marea Turbo ter uma resposta mais rápida do que a da SW.
Tudo montado, agora o carro estava com os componentes superdimensionados, mas o freio ainda era do Tempra, então saí em busca de um upgrade. A primeira coisa que fiz foi ir à minha sucata de 164 e pegar as pinças. Para a minha surpresa são as mesmas usadas pelo Marea Turbo. A principio achei fraco pela potência do motor, então fui em busca de informações históricas sobre os freios da 164 e, pra mim, não foi surpresa quando os relatos da época diziam que o carro era excelente, mas poderia ter um freio melhor. Um desses relatos dizia que com o upgrade de freio para as pinças do Alfa 166, o carro ficava excelente. Aí estava a resposta, comecei a correr atrás da pinças de Alfa Romeo e o lugar mais sensato e perto para se procurar era no ferro velho de Alfa que tem aqui em BH. Adivinhem só: tinha um Alfa 166 sendo desmontado. Fiquei igual criança em loja de brinquedo.
Inicialmente dá uma dor no coração em ver tantos Alfa mortos, vários 164 (12v e 24v), vários 145, alguns 156, outros 155, inclusive um raro V6, e o fim da linha, os Alfa 166. Aquele mar de peças e carros ficavam me chamando, como se estivessem gritando por socorro.
Inicialmente comprei a pinça do Alfa 166 mas, como ela ainda estava montada no carro, deixei para pegar no dia seguinte. Fui para casa martelando algumas idéias e, como diz o ditado, tá no inferno, abraça o capeta. Foi isso que eu fiz: chutei o balde com força.
Alguns vão odiar, outros dirão que ficará barango e outros sempre dirão que não dá, como sempre eu contesto a questão de que não dá, pra tudo nessa vida tem solução.
Como o carro já estava sendo feito em função do V6 naquele momento, depois de mudar a frente o painel original do Tempra não encaixava mais e o painel da SW seria a opção mais sensata. Infelizmente ele estava muito degradado, com peças plásticas quebradas muito difíceis de substituir. Então pensei: se a ideia é fazer algo diferente, com luxo, potência e conforto de una legittima macchina italiana por que não usar peças dos carros da Alfa Romeo e fazer igual ao Alfa Romeo MiTo for Maserati?
Ele foi um Alfa MiTo feito para a os clientes da Maserati usando materiais nobres dos carros da Maserati? Então resolvi dar essa subida de nível no Tempra, como se fosse um Tempra for Alfa Romeo; o banco já seria o elétrico do 164, com ajustes de 10 posições, bem mais completo que o elétrico do Tempra que possui só seis. Então faltava pensar no resto. Passei a noite na internet pesquisando painéis e interiores de Alfa — fossem antigos ou novos, até que cheguei a um interior que eu considerava ideal pra mim.
Com o interior em mente, no dia fui seguinte buscar as pinças de Alfa 166 e dar uma olhada nos painéis. Entre modelos e valores, o que mais me agradou foram os painéis de 156 e 166. Por incrível que pareça o do 156 era o mais caro — o do 166 estava até barato, então não deu outra: já mandei desmanchar completo e arrematei todo o interior do Alfa 166. Faltou só levar os bancos, que eram elétricos e aquecidos, mas custavam os olhos da cara — como eu já possuía os bancos do 164 nem liguei muito.
Pronto, a visita ao cemitério de Alfa me deixou mais pobre, mas ultra-feliz. Agora o Tempra teria o interior de Alfa 166. Vai servir? Sei lá! Depois eu pensaria nisso. Se não servisse eu venderia, não paguei caro mesmo. O mais difícil seria achar. Me desfazer seria fácil.
Agora o Tempra possuía motor mais potente, suspensão compatível, interior top. Mas apesar de tudo atualizado, uma coisa tinha sido deixada de lado, a parte elétrica, que apesar de antiga e desatualizada, ainda dava banho de tecnologia em alguns carros atuais — um dos motivos da próxima loucura. Como a parte elétrica do Tempra era mais antiga, 1996, ela poderia ser o gargalo do carro. Imagine ter o carro todo funcionando e ela não suportar por ser muito antiga ou qualquer outro motivo. O objetivo então passou a ser a melhoria da parte elétrica.
Navegando na internet, sem pretensão nenhuma em um dos vários blog e sites de carros que visito, vi um cara modificando um Uno Fire. Até aí tudo bem, mas o que o cara estava fazendo pra mim fugia do normal. Ele simplesmente ele pegou a parte elétrica completa de um Fiat Idea e estava enfiando tudo no Uno. Para completar ele enfiou o painel do Idea todo no Uno, (radio, painel de instrumentos, ar-condicionado, etc). O Uno ficou com vidro elétrico nas quatro portas, retrovisores elétricos, trava nas portas, enfim, tudo que era elétrico no Idea foi parar no Uno. O cara enfiou o painel de um carro bem maior num carro menor. Pronto: esse cara era o meu novo Herói.
Depois que vi o Uno com recheio de Idea, fiquei pensando e bolando novas idéias. Usar o chicote de um carro completo, sem tirar nenhum componente em teoria faria a central acreditar que ainda estava no carro original, quando na verdade estava no carro doador, tipo uma doação de órgãos.
A partir deste momento fui em busca dos carros top da Fiat. Escolhi o Fiat Stilo Sporting ou BlackMotion, que possuíam em sua lista de itens de série ar-digital dual zone, direção elétrica, air-bags, ABS, computador de bordo, piloto automático, entre outros. Voltei novamente ao leilão em busca de uma sucata que me atendesse nesses requisitos, Sporting ou BlackMotion. Demorou bastante até que aparecesse uma sucata que iria suprir todas as minhas necessidades e sem estar faltando nada. Apesar da concorrência acirrada eu acabei ganhando; quem acompanha a saga do projeto #36 Fiat Tempra V6 3.0 24V Quadrifoglio Verde, vai lembrar que está é a terceira sucata que eu comprei pra o projeto.
O Stilo Sporting Dualogic Amarelo Modena chegou um pouco amassado, é claro, e as primeiras coisas que eu fiz foi tentar reviver o carro — afinal de contas eu só saberia se tudo estava ok depois que o carro estivesse funcionando. Para isso acontecer troquei uma manga de eixo quebrada, fiz uma funilaria tosca na coluna, coloquei uns arames no pára-choque, troquei a bomba de combustível e mandei fazer a chave. Mais uma sucata funcionando.
Para minha surpresa o carro só tinha 30.000 Km rodados e tudo funcionava muito bem. Como os air-bags não abriram, o painel não apontava nenhuma falha. O carro estava tão bom que fiquei com dó de depená-lo, comecei a ir ao leilão em busca de outro Stilo depenado, mas que não fosse sucata, para que eu pudesse transplantar as peças entre eles, isso me atrasou uns seis meses. Nesse tempo nada apareceu, então realmente o fim do Stilo estava decretado.
Infelizmente não consegui achar um Stilo manual, só apareceu esse Dualogic. Comecei a pesquisar e a perguntar para alguns contatos, se seria possível desmembrar o chicote do Dualogic do carro, e todos foram enfáticos em dizer que não seria possível, pois o chicote não era como antigamente. Hoje os carros da Fiat usam um chicote só com uma rede central, chamada de rede CAN, tudo é interligado e se eu tentasse remover o câmbio Dualogic apareceriam inúmeras falhas na central.
Mais uma vez eu voltei para a internet e acabei chegando a outra conclusão, que foi a mais acertada até agora. Mas isso fica para o capitulo 7, que este já ficou longo demais.
Abraço para vocês!
Por Diógenes Moreira, Project Cars #36