O ser humano sente uma fascinação especial pela nostalgia — aquele sentimento meio bom, meio ruim que a gente tem quando vê ouve uma música, sente um cheiro ou vê alguma cena que nos traz lembranças de um tempo que não volta mais. A galera que curte carros adora uma boa nostalgia, nós já percebemos. E o vídeo que trazemos hoje é uma explosão nostálgica, especialmente para quem viveu os anos 90.
É um vídeo curto, de apenas um minuto e meio, sem grandes aspirações ou uma produção caríssima. É bem simples: dois clássicos absolutos entre os esportivos japoneses — um Honda NSX e um Mazda RX-7 FD — dão um passeio pelas rodovias japonesas. A edição simples, porém eficiente, dá ao vídeo toda a atmosfera noventista que alguém poderia querer, temos certeza de que será um prato cheio para os admiradores do JDM. Para qualquer entusiasta, na verdade.
Esta pequena obra de arte, brilhante em sua simplicidade, se chama Hakone Run, e foi produzido por um canal do YouTube chamado Classicsracer & Co. Pelo nome do vídeo e pelo cenário, não fica difícil deduzir que tudo se passa na emblemática Hakone Turnpike, uma das mais famosas touges (as estradas sinuosas nas montanhas) do Japão. Você deve lembrar dela — já postamos vídeos gravados lá mais de uma vez aqui no FlatOut. Lembra do Motorhead Hillclimb?
É claro que a gente gosta de ver esportivos acelerando até o limite, fazendo curvas com perfeição, dando derrapagens controladas e essas coisas todas. Mas a intenção dos caras com Hakone Run foi evocar outra sensação: aquela de curtir seu carro no mundo real, sem pressa, sem urgência e sem pretensões, com a sua música favorita saindo pelos alto-falantes. Na verdade, talvez até aliviando o pé direito de vez em quando para não chegar tão cedo assim ao seu destino. Se é que você precisa de um destino toda vez que pega o carro para dar uma volta.
O filtro colocado no vídeo, com imagem levemente granulada, cores apagadas e até os pulos e ciscos na imagem, típicos da era VHS, completa a atmosfera, bem como a música eletrônica que parece ter vindo direto de Top Gear (o game, não o programa), com sintetizadores e batida retrô. O estilo, que pode ser chamado de outrun electro, tem ficado bastante popular nos últimos anos — em parte, graças à onda retrô nos filmes e games que querem trazer de volta a atmosfera dos anos 80 e 90, como os longas Drive e Planet Terror/Death Proof, e os jogos Drift Stage e Horizon Chase.
O protagonistas do vídeo também fazem sua parte: o NSX não é considerado apenas o maior Honda de todos os tempos, mas um dos carros japoneses mais incríveis de todos. E não é por pouca gente. Lançado em 1990 e vendido até 2005 sem grandes alterações, ele trazia um visual bem acertado, um grande conjunto mecânico — um V6 de três litros e 280 cv, que teve o deslocamento ampliado para 3,2 litros em 1997 — e dinâmica de primeira.
O Mazda RX-7 também é um verdadeiro ícone. O exemplar que aparece no vídeo faz parte da terceira e última geração do modelo, e foi o último cupê de duas portas equipado com motor Wankel. Com dois rotores, apenas 1,3 litro de deslocamento e turbocompressor, ele também entregava 280 cv — a 6.200 rpm, com direito ao bonito ronco característico dos motores rotativos.
Agora, uma coisa a gente diz: nostalgia pouca é bobagem. Além disso talvez você quisesse ver mais carros japoneses das antigas — bem, é óbvio que você quer. Então lá vai!
Vamos começar voltando um pouco mais no tempo — até 1968, quando a Nissan apresentou ao mundo seu primeiro GT-R, conhecido comno Hakosuka e equipado com um seis-em-linha de dois litros, 160 cv a 7.000 rpm e 17,7 mkgf de torque a 5.600 rpm. Não parece muito hoje, mas era o bastante para chegar aos 195 km/h.
O vídeo acima, Inheritance, foi feito pelos mesmos caras responsáveis por Hakune Run, e conta a história de um senhor dedicado a colecionar e cuidar dos clássicos da Nissan — em especial, o Hakosuka. Vale a pena.
E já que é pra falar de nostalgia com carros japoneses, é impossível não lembrar de Initial D e do Toyota AE86, versão de tração traseira do Corolla de quinta geração, lançado em 1983. Isto porque esta foi a primeira geração do Corolla a adotar a tração dianteira, mas o AE86 permaneceu como exceção voltada a entusiastas que queriam um esportivo barato e estiloso.
Com versões de dois e três volumes, o AR86 era equipado com um quatro-cilindros de 1,6 litro, exatamente como boa parte dos carros compactos que rodam por aí. No entanto, com comando duplo no cabeçote, ele entregava 130 cv, que iam até as rodas traseiras através de uma caixa manual de cinco marchas.
Acho que nem precisamos dizer que este tipo carro tem um significado muito especial para muitos leitores. E até arriscamos dizer que, para alguns de vocês, eles são mais desejáveis que muitos supercarros de centenas de milhares de dólares, pois, mesmo vindos do outro lado do mundo, eles podem ser considerados mais acessíveis. E podem ser muito, muito divertidos:
Keiichi Tsuchiya, o dorifuto king, que o diga!
Dica do leitor André Parra Pollido