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Sessão da manhã

V8 de Corvette e câmbio de Viper: é assim que se transforma uma Chevrolet C10 em um carro de corrida

Picapes médias costumam ser altas, com suspensão reforçada de curso generoso e equipadas com pneus mistos para que você possa sair do asfalto e encarar terrenos mais severos. Carros de corrida são baixos, potentes e equipados com suspensão baixa e firme a fim de conseguir a melhor combinação de potência e dinâmica. Unindo o melhor dos dois mundos está a Chevrolet C10R de Rob e Brandi Phillips, da PCH Rods.

O casal é conhecido há tempos na cena de autocross e time attack dos EUA — seja correndo em circuitos truncados e cheios de curvas técnicas, às vezes delimitados apenas por cones, ou em track days nos autódromos mais importantes dos EUA. A PCH Rods, fundada por Rob no início dos anos 2000, entrou em uma pausa em 2012, quando Brandi ficou grávida do primeiro filho do casal.

Depois de três anos de licença, os dois queriam que seu projeto de “reinauguração” fosse algo extremamente chamativo, porém também eficiente e capaz de contornar uma curva em alta velocidade com naturalidade. Depois de muito considerar, os dois decidiram que o novo carro de corrida da PCH Rods – que seria pilotado por Brandi, a esposa – seria uma Chevrolet C10 de segunda geração.

Era uma escolha inusitada, mas também natural para o casal: Rob já havia feito uma picape modificada antes, uma C10 1969 com um V8 de 7,7 litros, bancos de competição e pintura bicolor que estreou no SEMA Show de 2007 e colocou a oficina de Rob nas pautas da mídia especializada.

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Usando outra C10 como base para seu projeto, Rob não estaria dando um tiro no escuro — afinal ele adquiriu certa experiência com a primeira picape —, e ao mesmo tempo ele seria um dos únicos montando uma picape de corrida. Contudo, diferentemente da C10 1969, o modelo 1972 teria um apelo mais frugal, visual mais radical e um motor mais potente. O interior não teria luxos, equipado apenas com o essencial para andar rápido e o mínimo possível para ser legalizada para as ruas.

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O projeto teve início em março de 2014, quando Rob começou a desmontar a picape, modificando o chassi com um novo sistema de suspensão de competição ao mesmo tempo em que fazia apenas as modificações necessárias ao quadro – era importante que ele fosse o mais próximo do original quanto possível.

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A suspensão, como todo bom pro-touring, foi totalmente refeita. Na frente. agora há um esquema de braços sobrepostos semelhante ao original, porém reforçado e com caixa de direção mais direta, e amortecido por coilovers ajustáveis da AFCO. A traseira usa o bom e velho eixo rígido, suportado por braços arrastados e com amortecedores coilover AFCO, como a dianteira.  Em conjunto com as rodas da Boze Alloys, de 18×12 polegadas, calçadas com pneus BF Goodrich de medidas 335/30, a suspensão garante que a C10R tenha uma estabilidade impressionante e muita precisão na hora de atacar as curvas.

Ajudam na tarefa de manter a estabilidade o splitter e a asa traseira feitos de fibra de carbono. As peças fazem parte da ideia de Rob para o visual da picape que, segundo ele, foi inspirado pelo Pagani Zonda R. Como no supercarro ítalo-argentino, as rodas são douradas e a carroceria é cinza com acabamento fosco. Além das já citadas peças aerodinâmicas, a grade, as molduras dos faróis e a tampa da caçamba também são feitas do compósito de carbono.

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Por dentro, bancos de competição Cobra-R, um painel digital com conta-giros analógicos, volante Sparco e mais fibra de carbono. Só isso. A picape não isolamento acústico e muito menos gaiola de proteção — o que limita seu uso aos track days e provas de autocross —, e as janelas grandes não têm vidros o que torna a cabine arejada e permite que o ronco selvagem do V8 invada o habitáculo sem cerimônias.

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O motor é um Chevrolet LS1 de 5,7 litros com escape Magnaflow preparado para render nada menos que 593 cv e 79,5 mkgf de torque. O sistema de injeção é um Holley EFI, que leva aos cilindros o combustível armazenado no tanque de competição de aço inox da Rick’s Tanks. Responsável por levar a potência às rodas traseiras está o câmbio Tremec T56, manual de seis marchas usado no Dodge Viper, e um diferencial de 9” da Currie com autoblocante. Com este conjunto, não é de se estranhar a desenvoltura da C10R em um circuito de autocross.

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Depois de aparecer no SEMA 2014 em novembro passado, a C10R começou uma tour pelos principais eventos da região de Westminster na Califórnia. Segundo Rob, a caminhonete fez mais do que marcar a volta à ativa da PCH Rods depois de tanto tempo: ela mostrou que é possível modificar uma picape para ser rápida nas pistas. Como também tiveram que fabricar alguns componentes sob medida, a PCH Rods acabou encorajando outros entusiastas da cena a fazer o mesmo.

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Foi um trabalho que durou quase três anos (começaram quando Brandi ainda estava grávida) e, no final, tornou-se uma das picapes mais legais que já vimos, e ainda que seu visual possa parecer um pouco exagerado para alguns ficamos imaginando como seria uma versão brasileira da C10R…

Alguém se habilita?