A essa hora do dia você talvez esteja aproveitando um tempinho livre no seu trabalho para ler as novidades e checar as redes sociais, não? Bem, mesmo que este não seja o caso, temos certeza de uma coisa: se está lendo isto, é porque você é um entusiasta. E todo entusiasta gosta de uma boa perua esportiva – ainda mais se ela for alemã, tiver quatro argolas na dianteira e tração nas quatro rodas. Sendo assim, venha conosco dar uma boa olhada neste belo exemplar.
Trata-se de uma Audi RS4 Avant de primeira geração – uma das 6.030 unidades fabricadas entre 1999 e 2001. Aliás, esta aqui foi fabricada em 2001, sendo um dos exemplares mais novos.
E não estamos falando apenas da idade (e, pensando bem, lá se vão dezesseis anos), mas também do estado de conservação impressionante. Não poderia ser diferente, porque esta RS4 Avant só rodou 188 km em toda a sua vida. Lembrando que estes 188 km provavelmente foram rodados em testes e durante o transporte do carro. Ou seja: a super perua é virtualmente zero-quilômetro.
Tal como a RS2 Avant que veio antes, a RS4 só estava disponível na carroceria Avant. Mas ela é tão cultuada quanto sua irmã mais velha. E isto é uma injustiça, meus amigos.
A Audi RS4 adotou um motor V6 de 2,7 litros com dois turbocompressores. Ele pode não ter sido preparado com a ajuda da Porsche, mas era uma bela usina. Desenvolvido pela Cosworth Technology (divisão de engenharia da Cosworth que em 1998 foi vendida ao grupo VW, e hoje em dia pertence à Mahle), o V6 tinha bloco de ferro fundido e cabeçotes de alumínio com cinco válvulas por cilindro; dois turbocompressores BorgWarner K04 funcionando em paralelo; dois intercoolers; bielas reforçadas; dutos de admissão e escape de maior calibre e calibragem exclusiva no módulo do motor.
Com isto, são nada menos que 381 cv a 7.000 rpm e 44,9 mkgf de torque a 6.000 rpm. O único câmbio disponível é manual de seis marchas, levando a força do motor para as quatro rodas através de um diferencial Torsen T-2, que distribui esta força igualmente entre os dois eixos mas, dependendo da situação, pode enviar até 67% para qualquer um dos eixos.
É um conjunto e tanto, capaz de levar o carro até os 100 km/h em apenas 4,9 segundos, apesar dos quase 1.700 kg. Se continuar acelerando, você chega aos 160 km/h em 11,3 segundos e aos 200 km/h em 17 segundos cravados. A velocidade máxima é limitada em 262 km/h, perfeitos para uma viagem com a família na Autobahn (não esqueça: dezesseis anos atrás).
Dá para ter uma noção melhor do que isto significa comparando a RS4 B5 ao analisar os esportivos que estavam disponíveis na época. Saca só: o Porsche 911 GT3 da geração 996, lançado no mesmo ano, tinha um flat-6 de 3,6 litros e chegava aos 100 km/h em 4,5 segundos – só 0,4s mais veloz que a perua.
Ou seja: o V6 biturbo pode não ter o carisma ou o ronco de “meio-V10” do motor da RS2, mas compensa em desempenho. E seu ronco também não é dos piores, viu? Longe disso!
O carro utiliza a mesma plataforma das versões mais mundanas do Audi A4, mas tem diversos painéis da carroceria modificados – destaque para os para-lamas alargados, necessários para acomodar as bitolas e pneus maiores. Para-choques e saias laterais são exclusivos, e a asa traseira é emprestada da S4. As rodas são de 18×8,5 polegadas, calçadas com pneus de medidas 255/35, e abrigam discos de freio de 360mm na dianteira e 312mm na traseira – capazes de levar o carro dos 110 km/h à imobilidade total em menos de 50 metros.
Ao abrir o carro, você topa com um interior limpo e elegante, com design funcional e agradável como não se faz mais hoje em dia. O acabamento é de primeira, e os belos bancos Recaro parcialmente forrados de couro oferecem bastante apoio, mesmo que não sejam do tipo concha.
O carro que está à venda na concessionária holandesa Autoleitner está realmente impecável, e por isso custa caro: € 99.500 – nada menos que R$ 337 mil em conversão direta. É um preço bem alto, que evidencia como a RS4 Avant é um dos poucos carros dos anos 2000 que já se tornaram colecionáveis – tal como o BMW M3 E46. Que, aliás, anda menos que a RS4 em linha reta: seu seis-em-linha de 3,2 litros e 343 cv leva o cupê aos 100 km/h em 5,1 segundos quando equipado com câmbio manual.
Já que é impossível trazê-la para cá agora (quem sabe se até 2031 a gente não consegue guardar esta grana?), vamos apreciar seus detalhes e sonhar um pouco.