Se você gosta de carros e lê o FlatOut, é bem provável que preste bastante atenção nas ruas e estradas por onde você e seu amigo de quatro rodas andam — não é novidade para ninguém que as condições gerais das rodovias do Brasil estão longe do ideal. Mas a que ponto, exatamente?
É esta a pergunta que a Confederação Nacional do Transporte (CNT) tenta responder com o Anuário CNT do Transporte, divulgado no último dia 30 de maio. E o que eles têm para nos mostrar? Bem, nada muito diferente do que a gente já esperava, honestamente.
A organização avaliou a malha rodoviária brasileira de acordo com as condições gerais de infraestrutura, como sinalização e qualidade do pavimento. No total, 100.763 km de rodovias pavimentadas por todo o Brasil foram avaliados. Destes, 43.104 (42,8%) foram classificados como em ótimo ou bom estado, e 35.105 (34,8%) foram considerados regulares. O restante — 22.554 km (22,4%) — recebeu classificação ruim ou péssima.
A matemática é simples: 57,2% das rodovias brasileiras são consideradas regulares, ruins ou péssimas. A tabela abaixo, divulgada pelo CNT, permite visualizar melhor os números:
Agora, a gente está falando de um país gigantesco, dividido em regiões com diferentes níveis de infraestrutura. A região Norte, por exemplo, é a maior de todas e a que menos concentra rodovias — de mais de 100.000 km, 11.661 ficam lá e, destes, apenas 2.808 km são considerados ótimos ou bons, enquanto 4.089 foram classificados como ruins ou péssimos — 35% do total de rodovias no Norte. Não é por acaso que, proporcionalmente, o estado do Amapá seja o que tem as piores estradas: nada menos que 64% das vias foram avaliadas como ruins ou péssimas.
Centro-Oeste e Sul vêm empatados na segunda posição, com 23% das rodovias classificadas como ruins ou péssimas. No nordeste, são 22%, enquanto o Sudeste traz 17% das rodovias em más condições.
No outro extremo do espectro, há os estados com as melhores rodovias. Dos 9.650 km de rodovias do estado de São Paulo, 84% das rodovias foram avaliados como em ótimas ou boas condições. Curiosamente, Alagoas, na região Nordeste, fica em segundo lugar, com 79%.
Agora, por mais que a situação atual não seja boa, a pesquisa mostra que as coisas já foram piores. O anuário leva em consideração dados coletados desde 2005. Na época, apenas 28% das rodovias do Brasil foram consideradas ótimas ou boas — em dez anos, houve um crescimento de 14,8%. As rodovias regulares somavam 32%, enquanto as ruins ou péssimas somavam 40%.
O número de rodovias pavimentadas no geral também aumentou. Há 15 anos, em 2001, eram 170,9 mil km de rodovias pavimentadas no Brasil. Em 2015, eram 210,6 mil km — um aumento de 23,2%. Em compensação, o estudo constatou que a frota brasileira quase triplicou no mesmo período, com um aumento de 184,2%.
É possível conferir os dados na íntegra no site Anuário CNT do Transporte 2016.