Couro, curvim, gasolina e óleo. A fragrância antigomobilista perfumou pra valer Campos de Jordão neste feriadão de Tiradentes: entre os dias 18 e 21 (hoje), a cidade montanhosa sediou pela segunda vez consecutiva o Encontro Paulista de Autos Antigos (XX edição), recebendo em torno de 700 clássicos da década de 1920 à de 1990, especialmente do Brasil, EUA, Alemanha e Itália – metade desta frota, disposta à venda.
O evento, tradicionalmente realizado na praça Adhemar de Barros, em Águas de Lindóia, migrou-se para as montanhas devido a supostos desentendimentos entre a organização e a prefeitura. A mudança foi positiva em muitos aspectos: Campos de Jordão tem uma estrutura turística (hotéis, restaurantes, passeios) bem mais sofisticada e melhor preparada para receber o enorme contingente de visitantes – a organização comenta algo entre 300 e 400 mil pessoas. Por outro lado, a antiga praça Adhemar de Barros tinha o belo paisagismo de Burle Marx e concentrava todos os carros e expositores em um local só.
Em Campos, a caminhada é mais longa: os veículos ficaram dispostos em quatro ruas (todas em volta ao centrinho turístico da cidade), mais o Tênis Clube, onde se concentrou a maior parte dos veículos à venda. Lá, comerciantes de antigos como America Parts, Universo Marx, Eduardo Veículos Antigos, João Siciliano e Brunelli deram um show à parte em qualidade e variedade. Tinha de tudo para todos os gostos: Fiat 1300, Plymouth Road Runner, Jaguar XK 150 S, Escort XR3, Karmann-Ghia alemão conversível, Mini Cooper, Ford Mustang de diversas gerações…
O prêmio “Best of Show” ficou com este maravilhoso Isotta Fraschini 8A SS (Super Sprint, com motor mais forte, entre-eixos 279 mm mais curto e relação de diferencial mais agressiva) 1927, com carroceria Touring construída pela Castagna e ornado com uma belíssima estatueta de cabeça de águia – que pode ser da Persons Majestic ou a cobiçada Tête D’Aigle da Lalique. Sob o seu capô, um enorme oito cilindros em linha de 7,4 litros – o primeiro do tipo a ser produzido em série – e cerca de 140 cv, capaz de levar suas duas toneladas a mais de 150 km/h. Apenas 950 unidades do 8A foram produzidas entre 1924 e 1931.
Fotografá-los não foi fácil: além da disposição espalhada, a maioria ficou estacionada em vagas paralelas e isoladas por cordões, limitando muito a composição dos cliques. Como cereja do bolo, o dia em que estive presente (domingo, 19) foi marcado pela presença de pancadas de chuva, o que acabou causando a “fuga” de alguns veículos do encontro. Apesar dos pesares, valeu muito a pena. Ficamos muito felizes também pelo reconhecimento dos leitores do FlatOut no local – para nós, algo extremamente gratificante e recompensador.
Então vamos lá, galera. Prepare-se para uma galeria de mais de 200 fotos (clique nas imagens para ampliar) – e sinta-se convidado a postar suas fotos do encontro na área de comentários!