Quando se trata de carros esportivos, uma maneira de garantir a atenção dos entusiastas é equilibrar perfeitamente a relação entre dimensões, design, dinâmica, peso e potência – afinal, todos gostamos de carros leves, bonitos, bem acertados e velozes. Mas um pouco de exagero não faz mal a ninguém, e algumas insanidades sobre rodas acabam nos deixando hipnotizados. E é por isso que algumas máquinas que desafiam o limite da engenharia também nos atraem. Como o Thor 24, um big rig Peterbilt equipado com um motor “V24” a diesel, feito sob medida para este monstro. E os 24 cilindros sequer são seu único superlativo.
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Tudo começou quando um sujeito chamado Mike Harrah, residente no sul da Califórnia, recebeu uma ligação de um conhecido lhe oferecendo dois motores V12 Detroit Diesel 12V-71 usados, que haviam sido retirados de um iate. Cada um dos motores, originalmente, deslocava 13,9 litros e, com um supercharger Roots acoplado, entregavam originalmente 462 cv e 165,9 kgfm de torque. Sabendo disto tudo, Mike decidiu comprá-los, e só depois pensar no que fazer com eles.
Poucos meses depois, ele teve o estalo: ele colocaria os dois motores em um caminhão, simplesmente porque sabia como fazê-lo. Sete anos depois, o Thor 24 ficou pronto – e ele é simplesmente um absurdo.
Se tudo isto lhe parece familiar, saiba que você não está endoidando ou imaginando coisas: falamos sobre o projeto há alguns anos, em 2015 – quando apenas o motor estava pronto e Mike sequer tinha certeza de que o caminhão iria funcionar. Pois bem: ele ficou pronto. E sim, ele funciona.
Aliás, não há como começar a falar do Thor 24 se não for pelo motor: os dois motores V12 foram instalados frente a frente, ligados pelo virabrequim – eles funcionam em sincronia, como se de fato fossem um motor V24 de 27,8 litros. Mas não é só isto: um coletor de admissão de alumínio foi feito sob medida para alimentar todos os cilindros e, para isso, conta com a ajuda de não um, não dois, mas OITO compressores de polia BDS 8-71, cada um deles com seu próprio blower – todos acionados pelo mesmo eixo (em 2015, eram apenas quatro). E, como se não bastasse, Mike ainda deu um jeito de instalar oito cilindros de óxido nitroso entre os superchargers.
O resultado, segundo Mike, são nada menos que 3.471 cv a 2.500 rpm, que devem ser suficientes para movimentar as 13 toneladas do Thor 24. Infelizmente ele não divulga o torque do conjunto, mas a transmissão utilizada, uma Allison HT740 automática de quatro marchas, vinha de fábrica com capacidade para suportar quase 200 kgfm de torque.
Para acomodar o motor composto na dianteira, o chassi do caminhão – um Peterbilt 359 fabricado em 1979 – teve de ser consideravelmente esticado. No total, o veículo mede 13,4 metros sem caçamba – apenas o cavalo, com cabine dupla e um leito na parte de trás. A modificação foi feita usando longarinas cromadas feitas em aço de 1 cm de espessura.
Outras modificações incluíram trocar a a caixa de direção original por uma VanHool, feita para ônibus, a fim de diminuir o diâmetro de giro. A suspensão usa feixes de molas semi-elípticas OEM da Peterbilt, com sistema pneumático de nivelação. A grade dos radiadores foi feita especialmente para o caminhão, e dá a ele um quê de hot rod ou um caminhão International Lonestar – outra emblemática fabricante de caminhões norte-americana. Completam o visual tanques cromados nas laterais, um “aerofólio” no teto e, na parte de trás, uma pintura retrô de Thor, o deus do trovão. As rodas são da Alcoa, feitas de alumínio, com 22,5 polegadas na dianteira e 24,5 polegadas na traseira. Os freios abrigados sob elas contam com a ajuda de quatro para-quedas Simpson montados na parte de trás.
O interior é quase tão insano quanto o lado de fora – o painel de instrumentos conta com 24 instrumentos, incluindo um velocímetro com marcação até as 200 mph (320 km/h), oito manômetros de pressão dos superchargers, um conta-giros de 6.000 rpm e quatro telas coloridas de seis polegadas para ajudar o motorista a ver o caminho à frente, mostrando imagens capturadas em tempo real pelas câmeras frontais – tudo porque os blowers dos superchargers bloqueiam a visão do para-brisa.
Couro, madeira e metal dominam o acabamento interno, bem como adereços temáticos – caveiras, machados e uma espada no console central, usada como alavanca de câmbio. O interior acomoda quatro pessoas com bastante espaço, e todos os bancos têm cintos de competição – medida necessária em um monstro de 13.000 kg que, segundo Mike, é capaz de chegar aos 210 km/h. Com um conjunto mecânico tão peculiar, porém, toda a customização estética acaba sendo a parte mais comum do Thor 24.
No site que Mike criou para divulgar o projeto, ele diz que é possível alugar o Thor 24 para eventos ou produções de vídeo – e ele certamente ficaria bem em um clipe de heavy metal ou algum curta-metragem à la Mad Max.