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Carros sem controles físicos serão punidos pelo NCAP

Por essa ninguém esperava: o Latin NCAP anunciou que veículos que eliminam botões físicos e concentram funções essenciais em telas sensíveis ao toque começarão a ser penalizados nos testes de segurança a partir de 2029. A decisão afeta especialmente modelos de marcas chinesas e elétricos recentes, que vêm adotando sistemas multimídia com telas gigantes e painéis minimalistas inspirados em smartphones, o que acaba concentrando todos os controles em um só painel — e somente com interface virtual. Para NCAP, essa tendência aumenta a distração durante a condução e compromete a segurança.
Alejandro Furas, diretor-geral do Latin NCAP, afirma que comandos totalmente digitais exigem mais atenção do motorista — como se ninguém tivesse percebido isso desde o surgimento das primeiras telas “touch” nos carros, há pouco mais de 10 anos. Segundo ele, qualquer função que não ofereça retorno físico aumenta a distração e será tratada como ponto negativo no novo protocolo. Por isso, o órgão está criando uma nova área de avaliação chamada Percepção, que vai medir quanto o carro exige que o motorista tire os olhos da via para operar funções comuns.
Furas não citou modelos específicos, mas casos recentes chamaram atenção na indústria. O Volvo EX30, por exemplo, deslocou o velocímetro para a central multimídia, obrigando o motorista a desviar o olhar para conferir a velocidade — e, paradoxalmente, no lugar do painel convencional, ele tem um sensor de distração do motorista que alerta se você desviar os olhos da estrada por muito tempo. Alguns modelos da BYD escondiam os comandos do ar-condicionado dentro de gestos na tela, exigindo que o usuário arrastasse o dedo para exibir os controles. Outra prática criticada é a de ajustar os retrovisores apenas pelo menu da central, sem botões dedicados. Todas essas soluções serão consideradas distrações que reduzem a segurança.

A nova avaliação também vai endurecer as regras para sistemas de assistência. Muitos elétricos de origem chinesa permitem desligar recursos como alerta de saída de faixa, detector de placas ou aviso de velocidade — algo conveniente quando não se deseja ser tutelado por um sistema não-inteligente. Para o Latin NCAP, isso não deveria acontecer. A proposta é que, mesmo que o motorista desligue essas funções, elas sejam reativadas automaticamente na partida seguinte. Furas afirma que o ideal é que o sistema nunca esteja totalmente desativado. Nós discordamos veementemente.
Além da mudança na abordagem dos comandos digitais, o protocolo de testes do Latin NCAP já ficará mais rígido a partir de 1º de janeiro de 2026. O impacto lateral passa a usar maior velocidade e massa no momento da colisão, o teste de impacto em poste ganha velocidade mais alta e ângulo ampliado, o whiplash passa a incluir também os passageiros do banco traseiro, e o teste do alce será realizado em três velocidades diferentes: 60, 65 e 70 km/h. A frenagem automática terá avaliações noturnas e o score final vai combinar resultados urbanos e rodoviários. Sistema de manutenção de faixa, controlador de velocidade, detector de ponto cego e até predisposição para sensor de álcool serão analisados com mais rigor.
Outra mudança importante é que, a partir de 2028, só receberão cinco estrelas os carros que tiverem, obrigatoriamente, controle eletrônico de estabilidade, aviso de cinto para todos os ocupantes, detector de ponto cego e assistente automático de velocidade como itens de série. Sem isso, o carro não poderá atingir a nota máxima, independentemente de seu desempenho nos testes. Ou seja: seu carro pode ter a melhor estrutura do mundo para te proteger, mas se ele não tiver um sininho irritante, ele não será cinco estrelas. Ou pior: ele pode ter uma estrutura menos que excelente, mas se tiver o sininho, ganha pontos na avaliação.
Embora seja um órgão independente e sem caráter regulatório, o Latin NCAP tem negociado com autoridades de Brasil, Argentina e Uruguai para que suas avaliações sirvam como base oficial de classificação de segurança, semelhante ao que ocorre na rotulagem de alimentos — o mesmo que classifica uma barra de proteína ultraprocessada, carregada de adoçantes sintéticos como “segura”, mas alerta que o biscoito caseiro da vovó é “ALTO EM AÇÚCAR”. Hoje financiado por ONGs internacionais, o órgão busca parcerias governamentais para viabilizar essa mudança e estabelecer um padrão mais elevado de segurança na América Latina.
Honda faz um novo CRX “Del Sol”, mas…

Enquanto o novo Prelude híbrido segue atraindo todas as atenções na linha global da Honda, a marca aproveitou o Salão de Guangzhou, na China, para mostrar um outro “revival” dos anos 1990: um novo “CRX Del Sol”.
Não é exatamente isso, mas olhando para o carro é impossível não lembrar do CRX Del Sol. Produzido pela GAC Honda, joint venture que produz os modelos da marca para o mercado chinês, ele é baseado no atual Integra hatch chinês, e foi transformado em um cupê de duas portas com teto removível.

Claro, ele também não é o modelo mais harmônico do mundo, mas considerando a estética dos carros atuais, esse Targa ficou bem aceitável. A modificação consistiu na remoção do teto, das portas traseiras, em duas portas dianteiras novas, mais longas, e em uma nova estrutura traseira, que usa tampa do porta-malas original, a parte posterior do teto e as colunas C originais. Por dentro, a configuração agora é 2+2.

A melhor parte do conceito é que ele está equipado com o motor 1.5 turbo de 180 cv e câmbio manual de seis marchas, mas a notícia boa tem um lado ruim: infelizmente, o Integra Targa, como está sendo chamado informalmente, não passa de um conceito. A Honda não divulgou qualquer informação oficial sobre o carro e, mesmo que houvesse alguma intenção de produção, conversíveis são um nicho praticamente inexistente na China.
GMA S1 LM é o carro zero mais caro da história

Quem nos acompanha conhece nosso ponto de vista sobre a força da personalidade. Quando um projeto custa a reputação do homem no comando, ele não passa batido, ele não se torna um carro morno. Pode ser um fracasso, como o Ford Edsel, mas mesmo um fracasso destes entra para a história — diferentemente dos carros “de planilha”. Os projetos “skunkworks”, nascidos do entusiasmo dos engenheiros em horas vagas também entram nessa história. E quando o sujeito tem grandes realizações, como Gordon Murray, o carro não precisa nem estar pronto.

Foi o que aconteceu neste final de semana em Las Vegas: a força da personalidade de Gordon Murray fez seu GMA S1 LM, o supercarro inspirado no McLaren F1 GTR, ser arrematado pelo maior valor já pago em um leilão por um carro novo. O lance de insanos US$ 20.630.000 recebeu a terceira martelada sem uma proposta maior. É a história sendo escrita diante dos nossos olhos. O McLaren F1 já era o carro moderno mais caro vendido em um leilão — justamente um exemplar LM “Spec” foi arrematado em 2019 pelo equivalente a US$ 24.300.000 em valores corrigidos. Agora, o S1 LM que nem está pronto, foi arrematado por quase 90% desse valor.
O S1 LM, caso você não lembre, é a reinterpretação de Gordon Murray para seu próprio McLaren F1 GTR. Só cinco unidades serão produzidas, todas com um V12 de 4,3 litros que canta até 12.100 rpm e entrega 710 cv às rodas traseiras por meio de um câmbio manual — porque Murray se recusa a deixar uma máquina trocar de marcha por você. A chegada do carro ao leilão foi tão exagerada quanto o preço: ele desceu de helicóptero, pendurado, como se estivesse sendo apresentado aos deuses do automobilismo. Mas era só o “mostruário” — o exemplar do comprador ainda vai ser produzido.

O comprador também irá participar dos testes finais de desenvolvimento — algo muito superior aos programas “custom made” da Porsche, Bugatti ou Ferrari; o sujeito vai participar ativamente do desenvolvimento do carro, podendo fazer o acerto dinâmico dele ao seu gosto, por exemplo.
Além disso, o comprador recebe uma monografia de 500 páginas sobre o S1 LM, com fotos detalhadas, especificações e, o mais valioso, cópias dos rascunhos e notas de punho do próprio Gordon Murray. Para certos colecionadores, isso já seria motivo para abrir a carteira — o carro é quase um bônus.
Mini “G-Wagen” será um mini G-Wagen mesmo

Se você olha para o Suzuki Jimny e pensa em um mini G-Wagen, é claro que você não está sozinho nessa. Além da Brabus, que fez um kit para transformá-lo em uma versão “1:1,5” do Classe G, a própria Mercedes percebeu que estava perdendo dinheiro e desenvolveu o mini G-Wagen oficial. Há alguns meses ela havia anunciado que veríamos esse “Baby G-Benz” em breve, mas não esperávamos tão brevemente assim: as primeiras imagens do carro em testes foram flagradas enquanto o modelo era carregado em um caminhão na Alemanha.

Ele realmente é pequeno como um Suzuki Jimny de chassi longo e quatro portas. A Mercedes parece ter mantido a identidade de caixote do Classe G praticamente sem alterações. Outro detalhe curioso é o rack de teto gigante montado nos protótipos — um deles até com direito a escada lateral, bem no estilo “catálogo de acessórios de trilheiro urbano”.

O CEO Ola Källenius, que disse claramente que o Baby G mira compradores mais jovens, ativos e urbanos. A opção por uma versão elétrica reforça ainda mais esse foco europeu, especialmente em cidades onde combustão está virando um pecado — redimido mediante um modesto pagamento de taxas.

O tamanho reduzido faz total sentido quando se considera os primeiros rumores vindos da Europa: o Baby G deve usar a plataforma MMA, a mesma da nova dupla CLA/GLA. Não espere nada brutalmente diferente por dentro — provavelmente veremos elementos já usados pela marca, incluindo a Superscreen que a Mercedes antecipou para o novo GLB.
O futuro próximo da Lamborghini

Enquanto o mundo não decide se vai mesmo abraçar a eletrificação obrigatória ou se vai dar um passo atrás e dizer “veja bem…”, a Lamborghini, ainda que esteja um tanto caricata e sem grandes inovações, bate no peito e afirma que vai se manter fiel à combustão — ao menos enquanto permitirem.
O fim do Huracán não matou o espírito do Sterrato; pelo contrário, dentro da própria fábrica já se admite que a ideia de um supercarro divertido fora de estrada volta no Temerario e pode até chegar ao V12 Revuelto. Paolo Racchetti, diretor da linha Temerario, disse com todas as letras que há espaço para evoluir o conceito, e que o sucesso do Sterrato mudou a percepção do público a respeito de um supercarro como o Huracán. Em outras palavras, a Lamborghini vai explorar esse nicho como fez a Porsche com o 911 Dakar.

O curioso é que o Temerario, mesmo sem ser off-road, já carrega um pouco do Sterrato, uma vez que seu modo “drtifting” de baixa velocidade veio do modelo aventureiro. Além disso, a Lamborghini não descarta um novo STO com base no Temerário, porque mesmo sem um modo de tração traseira (ele sempre envia um mínimo de torque ao eixo dianteiro, tanto para evitar transições bruscas dos motores elétricos quanto para permitir um torque vectoring mais natural), Racchetti admite que a tração integral não é um dogma na Lamborghini.
Ao que tudo indica, o único “dogma” da casa de Sant’Agata é o V8 4.0 biturbo de virabrequim plano que gira 10.000 rpm. Racchetti explicou ao site “The Drive” que esse motor foi projetado para durar dois ciclos completos de produto, o que significa mais de uma década em produção. “É uma peça de engenharia que a Lamborghini trata como assinatura, fruto de escolhas típicas de protótipo de corrida — bielas de titânio, pistões ultraleves, baixa inércia — e que não será compartilhada com o Urus ou qualquer outro modelo. É um componente de identidade, não de volume.”


