era 5 de outubro de 1955 no grand palais em paris o salao do automovel fervilhava de gente — um ritual frances que misturava entusiasmo mecanico e orgulho nacional o pais ainda cicatrizava as feridas da segunda guerra e tentava reencontrar seu lugar no novo mapa do mundo a citroen por sua vez estava prestes a apresentar algo que nao era apenas um carro mas uma promessa de futuro quando o manto foi retirado do prototipo prateado e suas linhas pareciam flutuar sob as luzes do salao o silencio foi seguido por uma avalanche 743 pedidos em quinze minutos doze mil ao final do dia o nome era ds — letras que em frances soavam como deesse ou deusa e pela primeira vez na historia do automovel talvez esse termo nao fosse exagero nao era apenas a forma nem so a tecnologia nem apenas o contexto o citroen ds era uma conjunçao rara de forma funçao e significado um objeto criado para reencantar o automovel e — como se diria mais tarde — uma maquina para reencantar a propria frança o futuro começou em 1934 antes de existir o ds havia o traction avant lançado em 1934 em pleno entre guerras o citroen traction avant foi uma das primeiras declaraçoes modernas do que o automovel deveria ser funcional tecnologico coerente naquele mundo ainda habituado a carros de estrutura separada com eixos rigidos traçao traseira e comportamento instavel o traction parecia uma anomalia monobloco traçao dianteira e suspensao dianteira independente foi um salto ousado demais para uma empresa que ja enfrentava dificuldades financeiras andre citroen apostou tudo nesse carro — inclusive a propria companhia o investimento custou caro e ele acabaria perdendo o controle da marca meses depois do lançamento morreu em 1935 sem saber que seu ultimo projeto salvaria a citroen e que mais do que isso criaria um padrao tecnico para os carros das decadas seguintes com o tempo o traction tornou se nao so um sucesso de vendas mas tambem um icone popular e politico tornou se carro de resistencia de gangsters e de burocratas um simbolo ambiguo mas sempre presente seus meritos nao eram apenas tecnicos o baixo centro de gravidade a direçao precisa e a postura rebaixada o tornavam surpreendentemente eficaz nas estradas sinuosas da frança rural e mais tarde nos becos estreitos da paris ocupada mas a citroen sabia que nao podia parar ali em 1937 — com o traction ainda jovem e com vida longa pela frente — a engenharia da empresa iniciou um estudo que viria a se transformar no maior projeto de sua historia o nome interno era vgd voiture a grande diffusion algo como carro de ampla difusao o objetivo reinventar o automovel mais uma vez era uma ambiçao descomunal — sobretudo considerando que o mundo estava as vesperas de mergulhar em mais uma guerra global mas essa foi justamente uma das razoes pelas quais o projeto levou quase duas decadas ate chegar as ruas a guerra congelou os avanços mas nao enterrou o sonho com a ocupaçao alema e os anos de restriçao material o desenvolvimento foi interrompido formalmente mas sobreviveu em cadernos esboços e trocas confidenciais quando a frança foi libertada e o pais começou a se reorganizar o projeto vgd voltou a pauta com mais força e sentido era a hora de mostrar ao mundo que a frança podia voltar a liderar — com elegancia com arrojo com inteligencia o automovel seria um emblema desse renascimento duas figuras foram cruciais nesse processo a primeira foi flaminio bertoni escultor e designer italiano radicado na frança que havia desenhado o traction avant bertoni nao era um estilista tradicional sua formaçao era artistica e escultural e seu processo criativo envolvia modelagens em argila que desafiavam a simetria e os canones do design industrial ao imaginar o vgd bertoni propos algo que nao se assemelhava a nada em circulaçao — uma fusao de linhas organicas aerodinamica funcional e volumes que pareciam moldados pelo vento e nao por esquadros e compassos a segunda figura chave foi andre lefebvre engenheiro aeronautico que havia trabalhado na voisin e que como bertoni tambem participou do projeto do traction avant lefebvre acreditava que um carro deveria ser um sistema coeso e interdependente — e que forma e funçao precisavam dialogar com harmonia tinha espirito vanguardista e uma postura radicalmente funcionalista queria leveza estabilidade controle e sonhava com um carro que tivesse o conforto de um tapete voador mas sem recorrer a potencia bruta juntos bertoni e lefebvre moldaram o vgd ao longo de quase duas decadas a citroen deu liberdade criativa mesmo em tempos dificeis e o resultado foi um projeto que unia estetica aerodinamica engenharia avançada e inovaçao sistematica quando finalmente ficou pronto para ser revelado o ds ja nao era apenas um automovel era uma especie de nave um manifesto futurista com rodas o choque no salao de paris o salao do automovel de paris em outubro de 1955 era o palco perfeito para uma revoluçao a frança vivia um momento de reconstruçao intensa as feridas da guerra ainda estavam abertas mas o pais ja projetava sua nova identidade para o mundo moderna criativa ousada — e acima de tudo orgulhosa nesse contexto a citroen sabia que seu novo carro nao podia ser apenas uma evoluçao precisava ser um divisor de aguas o publico presente ao grand palais naquele dia presenciou um espetaculo quando a cobertura foi retirada do estande da citroen e revelou o ds ao mundo pela primeira vez houve um silencio instintivo quase reverente depois um burburinho crescente tomou conta do pavilhao o que todos viam ali nao parecia um carro parecia um objeto vindo do futuro — de um futuro frances a carroceria baixa o teto flutuante o perfil aerodinamico sem uma grade frontal evidente as rodas traseiras carenadas e a posiçao extremamente baixa para a epoca… tudo parecia pensado para provocar e provocou o publico e a imprensa ficaram hipnotizados nos primeiros 15 minutos de exposiçao a citroen recebeu 743 pedidos no fim do dia 12 000 pessoas haviam deixado um sinal de compra foi o maior impacto de publico ja registrado por um lançamento ate entao — e possivelmente um dos maiores da historia da industria automotiva as primeiras unidades começaram a ser entregues poucas semanas depois do evento a citroen queria mostrar ao mundo que o automovel podia ser mais do que transporte — podia ser simbolo linguagem orgulho nacional em um pais onde o design sempre foi questao de identidade nacional o ds rapidamente extrapolou sua funçao tornou se icone foi capa de revista assunto em colunas de opiniao peça de propaganda cultural do governo frances era moderno mas era tambem frances como poucas coisas sao cheio de estilo cheio de ideias e cheio de personalidade para uma europa ainda acostumada ao conservadorismo tecnico e visual do pos guerra aquilo era mais do que uma novidade era um tapa na cara da mesmice e um lembrete de que a frança ainda podia liderar — com arte com ciencia com elegancia o citroen ds parecia uma escultura funcional um carro no qual a forma expressava a funçao com uma elegancia que parecia ter vindo de outra epoca — ou de outra dimensao essa visao era obra de flaminio bertoni que nao projetava como um artista escultor de formaçao bertoni moldava volumes com as maos em argila buscando fluidez e expressao e o ds foi seu apice criativo nada no carro era gratuito ou decorativo — mas tudo era belo mesmo quando seu proposito era puramente tecnico a dianteira era um exemplo disso baixa limpa sem grade visivel com farois circulares embutidos e integrados ao para lama com o tempo os farois passariam a ser direcionais acompanhando os movimentos do volante — uma inovaçao que so se tornaria comum decadas depois o perfil lateral parecia traçado a regua e curvado a mao o teto flutuava sobre pilares finos e discretos criando uma sensaçao de leveza inusitada para um carro de seu porte o para brisa curvado avançava sobre a cabine enquanto a traseira afunilava com elegancia encerrando o arco fluido da carroceria lanternas embutidas no para choque sem qualquer protuberancia rodas traseiras carenadas tres metros e doze de entre eixos nada ali lembrava detroit tudo lembrava… o futuro esse desenho nao foi feito apenas para parecer moderno ele era moderno a citroen tinha uma obsessao por aerodinamica desde os tempos do traction avant e o ds elevou essa preocupaçao a outro patamar seu arrasto era muito inferior ao de qualquer outro carro da epoca em um mundo ainda dominado por volumes quadrados o ds cortava o ar com suavidade quase sem esforço e havia outro detalhe importante a altura do carro nao era fixa graças a suspensao hidropneumatica o ds podia se abaixar ou se erguer de acordo com a velocidade a carga ou a preferencia do motorista isso nao apenas melhorava a estabilidade mas tambem reforçava visualmente a impressao de que ele estava flutuando — e de certa forma estava mesmo o design do ds nao envelheceu mesmo visto hoje ainda parece algo fora do tempo nenhum angulo denuncia a decada em que foi criado e e por isso que ele continua sendo um dos poucos carros verdadeiramente atemporais da historia era bonito mas tambem era inedito coerente e incrivelmente expressivo e foi isso que o transformou em icone a revoluçao hidropneumatica se o design do ds parecia vindo do futuro sua tecnologia vinha de um universo paralelo nenhum outro automovel de produçao em larga escala ate entao havia sido tao radical em sua proposta tecnica o ds nao era apenas um carro com inovaçoes isoladas — ele era um sistema no sentido mais puro da palavra todos os seus componentes estavam integrados interdependentes concebidos para funcionar de forma harmonica e coordenada no centro dessa filosofia estava a famosa suspensao hidropneumatica talvez a caracteristica mais lembrada do ds — e tambem a mais incompreendida por quem nunca dirigiu um concebida pelo engenheiro paul mages a suspensao substituia os conjuntos tradicionais de molas e amortecedores por esferas seladas contendo gas e fluido hidraulico um circuito controlado por bomba hidraulica valvulas e acumuladores regulava a altura do carro a absorçao de impactos e a rigidez da suspensao em tempo real o funcionamento era simultaneamente simples em principio e complexo na execuçao cada roda era sustentada por uma esfera com nitrogenio comprimido e fluido hidraulico mineral separados por um diafragma o gas atuava como elemento elastico — expandia se e se comprimia conforme as irregularidades do solo o fluido por sua vez era bombeado com precisao para manter a altura do carro e o nivel de amortecimento ideais o resultado era algo inedito um carro que podia variar sua altura livre do solo entre tres niveis que mantinha a estabilidade com carga total ou vazia e que passava por buracos e ondulaçoes com a fluidez de um tapete voador um sistema que se autoregulava constantemente capaz ate mesmo de permitir que o carro rodasse com apenas tres rodas caso necessario — algo que os tecnicos da citroen adoravam demonstrar em eventos publicos https //flatout com br/quando o citroen ds salvou a vida do presidente da franca/ mas o sistema hidraulico nao parava por ai ele tambem atuava nos freios na direçao assistida e em algumas versoes na propria embreagem automatica sem pedal isso significava que todas as operaçoes vitais do carro estavam interligadas por um unico circuito hidraulico centralizado — uma ousadia raramente tentada desde entao claro tudo isso tinha um preço a manutençao do sistema era exigente dependente de fluido especifico lhm verde nos modelos mais modernos mas originalmente o fluido vermelho lhs com componentes delicados e tecnicas de reparo especificas nao era um carro para qualquer oficina — e nem para qualquer motorista era literalmente um automovel que precisava ser compreendido mas quem o compreendia nao trocava por nada o ds estabeleceu um novo padrao de conforto dinamico sua estabilidade em curvas era impressionante para um carro de traçao dianteira com pneus estreitos e centro de gravidade alto sua frenagem era firme e progressiva a direçao era leve rapida e comunicativa — especialmente nos modelos posteriores com assistencia integral e retorno automatico foi o primeiro carro em que tecnologia conforto e segurança estavam fundidos em um unico organismo e por isso mesmo um dos primeiros a tornar o dirigir algo mais proximo do viajar uma deusa porem com o coraçao modesto se havia um ponto em que o citroen ds nao parecia um carro do futuro era debaixo do capo enquanto o design e o comportamento dinamico beiravam o revolucionario o conjunto mecanico era — em suas palavras mais generosas — conservador mas essa escolha nao foi resultado de descuido ou limitaçao tecnica ela foi uma decisao deliberada da citroen e fazia parte da filosofia geral do projeto desde o inicio a prioridade era criar um carro confortavel estavel seguro e moderno — nao necessariamente veloz a empresa francesa sabia que a maior parte de seus clientes nao exigiria desempenho de esportivo mas sim confiança suavidade e baixo consumo em longas viagens e por mais contraditorio que pareça uma mecanica simples era parte essencial dessa equaçao por isso mesmo com todo o vanguardismo do chassi e da suspensao o ds nasceu com uma variaçao do motor quatro cilindros de 1 9 litro que ja equipava o traction avant desenvolvido ainda nos anos 1930 era um motor de ferro fundido comando lateral e fluxo simples entregava apenas 75 cv em sua configuraçao inicial — o que nao impedia o carro de atingir velocidades superiores a 140 km/h graças a aerodinamica eficiente e ao baixo peso ao longo dos anos esse motor evoluiu dentro dos limites impostos pelo proprio projeto da carroceria que nao previa espaço para blocos maiores ou configuraçoes em v as evoluçoes incluiram aumento de cilindrada melhorias nos cabeçotes e mais adiante o uso de comando no cabeçote e injeçao eletronica bosch d jetronic a partir de 1970 no ds 23 ie — a versao mais potente de todas com 2 3 litros e 141 cv essa era a unica versao do ds capaz de competir em desempenho com os sedas de luxo contemporaneos de maior prestigio mas a maioria dos exemplares vendidos durante os 20 anos de produçao usava motores com menos de 110 cv — sempre de quatro cilindros em linha com arquitetura longitudinal e traçao dianteira o cambio tambem era peculiar o ds usava um sistema semi automatico com embreagem hidraulica controlada por pressao — sem pedal mas ainda exigindo que o motorista passasse as marchas com uma pequena alavanca metalica na coluna de direçao essa soluçao foi adotada por oferecer suavidade de operaçao e menor esforço ao dirigir mas exigia certo aprendizado era diferente de tudo mais adiante o ds ganharia opçoes com cambio manual convencional e em mercados seletos ate uma transmissao automatica borg warner de tres marchas — esta porem rarissima e criticada por comprometer ainda mais o desempenho ja modesto o conjunto mecanico simples porem robusto tambem contribuiu para outro ponto forte do ds sua longevidade mecanica mesmo com tecnologia sofisticada em outras areas era possivel manter o motor com manutençao basica — desde que o sistema hidraulico estivesse em ordem esse contraste entre a engenharia avançada do chassi e a sobriedade do motor tornou se uma das marcas registradas do ds ele nao impressionava em numeros de potencia aceleraçao ou torque mas o conjunto funcionava com fluidez e harmonia alem disso ele era um carro que nao precisava correr para parecer avançado — afinal ele flutuava luxo frances do lado de fora o citroen ds ja parecia uma visao futurista mas era por dentro que ele revelava seu carater mais surpreendente — uma mistura de minimalismo funcional ousadia estetica e sofisticaçao silenciosa era um luxo diferente do habitual um luxo frances no melhor sentido do termo intelectual original e jamais obvio o interior do ds era tao ousado quanto seu exterior mas com uma abordagem mais contida nao havia madeiras polidas ou cromados reluzentes o requinte vinha da forma e da coerencia do conjunto nao de adornos tradicionais o painel era assimetrico com linhas curvas e volumes escultoricos sempre pintado no mesmo tom da carroceria — uma escolha que reforçava a integraçao entre forma externa e experiencia interna a instrumentaçao parecia ter vindo de um aviao — ou de um laboratorio nada de mostradores redondos convencionais o ds usava um velocimetro de barra horizontal com fundo espelhado que refletia a luz de forma unica e outros indicadores dispostos em janelas e escalas nao usuais tudo era diferente e tudo tinha logica propria um dos elementos mais emblematicos era o volante de raio unico que se projetava do centro do painel como uma peça de arte funcional a ideia era oferecer melhor visibilidade dos instrumentos e mais segurança em colisoes — uma soluçao tao curiosa quanto eficaz que reforçava o dna de originalidade do carro os comandos tambem seguiam essa logica singular a alavanca de cambio — nos modelos semi automaticos — era uma pequena haste metalica montada no alto da coluna de direçao com engates curtos e precisos a chave de igniçao ficava em local pouco intuitivo os botoes puxadores e manipulos tinham desenhos proprios sem seguir padroes da industria era preciso aprender o ds mas depois de compreendido ele parecia fazer mais sentido que qualquer outro carro os bancos largos e baixos pareciam poltronas o entre eixos generoso — 3 12 metros — garantia um espaço interno digno de segmentos superiores especialmente no banco traseiro a posiçao de dirigir era relaxada quase contemplativa e a sensaçao ao rodar era inconfundivel silencio absoluto suavidade de flutuaçao e uma ausencia quase inquietante de vibraçoes ou solavancos curiosamente apesar da sofisticaçao de comportamento o ds nunca foi um carro exageradamente equipado muitas versoes nao tinham vidros eletricos ar condicionado ou mesmo sistema de som de fabrica a ideia da citroen era oferecer um luxo conceitual baseado em engenharia e design nao em mimos eletronicos para os padroes franceses — e europeus — da epoca isso fazia sentido o conforto vinha da suspensao do espaço da iluminaçao interna difusa do isolamento acustico e da experiencia de estar dentro de algo pensado como um objeto cultural era o contrario do luxo americano menos opulencia mais inteligencia menos abundancia mais carater essa sobriedade tambem contribuia para a longevidade estetica do carro um ds bem conservado nao parece velho — parece classico seu interior resiste ao tempo com a mesma dignidade de sua silhueta nada parece datado porque no fundo ele nunca pertenceu totalmente ao seu tempo e talvez seja por isso que o ds ainda hoje seja citado como um dos interiores mais originais ja criados era um carro que precisava gritar para dizer muito o id e as variaçoes ideias derivadas da deusa um carro como o ds tao ambicioso e sofisticado corria o risco de ser visto como um capricho elitista mas a citroen nao queria isso desde o inicio havia o desejo de democratizar ao menos parte da experiencia oferecida pela deusa — ou no minimo torna la acessivel a um publico mais amplo foi assim que em 1957 surgiu o citroen id uma especie de ds simplificado menos exuberante mas carregando a mesma alma a sigla id cuja pronuncia em frances e identica a palavra idee ideia ja revelava o conceito o id nao era uma versao de entrada sem graça mas uma interpretaçao racional do ds visualmente os dois eram quase identicos o mesmo desenho fluido a mesma carroceria aerodinamica o mesmo interior futurista — ainda que com materiais mais simples mas sob a pele havia diferenças significativas o id vinha com motor menos potente inicialmente 1 9 litro com 66 cv nao tinha direçao assistida nem a complexa embreagem hidraulica automatica a suspensao hidropneumatica era mantida mas apenas no eixo traseiro nas primeiras versoes o cambio era manual com pedal de embreagem convencional em outras palavras o id oferecia o comportamento unico do ds mas com um custo de aquisiçao e manutençao mais palatavel e funcionou o id rapidamente se tornou popular entre profissionais liberais pequenos empresarios e familias que queriam um citroen moderno mas sem a complexidade do modelo completo a versao mais simples do carro mais avançado do mundo ainda era mais refinada e confortavel do que a maioria dos sedas da concorrencia o interior simplificado do id19 a citroen soube explorar bem o potencial do projeto ja no fim dos anos 1950 apresentou a variante break — uma versao perua com enorme area envidraçada traseira alongada e terceira fileira de bancos era oferecida em duas configuraçoes principais break mais utilitaria e familiale familiar de sete lugares ambas com capacidade de carga notavel e amplo espaço interno era o carro ideal para familias grandes serviços publicos e ate ambulancias graças a suspensao hidropneumatica mantinha o nivel da carroceria mesmo totalmente carregado — uma vantagem incomparavel mas havia tambem o outro extremo da escala para os clientes mais exigentes — e mais abonados — a citroen oferecia colaboraçoes com o mestre carrozziere henri chapron que criou uma serie de variantes de carroceria especiais os ds chapron convertibles de linha batizados decapotable sedas estendidos presidence majeste lorraine e ate cupes personalizados — todos feitos artesanalmente com acabamento digno de rolls royce citroen ds majeste esses carros eram usados por presidentes embaixadores empresarios e celebridades e mostravam que o ds era ao mesmo tempo um automovel para todos — e para ninguem mais podia ser um taxi ou uma limusine de estado uma ambulancia rural ou um carro de desfile militar um seda executivo ou um objeto de arte sobre rodas poucos carros na historia tiveram tamanha versatilidade sem perder a identidade o ds permitia multiplas interpretaçoes sem jamais ser diluido cada derivaçao era uma faceta diferente da mesma ideia radical o mundo depois do ds poucos carros na historia conseguiram deixar um legado tao profundo quanto o citroen ds ele representou uma ruptura definitiva com o passado inaugurando uma nova era em que design tecnologia e experiencia de conduçao passaram a dialogar numa sintonia inedita o ds mudou para sempre a maneira como os automoveis eram concebidos seu design fluido e aerodinamico antecipou tendencias que so se consolidariam decadas depois a suspensao hidropneumatica provou que conforto e controle dinamico podiam andar juntos sem comprometer a segurança ou a performance sua abordagem sistemica inspirou engenheiros a pensar no carro nao como uma soma de peças isoladas mas como um organismo integrado onde cada elemento influencia e potencializa o todo culturalmente o ds tornou se um simbolo do je ne sais quoi frances — aquela combinaçao inimitavel de elegancia inovaçao e orgulho nacional foi carro de presidentes icone do cinema objeto de desejo em todas as classes sociais ate hoje seu impacto se faz sentir seja em carros contemporaneos que buscam soluçoes hidropneumaticas seja no respeito reverencial que colecionadores engenheiros e designers mantem por ele o ds tambem e um lembrete de que revoluçoes tecnologicas nem sempre se medem em numeros de potencia ou velocidade mas na capacidade de transformar a experiencia humana com o automovel — do ato de dirigir a sensaçao de pertencimento cultural em um mundo automotivo cada vez mais uniforme onde o design e a tecnologia se nivelam por baixo em busca de eficiencia e lucro o ds permanece como um farol um lembrete de que a ousadia a arte e a engenharia podem — e devem — andar juntas criando maquinas que emocionam tanto quanto funcionam
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