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Zero a 300

A Fiat Titano sem disfarce | A despedida de Ken Block | O Porsche de 1922 e mais!

Bom dia, caros leitores! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa rica mistura das principais notícias automotivas do Brasil e de todo o mundo. Assim, você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere com a gente!

 

Fiat mostra a picape Titano

Num mundo ideal, não seria necessária a Fiat Titano. Afinal a Stellantis inovou e trouxe o mercado nacional de picapes para a modernidade do monobloco, com a Toro, e depois, a Ram Rampage. A Rampage é mais ou menos do tamanho das picapes médias existentes, as Hilux/S10/Ranger/L200/Frontier/Amarok, e a faixa, como podemos ver, está superpovoada.

Além disso, sendo monobloco, a Rampage tem várias vantagens tecnológicas frente as picapes tradicionais de chassi separado. Apenas o preconceito impede esta tecnologia, que ficou popular em automóveis 70 anos atrás, de dominar realmente o mercado de picapes médias.

Mas a Stellantis não quer perder tempo com filosofias; se o mercado quer um chassi separado, terá ele também. Com a nova Fiat Titano, a Stellantis terá todo tipo de picape possível disponível em seu vasto portfolio: da gigante RAM importada, até a pequena Strada básica, e todo resto no meio. No caso das picapes médias, terá Rampage monobloco e Titano com chassi, e a mais compacta Toro de quebra.

Peugeot Landtrek: a base

E o que é a Titano? É uma nova versão, com marca Fiat, da Peugeot Landtrek. Esta, por sua vez, não é exatamente uma novidade: foi desenvolvida com o grupo chinês Changan Automobile e o então Groupe PSA sob a submarca Kaicene, e lançado em 2019. O Peugeot Landtrek era sua versão europeia basicamente, mas é vendida em outros mercados, como a Argentina. Não é o topo da tecnologia, mas se pensarmos que o chassi separado é voltar para trás, e a Chevrolet S10 foi lançada há dez anos, está tudo bem aqui.

Agora, depois de alguns teasers durante este ano, a Fiat mostrou a picape por fora sem camuflagem, além de comentar alguns detalhes sobre seu posicionamento.

A empresa ainda não dá muitos detalhes, mas diz que a picape irá focar em “design, tecnologia e capacidade off-road no Brasil e eficiência de combustível e força na Argélia”. Terá “diferentes motorizações de acordo com o mercado”, segundo a Fiat. A Fiat na Argélia iniciou a pré-venda no país, com o motor 1.9 turbodiesel de 150 cv e 35,7 mkgf, o mesmo motor usado pela Peugeot Landtrek.

No Brasil, muito provavelmente usará um motor diferente: o 2.2 turbodiesel de 200 cv e 45,9 mkgf, que equipa a linha de vans da Stellantis no país, como Citroën Jumper, Fiat Ducato e Peugeot Boxer. Cambio automático de seis marchas e 4×4 devem fazer parte do pacote. Não deve existir versão cabine simples no Brasil. Será produzida no Uruguai.

Preço? Claro que só podemos especular por enquanto, mas vamos lá: a Toro hoje passa de R$ 200 mil nas versões mais caras; as picapes médias de cabine dupla, inclusive a Rampage, partem de aproximadamente R$ 240 mil. Certamente a Titano começará em algum lugar na faixa de R$ 230 a 250 mil. (MAO)

 

O último show de Ken Block vai ao ar

Todos nós amamos Ken Block. Também, verdade seja dita, odiamos a versão eletrificada de sua famosa Gymkhana, a tal Electrikhana patrocinada pela Audi. Não que as aventuras e acrobacias, e a produção sensacional, fosse diferente: é a mesma. Mas ouvir o barulho de autorama e só pneu fritando de alguma forma soa… errado. Achávamos que seria o mesmo, mas é incrível como a falta da fúria de um motor bravo a gasolina torna o negócio todo esterilizado como um assoalho de hospital. Uma pena.

E aí, num bobo acidente de snowmobile, o grande Ken Block vem a falecer. Sem chance de redenção, infelizmente: sua morte relegou seus últimos feitos à tal Electrikhana mesmo. Bom, não completamente: sua filha Lia Block, de olho na fórmula 1, pode levar o nome à lugares que nunca imaginou ir. Ela, sim, é seu legado de verdade.

De qualquer forma, agora temos oportunidade de ver Block em ação mais uma vez; a tristeza de um evento póstumo não escapando a ninguém. É o “Electrikhana Two: Mexico City, the Head Hoonigan in Charge (HHIC)”.

Começa na Plaza de Toros da Cidade do México, e de cara mostra algo inusitado: desta vez aproveitando mais as possibilidades do seu Audi de quatro motores elétricos. Observe que as rodas dianteiras do Audi estão girando para trás enquanto as traseiras giram para frente.

É melhor que o primeiro vídeo, mas ainda falta a fúria e barulho da combustão interna, claro. Mas desta vez perdoamos: é ótimo ver Block em ação, por uma última vez. E por isso, a montagem final é a melhor parte: todos os vídeos famosos dele, desde o primeiro de 2008. Vai fazer falta. May you rest in peace, Mr Kenneth Paul Block. (MAO)

 

Austro-Daimler Sasha de Porsche volta à Wiener Neustadt

É fácil desprezar um carro de mais de 100 anos como algo curioso apenas; lerdo e ruim de curva, sem freio, etc. Algo de interesse histórico, claro, mas que não é nada divertido para dirigir, neste mundo moderno onde mais de 500 cv virou algo comum. É só lembrar, por exemplo, em no início dos anos 1920 quase ninguém colocava freio nas rodas dianteiras, as que hoje fazem 90% da frenagem da maioria dos carros. O medo, na época, era de perda de controle e até, pasmem, capotamento.

Mas nem todo carro de mais de 100 anos é igual; não mesmo. Este aqui é o carro onde o jovem Ferdinand Porsche mostrou realmente à que veio. Sua genialidade sempre foi aparente, mas é aqui, neste carro, que ele mostrou ao mundo o que sabia fazer melhor: carros avançados e de comportamento incrível. E, de preferência, pequenos e leves.

É difícil explicar aqui, em pouco espaço, o quão avançado, e obviamente divertido, era o Austro-Daimler ADS-R “Sasha” em 1922. Era minúsculo, e leve; o piloto ficava lá no fim do carro, pertinho do eixo traseiro, baixo, quase no chão. O mecânico de bordo ficava offsetado para trás, para diminuir-se a área frontal mantendo-se o carro estreito.

Depois há o motor. Um pequeno quatro em linha monobloco, com duplo comando no cabeçote, duas velas por cilindro, e apenas 1089 cm³, que dava incríveis 45 cv a 4500 rpm; 4500 rpm era o 9000 rpm da época. Pode não parecer muito, mas em 1922 um Ford modelo T, o mais popular carro do mundo, tinha 20 cv tirados seu motor de 3 litros.

E mais: um T mal chegava a 70 km/h, mas o Sasha, podia fazer mais que o dobro disso aos 144 km/h. O carro, afinal de contas, pesava menos de 600 kg, e até hoje deve ser uma delícia de conduzir. Além de baixo e com uma roda em cada canto, o carro tem freios dianteiros e quatro marchas de acionamento primoroso. Acostume-se com a acelerador no meio, e com o fato de que a direção não tem retorno automático, e certamente é quase moderno ao rodar.

O Sasha era uma tentativa de se fazer um Austro-Daimler pequeno e barato; a marca era conhecida por carros de luxo enormes. Seu engenheiro-chefe, Porsche, se juntou com o acionista e amigo, Conde Sascha Kolowrat-Krakowsky, para realizar os carros de corrida na esperança de uma versão de produção que nunca aconteceu. Os Sasha ganharam a Targa Florio na categoria até 1100 cm³ em 1922; seu grande claim to fame.

O carro restaurado pelo Porsche Museum é o mais antigo veículo do acervo que ainda anda por seus próprios meios; o passeio pela sua cidade natal de Wiener Neustadt, uma incrível volta ao passado em pleno 2023. Sensacional! (MAO)

 

Chevrolet Silverado 454 SS 1990 zero km à venda

Da delicada sofisticação minúscula do Austro-Daimler Sasha, para a deliciosa ineficiência de um imenso V8 americano desestressado. Em 1990, quase exatos 34 anos no passado, a Chevrolet americana mostrava uma picape sensacional que marcou época: a Silverado 454 SS.

Disponível apenas em preto, a picape hoje não parece lá  grande coisa: apenas 230 cv de seu enorme V8 Big-Block de 7,4 litros. Mas com 53 mkgf de torque disponível à, pasme, 1600 rpm, era uma volta aos dias dos Muscle-cars americanos, só que em forma de picape. A potência máxima era obtida antes dos 4000 rpm: 3600 rpm para ser exato. A transmissão automática de 3 velocidades, assim, era mais que suficiente. Uma já bastaria, na verdade…

Desde então outras superpicapes apareceram, mas a combinação de Silverado normal com motorzão tranquilão, mas forte, ainda é irresistível. A picape pesava duas toneladas em curb, mas ainda assim fazia o 0-100 km/h em 7,1 segundos, o quarto de milha em 15,7 segundos a 140 km/h, e era limitada a 120 mph, o equivalente à 193 km/h. Suficiente né, para um leviatã de carga assim. Eu ainda a acho sensacional, mesmo hoje.

Além do motor enorme, o SS tinha radiador heavy-duty, e uma suspensão recalibrada ligeiramente, com amortecedores Bilstein e uma barra estabilizadora dianteira maior. Enormes pneus BF Goodrich de rua, em rodas de aço, terminavam o pacote.

Agora existe uma oportunidade única: comprar uma zero km. Um exemplar com apenas 9 milhas no odômetro (14 km rodados!) será leiloado pela casa Mecum em Kissimee, Florida, janeiro próximo. O primeiro dono o comprou zero km para mantê-lo em sua coleção nas “condições de entrega”: então isto significa que o modelo passou mais de três décadas em armazenamento climatizado para garantir que ainda pareça nova. Barrabás. Quero! (MAO)