em 2020 a lotus apresentou ao mundo sua mais recente criaçao o evija um hipercarro eletrico com um motor em cada roda aerodinamica extremamente sofisticada e potencia na casa dos 2 000 cv dois mil cavalos em um lotus embora nao queiramos questionar a qualidade tecnica do evija e inevitavel apontar que considerando a tradiçao da lotus ele simplesmente nao parece se encaixar nesta historia agora que a lotus faz parte da chinesa geely que nos ultimos anos tambem abocanhou a volvo e de se imaginar que eles tenham recursos financeiros para bancar um projeto deste calibre mas o evija ainda deve levar algum tempo para aos olhos dos entusiastas fazer sentido enquanto produto falando a verdade o hipercarro e praticamente o oposto de tudo o que a lotus significa desde o inicio uma marca de carros leves simples e divertidos de guiar aqueles que lembram da lotus de antigamente certamente estao tendo flashbacks para a epoca do esprit o esportivo lançado em 1976 tinha a proposta de criar uma lotus mais luxuosa e refinada teve quase 30 anos de historia sendo descontinuado apenas em 2004 e ao longo deste tempo foi ficando cada vez mais potente refinado e caro colin chapman o fundador da lotus e a mente por tras de sua filosofia tinha como objetivo pessoal um rival britanico para os melhores esportivos do planeta ferrari porsche e companhia mas na pratica o esprit nunca chegou ao mesmo nivel de popularidade embora o desempenho nao deixasse nada a desejar nas versoes mais novas com motor v8 os fas da lotus classica principalmente nao se empolgavam tanto com ele a opiniao geral era que o espirito da lotus havia se perdido no esprit a empresa que deu ao mundo o iconico lotus seven que criou o diminuto e delicioso lotus elan que inovou com o curioso lotus europa que preparava carros comuns e o transformava em maquinas de devorar curvas com menos peso e mais potencia chegou aos anos 1990 com um v8 biturbo de 350 cv em um supercarro que ia de zero a 100 km/h em menos de cinco segundos e seguia acelerando ate os 280 km/h ha merito nisso claro mesmo que colin chapman morto em 1982 nao tenha chegado a ver o esprit transformado em um superesportivo o que era seu sonho mas o esprit foi um projeto muito ousado que drenou os sabidamente escassos recursos da lotus e deixou a marca a beira da falencia mesmo sob o guarda chuva da general motors que havia adquirido a companhia em 1986 nao era uma operaçao lucrativa afinal foi so em 1993 quando o empresario romano artioli comprou a lotus que a pegada original da empresa voltou a ser explorada exibido pela primeira vez no salao de frankfurt de 1995 o lotus elise foi projetado por julian thompson que buscou inspiraçao nos classicos da lotus para criar um esportivo leve e simples tao pequeno que voce precisa de um tutorial em video para descobrir como entrar nele https //www youtube com/watch v=qs5vbrcgi9u artioli acreditava que o modelo original da lotus era perfeito quase todos os aspectos do carro estrutura interior acerto dinamico eram desenvolvidos e executados internamente a exceçao do motor que era sempre fornecido por terceiros com isto reduzia se custos de pesquisa e desenvolvimento e ainda obtinha se motores ja consagrados no mercado com amplo suporte em componentes de manutençao e aftermarket assim para o elise a lotus desenvolveu uma nova estrutura monobloco de aluminio que trazia uma inovaçao importante seus componentes eram unidos por parafusos e cola em vez de soldas richard rackham o engenheiro chefe por tras do projeto decidiu se pelo metodo para poder beneficiar se da maior qualidade do aluminio sua leveza e resistencia em um artigo publicado em 2004 no site auto design and production rackham explica que o aluminio soldado perde cerca de metade de sua resistencia — o que na pratica significa que seria necessario usar o dobro do material para conseguir a mesma resistencia do aço anulando a principal vantagem do material alem disso o aluminio e moldado por extrusao processo em que o material e aquecido e forçado por uma matriz no formato desejado a extrusao permite criar formas complexas e uniformes o que reduz a quantidade de componentes necessarios para fabricar um monobloco e consequentemente garante maior rigidez estrutural nada mais apropriado para um carro que valoriza o comportamento dinamico antes da potencia nao e de fato o elise de primeira geraçao era estupidamente leve com seus 725 kg garantindo aceleraçao de 0 a 100 km/h em 5 8 segundos — algo impressionante para um carro de 120 cv vindos de um quatro cilindros aspirado de 1 8 litro fornecido pela rover o k series que foi extremamente popular no reino unido da decada de 1980 aos anos 2000 pequeno e agil para se ter uma ideia a primeira geraçao tinha so 3 7 metros de comprimento o elise e um carro divertidissimo mas tambem traiçoeiro com traçao traseira e entre eixos curto nao e preciso muita coisa para fazer um elise desgarrar a traseira repare na rodada repentina por volta dos 00 47 https //www youtube com/watch v=pwgxvtzrdbg por outro lado nas maos certas o elise era uma maquina absurdamente rapida e competente como demonstra dean evans o cara ao volante deste elise no lotus trophy em 2005 — corrida que na epoca servia de aperitivo para o publico da bathurst 1000 na australia no grid invertido os mais rapidos largavam nas ultimas posiçoes evans saiu da 16ª posiçao e assumiu a ponta em uma serie de ultrapassagens memoraveis tudo em uma volta o video ja se tornou um classico entre os internautas entusiastas e assistindo fica facil entender a razao https //www youtube com/watch v=zktyf61eaw0&lc=uggdrfcxtx7fi3gcoaec estes valores e caracteristicas acompanharam o lotus elise ao longo de toda a sua existencia do inicio ao fim e ao mesmo tempo em que garantiam uma experiencia ao volante extremamente crua organica e sem filtros tambem deixava uma boa margem para melhorias imagine o elise original como a melhor tela em branco possivel para criar um carro divertido um carro que ja era originalmente fantastico mas podia ficar ainda melhor e de varias formas possiveis ja em 1997 veio a primeira tentativa de transformar o elise em algo mais a lotus decidiu fazer dele a base para um prototipo da categoria gt1 do bpr global gt — competindo com caras do calibre do mclaren f1 gtr e do porsche 911 gt1 a equipe deu ao elise uma carroceria mais aerodinamica com traseira mais longa para aumentar o downforce e um motor v8 biturbo de 3 5 litros desenvolvido in house contudo naquele ano as regras para o global gt foram modificadas pela fia que mudou o nome do campeonato para fia gt os carros ficaram mais potentes e para continuar competitiva a lotus decidiu usar tambem o v8 do corvette zr 1 que foi desenvolvido em parceria entre a chevrolet e a lotus https //www youtube com/watch v=gvj74dckmoi um carro legalizado para as ruas e equipado com um v8 de 3 5 litros limitado a 350 cv foi produzido para fins de homologaçao e nunca foi vendido o regulamento so exigia que ele fosse construido e mais cinco para o campeonato a equipe de fabrica da lotus optou pelo motor v8 chevrolet enquanto uma equipe independente chamada gbf uk ficou com dois carros equipados com o motor 3 5 biturbo nos dois casos a potencia era proxima dos 600 cv infelizmente porem nenhum dos carros conseguiu sucesso — os gt1 da equipe de fabrica da lotus nem terminaram sua corrida de estreia e o programa foi abandonado ainda em 1997 talvez fosse preciso ser um pouco mais racional e o elise 111s lançado em 1999 era um exemplo claro disto ao empregar simplesmente uma variaçao mais forte do motor rover com comando variavel e 145 cv ele conseguia ter mais folego e carregar mais velocidade nas curvas ele tambem tinha cambio manual com relaçoes mais proximas relaçao final de diferencial mais curta asa traseira disco de freio maiores e perfurados novas rodas com seis raios e bancos com maior apoio que continuavam apenas com ajuste de distancia para o motorista a versao permaneceu em catalogo para a segunda geraçao do elise agora com 158 cv e 0 100 km/h em 5 1 segundos ainda em 1999 a lotus decidiu mostrar como seria o elise caso a reduçao de peso fosse levada ao extremo o resultado parecia um um brinquedo o lotus 340r um carro limitadissimo com apenas 340 unidades fabricadas o numero que lhe serve de nome e uma referencia a potencia de 340 cv por tonelada que era a relaçao peso potencia do prototipo original que pesava 500 kg o modelo de produçao era um pouco mais pesado com 701 kg mas ainda e mais leve que praticamente qualquer coisa sobre quatro rodas da mesma epoca e ainda tinha uma versao de 180 cv do motor 1 8 rover na melhor tradiçao do lotus seven que e fabricado ate hoje como caterham seven o 340r nao tinha quase nada alem do motor da transmissao e daquelas outras coisas que sao necessarias para se andar rapido a carroceria se resumia a uma estreita dianteira com farois alongados e uma carenagem que seguia ate a traseira deixando boa parte da estrutura exposta expostas tambem ficavam as rodas cobertas por para lamas individuais e boa parte do sistema de suspensao com braços sobrepostos do tipo duplo a na dianteira e na traseira e voce tambem estava o tempo todo exposto aos elementos enquanto acelerava ate os 100 km/h em cinco segundos flat fazia o quarto de milha em 13 6 segundos a 160 km/h e contornava curvas com agilidade impar — porque o conversivel nao tinha qualquer tipo de capota https //youtu be/egnhlj5ro74 o unico problema como so fizeram 340 deles era praticamente impossivel encontra lo fora do reino unido e mesmo por la dificilmente um exemplar aparece a venda mas fora as series especiais com melhorias tecnicas tambem houve algumas ediçoes comemorativas voltadas a modificaçoes esteticas quase sempre relembrando o sucesso da lotus nas pistas a primeira delas foi o elise type 79 tambem conhecido como jps [caption id= attachment_280502 align= aligncenter width= 999 ] foto autogespot[/caption] lançado em julho de 1999 e limitado a 50 unidades o elise type 79 era uma homenagem ao lotus 79 que com seu v8 cosworth dfv e a primeira demonstraçao bem sucedida do chamado efeito solo deu a lotus o titulo de construtores da temporada de 1978 da formula 1 com mario andretti ao volante que ficou com o titulo de 1978 ainda naquele ano a lotus apresentou mais uma ediçao especial o elise type 49 desta vez homenageando o lotus 49 — o primeiro carro de formula 1 a usar o motor como um componente estrutural e se dar bem com isto competindo por quatro anos 1967 1970 e garantindo os titulos de 1968 e 1970 mais do que isto o lotus 49 influenciou todos sim todos os carros de formula 1 que vieram depois dele nada mais justo que um elise especial com a iconica pintura vermelha branca e dourada do 49 um exemplo da versatilidade do elise veio em 2000 a gm revivendo a parceria com a lotus criou o opel speedster ou vauxhall vx220 no reino unido o acordo era simples a general motors entraria com um investimento que a lotus usaria para desenvolver a segunda geraçao do elise e a lotus forneceria todo o hardware para o speedster a estrutura de aluminio do elise foi aproveitada e adaptada para receber os motores 2 2 aspirado e 2 0 turbo da gm capazes de entergar respectivamente 147 cv e 200 cv — este ultimo capaz de fazer o carro chegar aos 100 km/h em 4 7 segundos https //www youtube com/watch v=tmao80ipsko apesar de mais potente o esportivo de fibra de vidro mantinha a dirigibilidade purista do elise que afinal e o que importa ele tambem tinha acabamento mais refinado e um interior mais confortavel contudo quem queria um elise acabava comprando um elise assim tanto o speedster quanto o vx220 sairam de linha em 2005 e nao deixaram sucessores enquanto isto a lotus preparava a segunda geraçao do elise que foi lançada em 2001 foi mais uma questao de necessida que de idade propriamente dita se nao tivesse que refazer toda a estrutura do carro para torna lo compativel com as novas regras de segurança que passaram a vigorar na europa a lotus talvez tivesse mantido a primeira geraçao em linha por mais algum tempo embora tenha ganho 6 cm no comprimento chegando a 3 78 metros o carro ainda tinha o entre eixos curto de 2 3 m e continuava pesando pouco apenas 860 kg o aumento de peso vinha em grande parte da adiçao de itens como airbags freios abs vidros eletricos e carpete a maior mudança porem foi a adoçao do motor quatro cilindros zz da toyota com comando duplo no cabeçote e potencia entre 135 cv e 195 cv dependendo da versao as variantes mais potentes se valiam de um cabeçote de alto fluxo projetado pela yamaha e o lotus exige versao fechada do elise tambem podia ser adquirido com uma variante supercharged de 246 cv a segunda geraçao do elise nao teve muitas mudanças mas tambem deu origem a algumas series limitadas e modelos derivados o mais interessante deles provavelmente era o 2 eleven que assim como o 340r era um elise mais purista com carroceria do tipo barchetta o 2 eleven tinha o mesmo supercharged empregado no exige calibrado para entregar 255 cv feito para as pistas o carro de 666 kg era capaz de chegar aos 100 km/h em 3 8 segundos com maxima de 241 km/h — e por uns trocados a mais a lotus o convertia em um carro de rua nao conseguimos imaginar experiencia mais visceral ao volante de um carro https //www youtube com/watch v=or4ifiuupdm mais ou menos como o mazda mx 5 miata o elise permaneceu fiel a receita original por quase tres decadas a terceira geraçao lançada em 2010 era basicamente um facelift da segunda com farois menores e de desenho mais harmonico alem uma nova versao de entrada com motor 1 6 de 136 cv criada especificamente para cumprir as normas de emissoes estipuladas pelo acordo euro 5 o projeto contudo nao mudava muito em relaçao ao que o elise sempre havia sido ficou um pouco mais longo com 3 8 metros mas ainda tinha o mesmo entre eixos e a mesma mecanica toyota o que a lotus fez porem foi criar versoes mais radicais voltadas ao uso em pista a serie cup que ao longo dos anos ganhou variantes de 220 250 e 260 cv tambem foi criado o 3 eleven sucessor do 2 eleven que teve 311 sacou exemplares produzidos em 2016 todos com o v6 2gr fe da toyota o motor do camry com supercharger edelbrock e mais de 400 cv tal longevidade so mostra que o elise foi uma decisao acertada da lotus fiel as origens bem executada e iconica e por toda a sua historia o pequeno esportivo mostrou que nao e preciso reinventar a roda para criar um carro fantastico ao volante esperamos que a lotus nao esqueça disto com o futuro sucessor do elise
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