Olhe bem para este Chevrolet Corvette. A primeira coisa que se nota é que, para um carro esportivo de dezesseis anos de idade — ele foi fabricado em 2000 —, até que está bem conservado. Isto, por si só, já é algo bem bacana. Agora, e se a gente dissesse que ele já rodou quase 1,2 milhão de quilômetros? E você achando que seu poisé com mais de 100.000 km já estava meio cansado…
A gente até já falou da barreira dos 100.000 km aqui no Brasil — parece que, ao atingir seis dígitos no hodômetro, o carro imediatamente passa a ser considerado velho e precisa ser vendido urgentemente. E você ainda corre o risco de ninguém querer comprá-lo por ser rodado demais. Na Europa, um carro é considerado muito rodado quando passa dos 200.000 km e nos EUA a tolerância é ainda maior: 240.000 km, ou 150.000 milhas. Por aqui, há um tempo atrás, boa parte dos carros só tinham cinco dígitos no hodômetro — vai ver era uma forma de evitar que os motoristas desenvolvessem complexos.
Agora, a gente está falando de mais de dez vezes a quilometragem que faz com que um carro no Brasil seja considerado “velho”: 1.142.589 km, ou 709.972 milhas — que é o número marcado no hodômetro digital do Chevrolet Corvette 2000 de um cara chamado Mark. Seu sobrenome não é dito em nenhum momento, e o vídeo foi publicado no Youtube por outro cara, chamado Larry Tallis, mas isto não tem tanta importância assim.
O que importa é que parece legítimo — sem a conotação irônica que esta frase assumiu nos últimos tempos — e que, bem, o carro parece novo, se desconsiderarmos possíveis marcas do tempo na carroceria e no interior que possam ter sido ocultadas pela câmera. Você não diria tranquilamente que este Corvette tem, sei lá, 50.000 km?
Este outro vídeo foi feito em 11 de janeiro de 2015, quando o hodômetro marcava 649.258 milhas — ou 1.044.879 km. Nele, Mark conta que este já é seu quinto Corvette, e que o último que ele teve rodou mais de 300.000 milhas, ou 480.000 km. Ele também explica a razão pela qual dirige tanto: Mark precisa viajar frequentemente entre os estados da Flórida e da Geórgia a trabalho, uma viagem de 600 km que ele percorre com seu Corvette.
Nos dois vídeos, dá para ver o excelente estado de conservação do carro, com destaque especial para a limpeza do cofre do motor. O small block Chevrolet da família LS, que no Corvette C5 entrega 350 cv e 47,9 mkgf de torque, está limpíssimo e tem um aspecto muito saudável. De acordo com Mark, que é o único dono, o motor é exatamente o mesmo desde que o carro foi fabricado e a transmissão foi substituída em abril de 2011, quando o carro tinha pouco menos de 500.000 milhas (ou 800.000 km) marcados no hodômetro.
Mark não dá mais detalhes a respeito da manutenção do carro. No entanto, um documento emitido pelo CarFax, site americano que oferece o histórico de praticamente qualquer carro (desde que se forneça o número da placa ou do chassi), traz todos os registros de manutenção do carro — e, aparentemente, não tem muito segredo: a maioria dos serviços de manutenção foi feita na mesma concessionária na Flórida, as trocas de óleo foram feitas no tempo certo e os componentes que sofrem desgaste foram substituídos no prazo correto. Simples assim. Detalhe: de acordo com o CarFax, na última vez em que o carro foi até a concessionária, o hodômetro marcava 712.793 km — 1.147.129 km.
É claro que tudo isto também acaba ajudando a fomentar a reputação do V8 small block LS da Chevrolet, que já tem fama de robusto — não é à toa que se trata de uma das opções favoritas de quem quer realizar um engine swap: tem componentes baratos, peças em abundância (tanto originais quanto aftermarket) e, mesmo original, garante diversão a quem curte acelerar.
De acordo com o vídeo, Mark já entrou em contato com o Museu Nacional do Corvette (aquele mesmo que, há algum tempo, foi quase destruído por uma cratera) para que algo seja feito quando o hodômetro virar 1 milhão de milhas — ou mais de 1,6 milhão de quilômetros. Se continuar assim, não vai demorar muito!