O ano de 2015 será marcado por uma perda irreparável para muita gente: o Defender, clássico e indestrutível utilitário da Land Rover, deixará de ser produzido. Será o fim de uma história de 67 anos, da qual a companhia irá se despedir com três séries especiais limitadas: Autobiography, Adventure e Heritage.
Ao lado de carros como o Mercedes-Benz Classe G, o Jeep Wrangler e o Lada Niva, o Defender mudou pouquíssimo desde que foi lançado: remando na contramão do mercado, o utilitário britânico trouxe apenas as modificações necessárias para se manter competitivo, sem perder sua essência. Seus fãs são do tipo que não curtem mudanças radicais.
A origem da linhagem está no Series I, concebido em 1947 como uma tentativa de recuperar financeiramente a britânica Rover que, como aconteceu com várias fabricantes no pós-Guerra, passava por dificuldades financeiras e sofria com escassez de mão de obra e materiais. Para piorar a situação, a fábrica original foi destruída por um bombardeio durante o conflito e, por isso, teve que se mudar para uma planta improvisada construída durante a Guerra para fornecer material aeronáutico.
Com a infraestrutura prejudicada e as finanças em frangalhos, a Rover decidiu lançar um utilitário simples e robusto, nos moldes do Jeep Wrangler, mas voltado para uso rural.
Sir Paul McCartney tem o seu até hoje
O chamado Series I foi lançado em 1948 e já trazia as características básicas que tornariam o Defender um ícone: visual simples e funcional, carroceria de alumínio sobre chassi de aço (materiais remanescentes da indústria bélica) e a capacidade de enfrentar todo e qualquer terreno com mais desenvoltura que qualquer fazendeiro poderia querer.
Ao longo das décadas o Defender passou por algumas mudanças estéticas (os faróis foram parar nos para-lamas em 1971, com a chegada do Series III), motores mais potentes foram introduzidos e, em 1983, vinha um novo nome: Defender. O resto, como dizem, é história — e vai entrar para a história.
Series III, o primeiro com a “cara” do Defender
Foi em outubro de 2013 que, através de um porta-voz que falou com o site Autonews Europe, a Land Rover confirmou que o Defender deixaria de ser produzido “no meio da década” — mais conhecido como 2015. À época, foram citadas “razões legislativas”, sem maiores detalhes — embora não seja muito difícil presumir que se tratavam das leis para emissões de poluentes, cada vez mais rígidas.
No princípio, pensava-se que o substituto seria baseado no conceito DC100, apresentado em 2011 — um utilitário compacto com linhas modernas que remetiam ao Defender original, mas no Salão de Paris do ano passado, o diretor de marketing da Jaguar Land Rover, Phil Popham, disse um novo conceito será apresentado até 2016 e que o novo Defender será o veículo mais capaz da história da Land Rover.
Enquanto ele não chega, a Land Rover apresentou três séries limitadas que serão as últimas a serem fabricadas — ao menos em grande volume na fábrica em Solihull, ao sul de Birmingham, bem no meio da Inglaterra. Como dissemos ali em cima, elas se chamarão Autobiography, Adventure e Heritage.
A primeira delas segue o padrão da linha Autobiography da Land Rover: é o modelo “de luxo”, ao menos para um Defender. Com todos os opcionais selecionados — incluindo couro no painel e nos bancos, pintura em dois tons e um motor turbodiesel de 2,2 litros um pouco mais potente (com 148 cv em vez de 121), custará £ 61,845, ou cerca de R$ 250 mil em conversão direta.
Serão fabricadas 80 unidades — é o mais raro dos três —, todas comercializadas no Reino Unido e com o entre-eixos de 90 polegadas. Certamente é um Defender bacana, mas nós achamos que o nome Autobiography combina mais com os modelos mais modernos e luxuosos, como o Range Rover ou o novo Discovery.
Por outro lado, o Defender Adventure custará menos (£ 43.495, ou cerca de R$ 175 mil) e será produzido em 600 unidades, com entre-eixos de 90 ou 110 polegadas e diversos opcionais off road, como proteção para o assoalho, pneus mais borrachudos, snorkel, rack no teto e uma escada na traseira.
O exemplar das fotos de divulgação é laranja “Phoenix Orange” com grafismos pretos, mas o Defender Adventure também poderá ser comprado em branco “Yulong White” ou cinza “Corris Grey”.
Por fim, temos o Defender Heritage e ele é simplesmente matador. O nome talvez entregue, mas olhando para ele você vai entender o motivo:
O Defender Heritage é a melhor homenagem da Land Rover ao Series I: disponível apenas com entre-eixos mais curto e teto rígido — como no clássico de 1948, ele será o mais barato dos três Defender de despedida, custando £ 27.800, ou cerca de R$ 112 mil.
O visual é totalmente clássico. A única cor disponível é o verde “Grasmere Green” com teto branco, e as rodas são de aço, pintadas na mesma cor da carroceria. A grade e as molduras dos faróis, também verdes, têm desenho que remete ao primeiro Land Rover, e na lateral fica o toque especial que só os mais entendidos (e leitores do FlatOut, agora) vão notar: a placa que diz HUE 166, número também presente em etiquetas nos bancos.
Não, não é uma homenagem bizarra da Land Rover aos “HUE HUE BR BR”, e sim o número da placa do primeiro Land Rover Series I registrado na história. Serão feitas 200 unidades do Defender Heritage que, não precisamos dizer, é o nosso favorito.