Há algumas horas, o grupo Fiat Chrysler (FCA) apresentou aos investidores seus planos para os próximos cinco anos. Você já viu o que o futuro próximo reserva para o lado americano da aliança — agora, vamos ver o que que estão preparando os italianos: Ferrari, Maserati, Fiat e Alfa Romeo.
Pelo tom das apresentações, é seguro afirmar que o foco dos italianos é recuperar o DNA de suas marcas, descartar alguns modelos, lançar (vários) outros e, assim, recuperar a boa imagem ao mesmo tempo em que maximiza seus lucros. Vamos ver o que cada uma dar marcas do lado italiano da força está preparando.
Alfa Romeo
Não temos uma representação oficial da Alfa Romeo por aqui, mas você há de concordar que a paixão alfista é unanimidade mundial. E a marca sabe disso — até admitiu que seus valores principais foram deixados de lado nas últimas décadas. A Alfa Romeo começou a construir carros em 1910 e desde então foi uma das grandes no automobilismo mundial, dà Fórmula 1 ao DTM, mas admite ter esquecido disso nos últimos 20 anos — nos quais fez muitos carros bonitos, mas deixou de lado algo extremamente importante: o DNA histórico da marca.
O 4C foi o começo do processo que acontecerá nos próximos cinco anos: a volta às raízes da Alfa. Ele tem visual italiano, é leve e potente (os 240 cv do motor 1.75 turbo empurram 895 kg) e foi feito para agradar uma pessoa: o motorista. E é assim que os próximos carros da marca serão.
A Alfa trará gente importante da Ferrari e formará uma equipe de mais de 600 pessoas, selecionadas por todo o grupo Fiat Chrysler, para desenvolver os novos carros. O primeiro modelo deverá ser um sedã médio de tração traseira, e chegará no fim de 2015. Depois, toda uma gama de compactos, utilitários e um esportivo deverá ser apresentada entre 2016 e 2018, todos com tração traseira ou integral, e planejados para encarar diretamente as marcas premium alemãs — BMW, Mercedes e Audi.
Quanto aos motores, estão previstas variantes de quatro e seis cilindros, desenvolvidos na Itália e com potência entre 100 cv (aspirado) e 350 cv (turbo) para os quatro-cilindros, e até 500 cv para o seis-cilindros. Também considera-se um novo motor a diesel. Especula-se até mesmo o uso de motores Ferrari, como já acontece com os Maserati, para agregar mais valor aos modelos.
Mas outra coisa chamou mais a nossa atenção:
Sim, tudo indica que o 4C ganhará uma versão Quadrifoglio Verde (ou Cloverleaf), que deverá ser ainda mais potente do que o modelo normal, ainda em 2015. Não disseram mais nada, mas já estamos perdendo o sono com tantas novidades boas.
Fiat
O tom dos planos da Fiat é parecido com o da Alfa Romeo — a marca perdeu a identidade, lançando muitos modelos diferentes, atirando para todos os lados e ficando com uma linha heterogênea. A situação ficou crítica em 2010 e começou a ser resolvida em 2014: a Fiat já cortou modelos e traçou caminhos específicos para cada um dos que sobraram. Agora, eles vão além.
A Fiat quer dividir sua linha em duas vertentes: “racional/funcional” e “emocional/aspiracional”, ilustrada por dois de seus modelos mais icônicos do passado. A primeira será composta pelos modelos mais baratos e práticos, como o Panda e o Punto, enquanto a segunda terá modelos mais descolados e esportivos — como a família 500 e um novo modelo, que tudo indica ser um roadster de tração traseira desenvolvido em parceria com a Mazda — uma espécie de sucessor espiritual do 124 Spider/Coupe.
De início, acreditava-se que o carro seria um novo Alfa Romeo, mas hoje o grupo deu a entender que será um Fiat — o Jalopnik US até flagrou uma mula do Mazda Miata com um motor Twin-Air debaixo do capô.
Agora, estes são os planos globais da Fiat — a apresentação também mostrou o que será da marca em mercados emergentes, como o Brasil. Para cá, podemos esperar atualizações do Uno (ainda este ano) , novos Punto e Grand Siena, o fim do Linea e a introdução de novos modelos: uma picape compacta e o substituto do Palio Fire no segmento de entrada — ambos previstos para o segundo semestre de 2015, e um crossover compacto em 2016.
Ferrari
Vendo o planejamento da Ferrari, podemos concluir que a marca é a mais confortável do grupo no que diz respeito à sua identidade. A marca quer lançar um novo modelo por ano, sendo que cada um deles terá um ciclo de vida de quatro anos, seguido por uma atualização (que a Ferrari chama de “M”) e mais quatro anos — na prática, oito anos.
A Ferrari quer manter a exclusividade da marca, e por isso não pretende aumentar a capacidade de produção, que continuará limitada a 7 mil unidades por ano.
Maserati
A Maserati está bem mais sujeita a mudanças do que a Ferrari — entre 2014 e 2018, a marca vai lançar um SUV, um novo cupê esportivo e a nova geração do GranTurismo.
O SUV Levante deverá ser o primeiro, a chegar no ano que vem. Sempre com tração integral, deverá ter uma vasta gama de motores: V6 de 350 e 425 cv, V8 de origem Ferrari e mais de 560 cv, e três motores a diesel. Depois, em 2016, virá o Alfieri, um cupê/conversível absurdamente estontante, com design inspirado no clássico Maserati A6. Ele terá versões de tração traseira e integral e motores V6 de 410, 425 e 520 (!) cv. Já estamos ansiosos.
Por fim, o GranTurismo ganhará uma nova geração em 2018 e o mesmoV8 de 560 cv (ou mais) debaixo do capô — motor que também estará no sedã Ghibli até 2018.
Poucas vezes na indústria automotiva vimos uma reformulação tão ampla ser divulgada desta forma — abertamente e admitindo falhas (como no caso da Alfa Romeo).
A nós, resta esperar e ficar atentos às novidades — afinal, os cinco anos que teremos para ver tudo isso já começaram.