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WTF?

Alguém está desenhado pênis nas ruas desta cidade como protesto pelos buracos no asfalto – NSFW

Não é obsceno rodar por ruas esburacadas? Não é uma sacanagem cortar seu pneu novinho em um recorte no asfalto? Cansado de ter amigos prejudicados por problemas na via em Manchester, no Reino Unido, um camarada que não se identifica resolveu tornar a coisa muito visual. Pintou um certo tipo de desenho fálico em volta de vários buracos escandalosos que encontrou pelo caminho e adotou o sugestivo nome de Wanksy. Deu certo: a prefeitura da cidade passou a remendar o asfalto “enfeitado” rapidinho.

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Mas por que Wanksy? Simples: foi a junção bem humorada do nome do famoso artista de rua britânico Banksy, conhecido por suas mensagens subversivas e extremamente irônicas, com a palavra wanker (que designa aquele cara que usa somente as mãos para ter prazer sexual solitário).

O artista original é politicamente engajado e um ilustre desconhecido. O mistério em torno de suas obras leva inclusive muitas pessoas a suspeitarem que Banksy não é uma pessoa, mas sim várias. Não é bem isso. Sabe-se que ele já foi jogador de futebol, do Easton Cowboys and Cowgirls, com o qual viajou para o México, e que começou seu trabalho na cena underground de Bristol por volta dos anos 1990. Sua técnica é o estêncil, moldes vazados através dos quais é aplicada a tinta. Segundo um raro depoimento do artista, que tem uma página na internet, ele optou por este método para ficar mais fácil de fugir da polícia. Grafitar é uma atividade ilegal em muitos países.

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A ironia em sua arte, como convém a um inglês, é refinadíssima. Do tipo que pega instantaneamente e expõe hipocrisias sociais, como a xenofobia.

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Seu trabalho mais recente foi feito na Faixa de Gaza. Bansky disse em entrevista ter se impressionado com o cenário de destruição. “Não quero tomar partido de ninguém, mas, quando você vê bairros reduzidos a escombros, sem uma esperança de futuro, o que você realmente está observando é um centro enorme de recrutamento de terroristas a céu aberto. E nós devíamos ficar atentos a isso pelo bem de todos.”

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Entre as costumeiras ironias do artista britânico estão um carrossel em torno de uma torre de observação israelense e um gato nas paredes de uma casa destroçada. Segundo Bansky, o gato foi feito para chamar a atenção, já que tudo a que as pessoas prestam atenção no Facebook e em outras redes sociais é a animaizinhos fofos.

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A exemplo do artista que o inspirou, Wanksy não tem identidade conhecida, apenas um perfil no Facebook onde ele fotografa e exibe suas obras de arte. Que ele também usa para chamar a atenção para problemas.

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A motivação para as obras teria começado quando amigos ciclistas de Wanksy se acidentaram em buracos pela cidade. “Eu quis chamar a atenção para os buracos e torná-los memoráveis”, ele disse ao jornal Manchester Evening News. “Nada parece fazer o serviço tão bem quanto um falo gigante. Também é rápido de desenhar. Não quero ficar no meio da rua muito tempo. Parece que virou minha assinatura. Quero ver as pessoas rirem e chamar atenção para o problema.”

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A tinta usada pelo “artista” é em spray não permanente, que sai em questão de uma semana ou duas. É o suficiente para que a prefeitura se mexa e tampe os buracos. “As pessoas passam por cima dos buracos e se esquecem deles. De repente você desenha algo divertido em volta deles, todo mundo vê e ele ou é reportado ou consertado”, disse Wanksy. E ele não vive apenas de desenhar pintos por aí. Sua arte encontra outros meios de expressão, especialmente dependendo do formato dos buracos.

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O que a gente chama normalmente de asfalto é tecnicamente conhecido por pavimento asfáltico. Isso porque o asfalto é apenas a parte mais externa deste pavimento. As inferiores são a base a a sub-base, feitas de brita. Abaixo delas deve ficar um solo tratado por terraplenagem e compactação, para garantir estabilidade ao terreno. Em outras palavras, piso que vive em obras da prefeitura, da companhia de gás, de luz, de água ou do raio que as parta fica mais sujeito a acomodações.

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Os buracos, ou panelas, como são chamados por engenheiros civis, são formados basicamente por falhas na execução do revestimento, na estrutura do pavimento, por problemas de drenagem, falta de manutenção, espessura insuficiente, excesso de carga e envelhecimento do asfalto.

Bons pavimentos têm a capacidade de defletir para suportar cargas. Em outras palavras, eles são flexíveis. Com esse movimento, o material apresenta fadiga em cerca de 10 anos.

Se o pavimento é bom, ele tem uma espessura média de 16 cm só de asfalto. O pavimento mais espesso permite correção mais fácil das trincas. Quando elas surgem, as chuvas e o tráfego vão arrancando pedaços e formam os buracos. Em asfalto bem feito, porém, basta efetuar fresagem de 2 ou 3 cm para renovar o piso e garantir cerca de 10 anos de tranquilidade. Se o pavimento é fino, a opção de fresagem deixa de existir. No Brasil, ela fica em torno de 8 cm, na média. Com isso, as trincas surgem de baixo para cima. Em outras palavras, não adianta tampar o buraco. Isso só esconde o problema, já que a parte inferior também está toda trincada.

A prefeitura das cidades, como se pode imaginar, não gostou nada de ser cutucada por trás. Um conselheiro da cidade de Bury, que faz parte da Grande Manchester, diz que os desenhos são “não apenas estúpidos, mas também incrivelmente ofensivos”. “Será que esse pessoa pensou apenas por um minuto sobre como famílias com crianças pequenas devem se sentir quando confrontadas com estes símbolos obscenos enquanto vão para a escola? Não é apenas vandalismo, mas também é contraprodutivo. Cada centavo que será usado para limpar o desenho é um centavo a menos a ser gasto no reparo dos buracos”, teria dito ele, segundo o The Huffington Post. O fato é que muitos buracos foram consertados sem que a pichação fosse apagada. É o próprio asfalto que recobre as imagens “pornográficas”. Prova de que a estratégia fálica funcionou bem. Se a moda pega…

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