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Car Culture

Amor aos aircooleds: o trabalho de artesão em uma garagem paulista

Agnaldo Pazzini, 47 anos, é um sujeito daqueles que você percebe ter muitas histórias pra contar logo no primeiro contato. Apaixonado por Volkswagen aircooleds (refrigerados a ar), dirige diariamente a Variant que era de seu pai desde zero km, e além do trabalho como mecânico, aproveita as horas vagas para restaurar clássicos da VW.

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Seu pai, um antigo proprietário de concessionária da marca, lhe transmitiu desde cedo todos os macetes da mecânica dos queridos carrinhos, e hoje em dia Agnaldo faz uso disso muito bem. Tendo à sua disposição todos os manuais técnicos originais de época para orientar os detalhes de suas restaurações, Agnaldo trata o trabalho meticuloso com uma obstinação sem igual na busca pela perfeição, com brilho nos olhos e certo embargo na voz ao contar a história dos habitantes temporários de sua garagem.

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São horas e horas garimpando peças em ferro-velhos, investindo dinheiro do próprio bolso em itens e pormenores cujos quais ele tem certeza de que alguns passariam despercebidos até mesmo pelos donos dos besouros que serão restaurados.

Nas madrugadas em que a insônia bate, sua literatura de cabeceira são revistas especializadas e os próprios manuais de manutenção, que sempre acabam lhe apresentando uma ou outra surpresa mesmo com o decorrer dos anos. Estivemos em sua garagem durante o processo de restauração de um Fusca 1300 1968, único dono, que pertence ao pai de um amigo do próprio Agnaldo:

“Ele me perguntou se daria muito trabalho para colocar o velho Fusca de seu pai, que estava parado há uns bons anos, pra rodar novamente. Em minha cabeça imaginei o velho VW guardado em algum lugar coberto, empoeirado, precisando apenas de uma limpeza e regulagem de carburador e uma boa bateria para sair passeando por ai. Disse ao amigo para me trazer o carro que eu cuidaria disso para ele – e qual não foi minha surpresa ao ver em cima da plataforma um carro completamente destruído pelo tempo! Carroceria, assoalhos, tudo completamente podre.

Com o sinal verde para começar uma restauração como o Fusca merecia, parti a carroceria do carro em três com um machado e algum material de proteção. Foi tudo pro lixo. Os assoalhos foram ejetados pra fora do chassi com alguns pisões, e desde então começamos a reforma do carrinho. Já se passou pouco mais de um ano trabalhando neste carro aos finais de semana. A parte do chassi e mecânica, que também foi toda refeita seguindo os manuais técnicos, está praticamente terminada. Vamos agora garimpar as peças da carroceria.”

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Outro hóspede de sua garagem é um Fusca Itamar 1993, este já quase pronto para ganhar as ruas novamente. “Um amigo comprou este Volks sabendo que o mesmo ficou jogado nos fundos de uma oficina, parado, por muitos anos. Detalhe que o carro ficou todo esse tempo sem os filtros na dupla carburação, e daí todo tipo de sujeira foi pra dentro do motor. Mais: não bastasse o interior do carro servir de moradia pra alguns gatos enquanto esteve na oficina, o cofre do motor tinha uns bons centímetros de fezes de rato ocupando todos os lugares. Precisei de muito material de limpeza e algumas luvas para limpar tudo. No final, a sujeira era tanta que abriu um buraco no bloco do boxer próximo à polia do virabrequim, e precisamos recorrer ao uso de um bloco zero km. Nos próximos dias deveremos mandar o carro para a funilaria.”

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Desde sempre trabalhando como mecânico em concessionárias VW, Agnaldo projeta um futuro não muito distante totalmente dedicado aos Fuscas: “Acho que cada vez mais é difícil encontrar alguém disposto a trabalhar nesses carrinhos. Pretendo me dedicar a esse trabalho cada vez mais.”

Mal podemos esperar para ver nas ruas esses besouros em toda a sua glória, como se tivessem acabado de sair de fábrica!

Por Thiago Marinelli / Final Spec
[ Fotos: Thiago Marinelli e Maurício Oliveira ]

Agnaldo Pazizni
Contatos: 11 2258 1840, [email protected]