Há várias formas de se envolver com seus carros. Tem gente que adora dar um trato nele todo final de semana, lavando, encerando e fazendo o detalhamento por conta própria. Eu, pessoalmente, nunca gostei disso — detesto lavar carros e trocar cordas de guitarra; duas coisas que detesto em coisas que adoro.
Eu gosto mesmo é de meter a mão na massa. Trocar o óleo, por exemplo, é um negócio que não custa nada nas lojas que vendem o lubrificante. Mas é satisfatório fazer a troca por conta própria. O mesmo vale para os discos e pastilhas de freio. Ou mesmo pequenos reparos, como eliminar aqueles “grilinhos” do acabamento.
Mesmo que você não goste de meter a mão na graxa, em certas ocasiões você poderá, no mínimo, fazer seu carro funcionar para ir rodando até sua oficina de confiança. Em qualquer um dos casos, você precisa de algumas ferramentas básicas para trabalhar no carro sem sair de casa. Pensando na minha própria experiência, aqui vão as ferramentas que considero essenciais na garagem do entusiasta graxeiro.
WD40 e silvertape
Esse é o kit básico da mecânica de improviso. Se algo deveria se mover e não se move, basta algumas borrifadas do aromático WD-40. Se algo deveria estar fixo e não está, basta colar com umas voltas de silvertape — que, na verdade, se chama duct tape e tem várias cores além do prateado (silver).
Brincadeiras à parte, o WD40 pode ser usado para tantas coisas que a própria fabricante sugere mais de 2.000 aplicações para o produto. Entre elas estão lubrificar dobradiças e limitadores das portas do carro, limpar as capas de motores, borrachões de portas, tirar oxidação de para-choques cromados, auxiliar de partida em carros carburados, limpeza de ferramentas, lubrificação de alicates, desodorante, aromatizante de ambientes etc. Uma lata de 500 ml custa uns R$ 60.
Já a duct tape serve para aquelas emergências mais desesperadoras possíveis. Ela vai bem para reparar temporariamente mangueiras e tubos furados/quebrados/ressecados e segurar pedaços quebrados do seu carro além, é claro, de amarrar reféns pelos pulsos e mantê-los em silêncio por tempo suficiente para decidir o que fazer com eles.
Abraçadeiras de nylon/cintas plásticas/enforca gato/cinta Hellermann/tripinha/fitilhas/bagulho de prender coisas
Independente de como você chama esse negócio da foto acima, é importante ter um punhado deles em algum canto da garagem ou até mesmo no jogo de ferramentas do carro. Eles são a melhor pedida para organizar chicotes elétricos, mangueiras e linhas hidráulicas e substituir abraçadeiras originais quebradas. São baratinhos, não ocupam espaço e úteis em emergências, então não há por que não tê-los por aí.
Martelo de borracha
O martelo geralmente é associado à força bruta, mas às vezes é exatamente isso o que você precisa para colocar ou tirar certas as coisas do lugar. O martelo de borracha permite aplicar uma pancada bem dada sem o risco de amassar ou quebrar a peça-vítima da agressão. Com jeitinho dá até pra desamassar o capô ou um para-lama.
Alicates
Se o polegar opositor permitiu a evolução da nossa espécie, o alicate é a evolução do movimento de pinça das nossas mãos. O básico do básico é o alicate universal, também chamado de alicate comum, mas na garagem é legal ter ao menos um desses e um de pressão. Se você quiser estar pronto para qualquer parada, acrescente à lista um alicate de corte, um meia cana, e outro de descascar fios.
Jogo de chaves combinadas
Graças à padronização você consegue desmontar praticamente todos os componentes mecânicos do seu carro com um jogo de chaves combinadas. Na verdade, dois deles, pois os ingleses e americanos (e as marcas que têm força nesses mercados) são diferentes do resto do mundo e usam medidas do sistema imperial, em polegadas e seus múltiplos e frações. Com esses dois jogos — que não precisam ser muito extensos em tamanhos — você sempre terá a chave certa na gaveta.
Jogo de catraca e soquetes
O jogo de chaves combinadas serve para praticamente tudo, como dito antes, mas em certos casos você não terá espaço para girar a chave. É aqui que entram a catraca, os soquetes e seus extensores. Um desses casos é a remoção das velas de ignição. Outro caso é a tampa dos compartimento dos filtros de óleo de papel. Além disso, a catraca facilita também o aperto/remoção de outros parafusos.
Torquímetro
A maioria dos parafusos pode ser apertada usando o famoso olhômetro, mas alguns deles precisam ter o aperto preciso para não soltar por estar frouxo demais, nem quebrar por estar apertado demais.
O caso mais conhecido é o dos parafusos do cabeçote do carro, que têm ordem e torque corretos para ser apertados, mas além deles, é ideal usar um torquímetro para apertar as velas de ignição (que também têm torque correto) e as rodas do carro — especialmente em carros de maior desempenho.
“Jacaré”
Seu carro tem um macaco pois é a forma mais compacta de ferramenta capaz de elevá-lo para reparos rápidos. Contudo, se sua garagem for mais espaçosa que o porta-malas do seu carro, vale a pena investir em um jacaré e começar um zoologico com ajuda da papagaiada que fica dando palpites enquanto você trabalha.
Um bom modelo compacto custa menos de R$ 250 e já consegue elevar o carro a uma altura superior ao macaco original, sem contar na facilidade de uso — com meia-dúzia de alavancadas você faz o mesmo que centenas de milhares de voltas no macaco.
Cavaletes
Por melhor que seja seu jacaré ou macaco, você nunca deve se enfiar embaixo de um carro apoiado sobre uma ferramenta retrátil e manual. Para fazer serviços na parte de baixo do carro, você precisará apoiá-lo em cavaletes, que são peças com base fixa e projetadas para suportar o peso de um carro por longos períodos. São baratos e cabem em qualquer canto da garagem.
Jogo de bits
Eu poderia recomendar um jogo de chaves de fenda e chaves Philips, mas alguns carros usam chaves allen, torx e Thompson. O ideal, portanto, é comprar um conjunto de cada tipo de chave, mas isso pode sair bem caro dependendo dos tipos que você precisa.
Por isso, o básico mesmo é um jogo de bits com todos os tipos. A Makita, por exemplo, tem uma maleta bem completa, que inclui soquetes para uso em parafusadeiras elétricas e cabos com soquete hexagonal, que recebem todo tipo de bits. Um conjunto simples parte dos R$ 150 e os mais completos, de marca boa, você encontra por menos de R$ 400 e vem até com brocas de diversos tipos.
Transmissor OBD2
Se o seu carro tem módulos eletrônicos e foi feito depois de 1996, são grandes as chances de ele usar o protocolo OBD2 para comunicação entre a ECU e um computador de diagnóstico. Até dez ou quinze anos atrás, você precisava de programas caríssimos voltados especificamente a mecânicos profissionais para diagnosticar falhas e fazer a leitura de sensores do seu carro.
Agora, graças à evolução dos smartphones e aos sistemas operacionais avançados como iOS e Android, você pode comprar um transmissor OBD2 sem fio e conectá-lo ao seu smartphone (iOS só aceita wi-fi, Android usa bluetooth e wi-fi) rodando um aplicativo de diagnóstico.
Esta matéria foi sugerida pelo leitor Marcelo Marquez Franco. Se você quer mandar sua sugestão pra gente, entre em contato por este link.
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