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Mercado e Indústria

As peruas que eu compraria usadas em 2023

Houve uma época, na já distante década de 1990, em que uma família em busca de um carro novo não procurava outra coisa se não uma perua. As station wagons eram o carro familiar por excelência: tinham espaço de um sedã com um porta-malas mais conveniente para levar tudo o que uma família precisava durante as férias.

Toda marca tinha a sua. A Fiat tinha a Elba e Tempra SW, depois a Palio Weekend e Marea Weekend. A Volkswagen tinha a tradicionalíssima Parati, a espaçosa Quantum e a moderna Passat Variant. A Chevrolet também chegou a ter três modelos convivendo em certo ponto: Suprema, Ipanema e Corsa Wagon. A Ford teve Royale e, depois, Mondeo SW e Escort SW. Peugeot e Citroën vieram com 306 e Xsara Break. Isso, claro, para ficar só nas nacionais/mercosul.

Essa tendência das peruas se manteve até a década seguinte, mas, à medida em que o Ford EcoSport e similares começaram a mostrar que era possível ter um SUV com o visual de SUV, mas com a facilidade de uso de um carro de passeio convencional, as peruas começaram a definhar e, aos poucos, desapareceram do mercado. Hoje, o pai de família que quer um station wagon, vai para os SUV porque foi o que sobrou.

A extinção das peruas, contudo, é coisa recente. Para aqueles que ainda querem resistir aos SUV, o mercado de usados ainda tem algumas opções. São poucas, mas elas ainda existem. Na minha busca pelo próximo carro, cheguei a considerar uma delas — mesmo não precisando do espaço e da conveniência que elas proporcionam — e, como elas ainda são procuradas por uma parte do mercado, decidi fazer a lista das peruas que eu coloquei na minha wishlist.

6 carros usados que eu compraria em 2023

 

Até R$ 55.000 – Volkswagen Spacefox/Space Cross e Jetta Variant

Sim, a perua com jeito de minivan seria minha escolha aqui. Primeiro, porque ela é a perua compacta mais moderna e mais nova que há disponível nessa faixa de preço — afinal é um projeto de 2003 que foi atualizado até 2018. A Megane Gran Tour, por exemplo, chegou ao mercado europeu em 2002 e saiu de linha em 2013. Fiat Palio Weekend é de 1997 e a Toyota Corolla Fielder, embora seja um carro robusto, é muito difícil de se encontrar e um tanto caro pela idade.

Depois, porque ela tem um acabamento razoável, e um conjunto mecânico igualmente moderno que passou batido no ciclo de produto da SpaceFox e, mesmo não sendo dos mais fáceis de se encontrar, vale a pena procurar. Estou falando das versões equipadas com o motor 1.6 MSI 16v e câmbio manual de seis marchas — a Highline e a Space Cross 2015/2016. Na prática é o mesmo motor de 120 cv do Polo, porém com o câmbio de seis marchas.

Por ser uma versão de topo, ela terá o volante multifuncional, computador de bordo, rádio com boa conectividade e sistemas de segurança desejáveis em um carro para 2023. No fim das contas, seria minha escolha por ser um carro moderno, com desempenho e conforto muito próximos com o de um Polo MSI mais recente, porém custando menos que um carro de entrada.

Como alternativa, consideraria um Jetta Variant pós-facelift, 2010 a 2012. São mais antigos, mas você troca alguns anos por 50 cv extras, mais espaço, mais equipamentos, câmbio automático e, claro, o ronco do motor cinco-cilindros. Há vários deles por preços interessantes, embora a maioria não tenha o teto panorâmico, que é um argumento de venda fortíssimo e um grande fator de valorização.

 

Até R$ 85.000 – Volkswagen Golf Variant e Volvo V60 T5

Sim, mais Volkswagen. Não é pessoal, é que não há muito além disso para comprar. A Volkswagen foi a última fabricante (ao lado da Volvo, Audi e Mercedes) a insistir nas peruas até o fim, então é natural que existam mais delas no mercado de usados. E a Golf Variant é uma das minhas favoritas. Sim, ela já tem mais de cinco anos, mas ainda é um carro bem equipado mesmo para os padrões de 2023.

O motor 1.4 TSI e o câmbio automático ainda é usado pela Volkswagen no T-Cross e Taos, e existe a versão 1.4 TSI manual, mais rara, mas não mais cara. A plataforma MQB é a mesma usada em toda a linha nova da Volkswagen — em uma variação mais antiga, eu sei, mas ainda é a MQB. A lista de equipamentos também tem tudo o que se espera de um carro de família novo, do sistema multimídia ao isofix para assentos infantis, airbags auxiliares e, em alguns casos, teto panorâmico.

A dica aqui é comprar os modelos 2017 ou posteriores, pois neste ano a Volkswagen deixou de usar o câmbio DSG de 7 marchas, com embreagem seca e que vai te dar problemas, e colocou o Tiptronic de seis marchas da Aisin, mais confiável. Se for pegar o manual, qualquer ano serve. Seria a minha opção, aliás.

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Como alternativa a ele, há o Volvo V60 T5. Não aquele da atual geração, com o martelo de Thor iluminando seu caminho, mas o anterior. É uma perua que não envelheceu, apesar dos mais de 10 anos do design básico e, como a Golf Variant, também tem tudo o que se espera de um carro moderno — múltiplos airbags, motor turbo de 245 cv, bancos com ajuste elétrico, multimídia, teto solar, etc.

Agora, com o Volvo V6 você também precisa ter atenção na hora de escolher: esse modelo foi vendido de 2012 a 2018 no Brasil. Os modelos anteriores a 2015 tinham câmbio automatizado de embreagem dupla banhada em óleo. Era uma derivação do câmbio de embreagem seca da Ford, o temido Powershift. Ele também teve problemas crônicos e, por isso, os carros T5 de 2012 a 2014 não são recomendados. Em 2015 a Volvo passou a usar uma caixa automática convencional, de oito marchas e resolveu o problema.

Nessa faixa de preço, você encontrará os modelos 2015 e 2016, com o motor 2.0 turbo de quatro cilindros — que também é novidade nessa atualização do modelo, substituindo o antigo 2.0 turbo de cinco cilindros.