Nesta semana, enfim, a Volkswagen apresentou o Polo esportivo para o Brasil, ressuscitando a clássica sigla GTS. Com motor 1.4 turbo TSI de 150 cv, câmbio automático de seis marchas, visual inspirado no GTI vendido lá fora e recheado de equipamentos, ele pode até deixar a sensação de “potencial desperdiçado”. Mas é um carro adequado (em preço, inclusive) para o mercado no momento. A Volkswagen não costuma dar ponto sem nó – quase nunca.
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O caso é que, sendo um “de verdade” ou não, O VW Polo GTS é tecnicamente a primeira versão esportiva brasileira do Polo, mesmo que o modelo já esteja em nosso mercado há quase duas décadas e meia. Como você deve lembrar, sua chegada ao Brasil aconteceu em 1996, quando o Polo Classic, parte da terceira geração do modelo, começou a ser importado da Argentina para substituir o primeiro Voyage e o Logus, visto que a Volks optou por não dar ao Gol “bolinha” a carroceria sedã.
O Polo Classic sobreviveu em nosso mercado até 2002, quando foi substituído pelo Polo Mk4 – agora nacional. Este foi produzido até o ano de 2014, e só em setembro de 2017 deu lugar à sexta e atual geração, novamente alinhando-se com o restante do mundo. E a única versão esportiva que tivemos neste tempo todo (esportiva, de fato) foi uma pequena série do GTI Mk4, importado para cá em meados dos anos 2000 como carro de imagem (ou halo car) – uma versão disponibilizada para atrair entusiastas às lojas e, com sorte, converter esta atração em vendas das variantes mais simples.
Agora que o GTS vem trazer algo mais concreto neste aspecto, achamos que esta é uma boa hora para falar sobre as outras versões esportivas que o Polo teve ao longo de sua vida, da primeira geração à atual.
Polo GT Mk1
A primeira geração do VW Polo foi lançada um ano depois do primeiro Golf, em 1975, e ficava um degrau abaixo dele na linha da fabricante alemã. Desta forma, ele não teve direito à injeção eletrônica em sua primeira versão esportiva, que chegou em 1979 – e, por isto, em vez de Polo GTI, ele se chamava “Polo GT”.
Coincidindo com o primeiro facelift do Polo, que ganhou grade e para-choques plásticos, o Polo GT trazia um motor 1.3 (1.272 cm³) com comando no cabeçote (que era de alumínio), carburador Pierburg 2E3, 60 cv a 6.000 rpm, câmbio manual de quatro marchas e a capacidade de acelerar de zero a 100 km/h em 12,9 segundos, com máxima de 154 km/h. Não era um carro extremamente rápido, mas pesava 779 kg e oferecia uma experiência ao volante extremamente orgânica (como qualquer hatchback pequeno da época, na verdade). O minúsculo entre-eixos de 2.335 cm³, menor que o do Fusca, também devia fazer sua parte. O Polo GT original foi fabricado de 1979 a 1981, e é bastante raro.
Polo G40 Mk2
Foi só na segunda geração, e apenas em 1987, que a coisa começou a ficar mais séria. Naquele ano a VW apresentou o Polo G40, que trazia um motor sobrealimentado – mais precisamente, um 1.3 com injeção multiponto, supercharger do tipo G-Lader (um compressor compacto, que por fora se parece com um turbo e utiliza dois canais em formato de espiral para empurrar mais ar para dentro do motor) capaz de entregar 113 cv a 6.000 rpm e 15,3 kgfm de torque.
Com quase o dobro da potência do Polo GT, o G40 Mk2 também tinha desempenho exponencialmente superior: ele ia de zero a 100 km/h em 8,1 segundos, e era capaz de chegar aos 196 km/h.
E ele valia-se do maior refinamento em design, construção e acabamento da segunda geração, tinha visual mais adequado a um esportivo, e ainda serviu como plataforma de testes para o supercharger G-Lader, que mais tarde foi usado pelo Golf e pelo Corrado em suas versões G60.
Em 1991, com o primeiro facelift do polo Mk2, o G40 foi atualizado com um visual ainda mais especializado, incluindo molduras pretas nos para-lamas, rodas BBS de 13×5,5 polegadas e uma versão atualizada do motor 1.3 supercharged, que rendia melhor em baixas rotações. O aumento de peso, porém, aumentou o tempo de zero a 100 km/h par 8,6 segundo (0,5 segundo a mais), embora a velocidade máxima tenha se mantido nos 196 km/h.
Polo GTI Mk3
A terceira geração do Volkswagen Polo – como lembramos, a primeira a desembarcar no Brasil, apenas como sedã – trouxe o primeiro GTI da linha, mostrando o amadurecimento do carro. Baseado em uma versão simplificada da plataforma do Golf Mk3 (que, embora tenha sido bem sucedido, é considerado por alguns entusiastas como o elo mais fraco na história do Golf), o Polo ficou mais refinado e ainda melhor acabado.
A versão GTI era movida por um novo motor 1.6 16v com comando de válvulas variável. Com 125 cv a 7.200 rpm e 15,5 kgfm de torque a baixas 3.000 rpm, ele foi na época o Polo mais potente de todos os tempos, e seu visual foi moldado à altura, com para-choques exclusivos, grade com padrão “favo de mel”, rodas BBS 2-piece de 15 polegadas (que abrigavam freios a disco na dianteira e na traseira), faróis de xenônio, saias laterais maiores e, por dentro, decoração exclusiva que incluia bancos Recaro com insertos em vermelho.
O Polo GTI ia de zero a 100 km/h em 8,3 segundos, com velocidade máxima de 195 km/h. E ele ainda vinha equipado com ar-condicionado automático, volante revestido em couro, freios ABS com EBD e até mesmo um navegador por GPS como opcional.
Polo GTI Mk4
O Volkswagen Polo GTI Mk4 trouxe, novamente, um motor sobrealimentado – desta vez, porém, com um turbocompressor. Ele foi lançado apenas em 2005, quatro anos depois da descontinuação do GTI Mk3, talvez porque a Volkswagen estivesse caprichando mais em seu desenvolvimento.
De fato, a plataforma totalmente nova trouxe também mecânica completamente distinta – agora, o GTI era movido pelo mesmo motor 1.8 turbo (operando a 0,5 bar) com cabeçote de 20 válvulas usado pelo Golf GTI Mk4, com 150 cv a 7.000 rpm e 22,4 kgfm de torque entre 1.950 e 4.500 rpm. Era um motor mais elástico e torcudo que, aliado a uma caixa manual de cinco marchas com relações exclusivas, ele era capaz de levar o hot hatch de zero a 100 km/h em 8,2 segundos, com máxima de 212 km/h.
Embora não tivesse o diferencial com autoblocante, o Polo GTI Mk4 não decepcionava nas curvas graças ao excelente acerto de suspensão, que era mais baixa e firme, e às rodas de 16×6,5 polegadas calçadas com pneus 205/45.
O Polo GTI Mk4 acabou vendido no Brasil em quantidade limitadíssima – 30 exemplares de duas portas, importados oficialmente em outubro de 2006, já como modelo 2007, um mês após a reestilização do Mk4 no Brasil. Como já dissemos mais acima, sua missão era a de ser um halo car. E ela foi muito bem cumprida: todos os 30 exemplares foram vendidos (mesmo com o preço de R$ 99.500, maior que o de um Golf GTI fabricado no Brasil) e a Volkswagen prometeu manter o programa de importação sob encomenda, ainda que depois tenha voltado atrás. Mas nós conhecemos alguns relatos de pessoas que acabaram comprando um Polo GT – de visual parecido, porém equipado com motor 2.0 de 120 cv – por influência (e indisponibilidade) do GTI.
Polo GTI Mk5
O Polo Mk4 foi vendido no Brasil até 2014 – nós pulamos a quinta geração, que foi lançada lá fora em 2009 e produzida até 2017. O que é uma pena, pois o GTI Mk5 era um carro interessantíssimo.
Na época do lançamento, ele usava uma versão de 180 cv do motor 1.4 TSI, com o pico de potência chegando às 6.000 rpm, mais 25,5 kgfm de torque entre 2.000 e 4.500 rpm. A força era moderada pelo câmbio DSG de dupla embreagem e sete marchas, e era suficiente para levá-lo de zero a 100 km/h em 6,9 segundos, com máxima de 229 km/h. O carro agora tinha rodas de 17 polegadas com pneus 215/40, e trazia um diferencial com autoblocante eletrônico.
A partir de 2015, o Polo GTI foi reestilizado e passou a contar com 192 cv entre 4.300 e 6.200 rpm, além de 32,6 kgfm de torque entre 1.450 e 4.200 rpm – além disso, o câmbio manual de seis marchas passou a ser item de série, enquanto a transmissão DSG de sete marchas tornou-se opcional (com ela, o torque antigo de 25,5 kgfm permanecia). O tempo de zero a 100 km/h caiu para 6,7 segundos e a velocidade máxima aumentou para 235 cv. E foi assim que o GTI permaneceu até 2017, quando a nova geração foi lançada.
Polo R WRC
Mas o Polo GTI Mk5 não foi o único membro da família: em 2013, para homologar a versão de competição para o WRC, a Volkswagen produziu 2500 exemplares do Polo R WRC.
Em vez do motor 1.4 TSI, o Polo R WRC tinha o motor 2.0 TSI emprestado do Golf GTI, recalibrado para entregar 220 cv entre 4.500 e 6.300 rpm e 35,7 kgfm de torque entre 2.500 e 4.400 rpm. Oferecido exclusivamente com câmbio manual de seis marchas, o Polo R WRC era capaz de ir de zero a 100 km/h em 6,4 segundos, com máxima de 243 km/h.
Esteticamente ele destacava-se pelos adesivos em azul, pelo spoiler mais avantajado na traseira, e pelo belo conjunto de rodas de 18 polegadas com pneus 215/35.
Polo GTI Mk6
Eis a inspiração para o nosso Polo GTS: o atual GTI, apresentado ainda em 2017. Usando uma versão ligeiramente amansada do motor 2.0 TSI do Golf GTI Mk7, ele dispõe de 200 cv e 32,6 kgfm de torque, a princípio acoplado exclusivamente a uma transmissão de dupla embreagem e seis marchas. Segundo a VW, é o bastante para ir de zero a 100 km/h em 6,7 segundos, com máxima de 237 km/h.
Em novembro de 2018 a Volks decidiu dar ao Polo GTI a opção pelo câmbio manual de seis marchas, atendendo à demanda do público. Talvez tenha sido também uma reação às avaliações da imprensa estrangeira, que consideraram o desempenho do carro “dócil” demais: correto, veloz, mas sem transmitir ferocidade ou empolgação. Um carro maduro. É uma pena que a VW tenha desistido dos ralis, pois um Polo R Mk6 não seria má pedida.