FlatOut!
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Sessão da manhã

Aumente o volume e curta o ronco das Ferrari icônicas da Fórmula 1 em Mugello

A Ferrari é bastante exigente ao selecionar os privilegiados clientes que ficarão com seus supercarros mais caros, potentes e exclusivos – o fato de ter uma 488 GTB (o cupê de entrada da marca), por exemplo, não te dá o direito de entrar na fila por uma Ferrari FXX K, não importa o tamanho da sua conta bancária. Você precisa merecer uma dessas e, se for um cara influente, experiente e bem relacionado em Maranello, suas chances são maiores.

E o que vem com o privilégio de ter uma FXX K ou qualquer um dos outros supercarros de pista que a Ferrari já fez? A possibilidade de participar de um Ferrari Corse Clientitrack day de luxo no qual você poderá explorar o potencial máximo de sua Ferrari, com o suporte de uma equipe de mecânicos altamente especializados e toda a estrutura dos melhores autódromos do planeta. Mais do que isto: com a presença de carros de Fórmula 1 históricos da Scuderia Ferrari – e a chance de dar algumas voltas neles.

Pois é: se você participa do Ferrari Corse Clienti, você provavelmente é dono de alguma das Ferrari do programa, que começou em 2005 com a FXX (baseada na Ferrari Enzo), seguida da 599XX (baseada na 599 GTB Fiorano) e, por fim, da FXX K, uma LaFerrari que não pode rodar nas ruas e tem nada menos que 1.050 cv em seu conjunto híbrido de motor V12 naturalmente + motor elétrico.

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O Corse Clienti é um evento itinerante e, em sua edição mais recente (na semana passada), foi realizado no circuito italiano de Mugello, na região da Toscana. Com seus mais de 5,2 km de extensão, 15 curvas e uma longa reta de mais de 1.100 metros, trata-se de um palco excelente para esticar as pernas de uma Ferrari, seja ela um especial de track day ou um monoposto da elite do automobilismo.

Considerando o nível de exclusividade dos Corse Clienti, é natural que o acesso ao circuito seja restrito durante o evento. Contudo, alguns youtubers com bons contatos têm o privilégio de conferir tudo de perto. Graças a eles, podemos ver um desfile de Ferrari FXX K em Mugello:

A FXX K usa um motor elétrico em conjunto com seu V12 aspirado de 6,3 litros o tempo todo, e não para economizar combustível (embora isto acabe acontecendo), mas sim para conseguir uma dose extra de potência. Com seus 1.050 cv, ela leva “menos de três segundos” para chegar aos 100 km/h. Só fizeram 40 exemplares, e dez deles estiveram em Mugello para o Corse Clienti – ou seja, 25% de todas as FXX K.

Quer algo ainda mais exclusivo? Então toma: a própria Scuderia levou para Mugello a Ferrari 312B com a qual Clay Regazzoni competiu em 1970. Foi o primeiro monoposto da Ferrari a usar o então novo motor flat-12 (não é um boxer, e sim um V12 de 180° – entenda a diferença aqui) de três litros naturalmente aspirado capaz de entregar 450 cv e girar a 11.600 rpm. Com este carro, Regazzoni venceu o GP da Itália de 1970 e, com mais três vitórias do colega Jacky Ickx, a Scuderia ficou com o vice-campeonato naquele ano.

E não foi só isto. A Ferrari também deu destaque aos carros com motor V8, V10 que correram na Fórmula 1 na década passada, era de ouro para a Scuderia. Com a Ferrari F2001 e seu motor V10 de três litros capaz de girar a 18.500 rpm, Michael Schumacher conquistou seu quarto título mundial. Rubens Barrichello, no carro nº 2, ajudou a Ferrari a conquistar também o campeonato de construtores. A F2002, sucessora da F2001, também estava lá – com ele, a Ferrari venceu 15 das 19 corridas disputadas entre 2002 e 2003 e Schumacher conseguiu seu quinto título, enquanto a equipe conquistava seu 12º.

Os V8 também tiveram seu espaço. O motor de 2,4 litros aspirado da Ferrari F2007, com a qual Kimi Räikkönen conquistou seu único título, em 2007, é capaz de entregar mais de 800 cv e girar a 19.000 rpm. Seu ronco pode não ser tão agudo quanto o dos V10 e V12 (que não estavam presentes desta vez), mas também são muito mais viscerais do que os atuais V6. E a própria Ferrari sabe disto, ou não teria levado seus carros antigos até Mugello, não é mesmo?

Aliás, a Ferrari F2007 foi um dos últimos carros da Scuderia a não contar com nenhum tipo de sistema de recuperação de energia – ao lado de seu sucessor, o F2008 (que quase deu a Felipe Massa seu primeiro título pela equipe italiana), é um dos últimos F1 “puros” da Ferrari.